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Guilherme Maluf pagou R$ 16 milhões pela presidência da AL-MT, diz Silval em delação

Da Redação - Érika Oliveira

O deputado estadual Guilherme Maluf (PSDB) pagou cerca de R$ 16 milhões a deputados estaduais, a fim de garantir apoio para que a chapa encabeçada por ele assumisse a Mesa Diretora nos anos de 2015 e 2016, período em que o tucano presidiu o Parlamento. A informação faz parte do acordo de colaboração premiada firmado entre o ex-governador Silval Barbosa (PMDB) e a Procuradoria-Geral da República (PGR).

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“Romoaldo Junior e Mauro Savi reclamaram com o colaborador [Silval] em não ter ajudado financeiramente na eleição da Mesa, pois eles (Romoaldo e Mauro) disseram que Guilherme Maluf teria acertado com os deputados estaduais em torno de R$ 16 milhões para assumir a Mesa”, narrou Silval.

De acordo com o delator, em 2014, quando teve início a disputa pela Mesa Diretora, os deputados estaduais Romoaldo Junior (PMDB) e Mauro Savi (PSB) lhe procuraram para pedir ajuda financeira. “Ambos os deputados reclamaram para o colaborador em oportunidades distintas que estavam sem dinheiro para pagar os deputados para o apoio”, afirmou.

Silval contou à PGR que tomou conhecimento do esquema de compra de votos dos deputados em 2002, quando ocupava o cargo de deputado estadual.

“A maioria dos deputados recebeu vantagens indevidas para votar na Mesa Diretora, sendo que os valores pagos para os deputados da época geralmente se referiam a quitação de dívidas de campanha eleitoral. Para alguns as entregas eram em dinheiro”, revela Silval em trecho da delação.

Silval revelou, ainda, que a construção da atual sede da Casa de Leis, no Centro Político Administrativo (CPA), serviu para gerar desvios milionários que foram parar nos bolsos do empresário Valdir Piran, hoje réu na “Operação Sodoma 5”.

O deputado Guilherme Maluf também aparece em outro trecho da delação, quando Silval revelou a existência do pagamento de um “mensalinho” para garantir apoio à sua gestão no Governo do Estado.

Como evidência, Silval forneceu vídeos dos parlamentares estaduais recebendo dinheiro em espécie. Todavia, Maluf não aparece em nenhuma das imagens que foram divulgadas até agora.

Silval governou Mato Grosso de 2010 a 2014. Ele foi preso em 2015 na operação Sodoma, que investiga crimes de fraudes na concessão de incentivos fiscais do Estado. Desde junho, porém, está em prisão domiciliar. No acordo assinado com a PGR, o ex-governador recebeu multa de R$ 70 milhões. Inicialmente os investigadores solicitaram o valor de R$ 150 milhões.

Outro lado

Em nota, Maluf afirmou que as declarações de Silval são “descabidas e mentirosas” e que todos os entendimentos a respeito da escolha da Mesa Diretora, na qual ocupou o cargo de presidente, foram feitos de forma republicanas, “assegurando espaço a todos os deputados numa gestão compartilhada dos destinos da Casa de Leis”.
 
Além disso, Maluf reafirmou que as acusações feitas por Silval Barbosa “são parte da estratégia de defesa do ex-governador para escapar da prisão”.
 
Veja a íntegra da nota:
 
São mentirosas e descabidas as acusações do delator Silval Barbosa a respeito de uma suposta compra de votos para a eleição da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa.
 
Fui eleito presidente em 2015 com 23 dos 24 votos dos colegas parlamentares, o que mostra uma eleição consensual e portanto sem disputa de chapas.
 
Todos os entendimentos foram feitos em bases absolutamente republicanas, assegurando espaço a todos os deputados numa gestão compartilhada dos destinos da Casa de Leis.
 
Acusações levianas, sem provas e baseadas em ilações ou suposições do tipo “fiquei sabendo por terceiros” não podem ser levadas a sério, até porque são parte da estratégia de defesa do ex-governador para escapar da prisão.
 
Continuo à disposição para quaisquer esclarecimentos e confio na Justiça, que restabelecerá a verdade dos fatos.
 
Deputado Estadual Guilherme Maluf (PSDB)



Veja a íntegra da delação.
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