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Com flores, cantos e poemas, militantes marcham por Haddad: “Ainda temos esperança”

Da Redação - Isabela Mercuri

Militantes do Partido dos Trabalhadores (PT) e outras pessoas favoráveis à eleição de Fernando Haddad participaram, na manhã deste sábado (20), da ‘Caminhada Paz e Democracia’. Marcado para às 8h da manhã, com saída e concentração na Igreja Nossa Senhora dos Passos, o evento chegou até a Praça da República, onde os presentes recitaram poesias, entoaram cantos e entregaram flores brancas. Nos rostos e discursos, todos afirmavam que ainda tinham esperanças.



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Vania Miranda foi uma das presentes, junto à sua mãe, Deci Miranda Luz, de 80 anos. Para ela, o maior medo caso o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, vença as eleições, é o fim da democracia. “A democracia foi uma grande conquista, milhares de pessoas estiveram na rua, milhares de pessoas doaram a vida pra que nós garantíssemos a democracia, e o maior medo neste momento é perdê-la, perder a liberdade, perder os direitos. Nós somos pelo amor”, afirmou. Deci, por sua vez, disse que não quer armas, e sim, liberdade.



Uma camiseta verde e amarela, da seleção brasileira, destoava das bandeiras vermelhas no meio da praça. Quem a vestia era Fátima Melo, formada em direito, mas que trabalha como assessora sindical. Apesar do vestuário ‘típico’ de seus adversários políticos, ela – que contou ser PT desde os cinco anos de idade – afirmou que é necessário ‘recuperar’ as cores da bandeira.

“Eu sou brasileira. As cores da bandeira são do nosso país, e não de nenhum partido. O vermelho é do partido PT, e eu sou PT desde os meus cinco anos de idade, mas vim de verde e amarelo pra mostrar que nós somos Brasil, e o Brasil não tem partido. O Brasil não tem religião”, afirmou. A militante conta que tem tentado, nos últimos dias, nas ruas e nas redes sociais, ‘alertar’ a população. “Porque [o Bolsonaro] é uma pessoa contrária à nossa democracia, é uma pessoa que não nos representa, não representa a classe trabalhadora. É uma pessoa que representa as multinacionais, os grandes empresários e os interesses de outros países, que não o nosso”.



Apesar das pesquisas mostraram uma possível derrota nas urnas, ela ainda acredita na virada. “Eu acho que as fake news colocaram muito medo na população, principalmente na classe trabalhadora. E agora, ainda bem que a máscara está caindo, ainda bem que as pessoas estão vendo que isso já aconteceu no passado, e o PT governou por 13 anos e não aconteceu nada daquilo que eles falam, então nós temos que abrir os olhos e alertar a nossa população, alertar os trabalhadores do risco que a nossa democracia está correndo”.

Para o coordenador da campanha de Fernando Haddad em Mato Grosso, e um dos organizadores do ato, Carlos Abicalil, lembrar do ‘escândalo’ do caixa 2 da campanha de Bolsonaro, denunciado pela Folha de São Paulo na última quinta-feira (18), será uma das estratégias de campanha nesta última semana.

Carlos Abicalil (Foto: Olhar Direto)

“Nós seguiremos, primeiro, a estratégia da denúncia do caixa 2, do crime eleitoral, da corrupção, da opulência de ricaços endinheirados financiando a campanha desde o exterior, da ingerência externa na eleição brasileira, que é gravíssimo. Um processo que está ocorrendo já em outras repúblicas e que tem gerado problemas muito sérios”. Além disso, Abicalil afirma que o PT pretende continuar uma campanha propositiva. “Desde o primeiro turno nós fazemos uma campanha propositiva, fazendo um debate sincero com a população, uma memória daquilo que nós vivemos nos períodos do PT, que é muito diferente dos últimos dois anos conduzidos pelo Temer com apoio do Bolsonaro e de toda sua turma. Essa memória, é necessário que a população tenha. Também faremos o combate às fake news, às notícias falsas que comprovadamente tinham uma matriz nesse ninho do ódio, da intolerância, da opulência, nesse ninho da discriminação, que nós entendemos não é o coração da maioria do povo brasileiro. Seguiremos, portanto, apelando ao voto do sentimento, da emoção, mas também ao voto da razão, daqueles que desejam ter um país pacificado com a convivência entre as diferentes opiniões, as diferentes manifestações. Um país que respeita todas as crenças, um país que respeita as instituições democráticas, um país que deseja que a gente viva numa convivência que seja pacífica, que a gente possa se abraçar sem temer que o outro tenha contra nós uma prática de violência, de agressão gratuita, por nada”.

Apesar da possibilidade, apontada por alguns juristas, da impugnação da chapa de Jair Bolsonaro e Hamilton Mourão em decorrência das denúncias de Caixa 2, Abicalil afirma que o partido quer ganhar nas urnas. “Não abandonamos a legalidade. Em toda sua história, desde sua fundação, o PT disputou eleições com distintas regras, sempre dentro da legalidade. Quando perdemos e quando ganhamos. E é por isso que estamos batalhando pela defesa da democracia”.





Richard Kennedy, 24, que também esteve presente na manifestação, apontou outro medo: “A morte dos meus. A morte dos negros e LGBTs. E eu acho que é por isso que eu estou aqui na manifestação. Mas por todas as minorias, mulheres, soropositivos, ele é contra tudo isso... então a gente tem que resistir”.



Ele contou que, na última Parada Gay de Cuiabá, foi ofendido por eleitores de Bolsonaro, que o xingaram, gritaram e fizeram ‘armas’ com as mãos. “Não é ele quem faz. Ele dá discurso e a galera age. Não tenho medo dele, eu tenho medo dos eleitores dele”, afirmou.

A Caminhada Paz e Democracia ainda percorreu a 13 de junho e algumas ruas do Centro Histórico. Para este domingo (21), está programado um ato de apoiadores de Bolsonaro contra do PT, também na Praça da República.
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