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MP promete auditoria externa, mas AL não descarta CPI da Grampolândia

Da Reportagem Local - Érika Oliveira/ Da Redação - Lucas Bólico

O procurador geral de Justiça, José Antonio Borges, informou aos deputados estaduais que o Ministério Público realizará auditoria externa a fim de passar a limpo as informações prestadas na última semana em depoimentos da Grampolândia Pantaneira que apontaram suposta participação de promotores que atuavam no Gaeco em inserção de números de telefone por meio de barriga de aluguel no sistema de interceptação telefônica.

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Borges compareceu ao Colégio de Líderes da Assembleia nesta terça-feira a convite dos deputados estaduais. Ao final da reunião, o presidente Eduardo Botelho (DEM) afirmou que os esclarecimentos prestados foram satisfatórios, mas avaliou ser muito cedo para descartar a instalação de uma CPI dos Grampos, como começou a ser cogitado na última semana.
 
“Cada deputado vai fazer o seu julgamento e nós vamos aguardar. Isso não precisa ser tomado agora, o procurador foi muito esclarecedor, se comprometeu a fazer uma investigação muito dura em cima do próprio Ministério Público. Então ai eu acho que foi bem esclarecedor para os deputados, agora, se vai ter CPI ou não vai ter CPI eu não posso responder isso. CPI é composta por oito assinaturas. No momento, parece que não, mas não posso garantir nada porque o tempo pode mudar”, afirmou Botelho.
 
Borges informou que em nenhum momento da conversa o tema CPI foi abordado. “Até porque isso é uma decisão política deles [deputados]”, justificou. “Esclarecemos quais são as providencias que nós estamos tomando a partir do momento em que foi quebrado o que era de confidencial em relação à delação premiada que tentou com doutor Domingos Sávio. A defesa do Policial Militar Gerson Correia Junior afirmou que a negativa de acordo de delação premiada no Ministério Público ocorreu porque Sávio não quis “cortar a própria carne”.
 
“O que nós temos de Grampolândia que aconteceu até o momento foi lá em Cáceres. Do Ministério Público, em relação ao Gaeco, nós vamos ver se aconteceu dessa forma, do jeito que foi trazido pelo cabo Gerson”, disse Borges. De acordo com ele, Domingos não teria aceitado delação pelo fato de o cabo trazer situações que não tem pertinência temática com relação à Grampolândia.

A auditoria externa prometida pelo chefe do MP deve ser prestada pela empresa que fornece sistema o guardião, que informará se houve interceptação ilegal feita pelo Gaeco. Os custos da auditoria ainda não foram levantados e serão bancados pelo Ministério Público.
 
“Deu a entender que os deputados ficaram bem convencidos. Agora, eu não posso dizer e nem vou cobrar isso dos deputados, porque isso é uma posição individual de cada um”, finalizou Botelho sobre a CPI. “Ele apresentou que vai investigar, que vai contratar uma auditoria externa, inclusive para auditar, para fazer a investigação em cima do que ele acha necessário e que ele vai manter sempre informados os resultados disso, foi isso que ficou definido, mas não tem definição nenhuma”, completou.
 
Placa de escutas

Na semana passada meio a público a informação de que o ex-secretário-chefe da Casa Militar, coronel Evandro Alexandre Ferraz Lesco, revelou que uma placa utilizada para realizar interceptações telefônicas ilegais em Mato Grosso foi doada à Polícia Militar pelo ex-procurador-geral de Justiça, Paulo Prado. Já o ex-comandante-geral da Polícia Militar, coronel Zaqueu Barbosa, afirmou que recebeu a placa do coronel Celso Barboza, falecido em março de 2016. 
  
Botelho disse que Borges ressaltou a contradição nos depoimentos e que isso será investigado. Ao sair do Colégio de Líderes, o chefe do MP ressaltou a conduta de Prado. “O nosso respeito ao doutor Paulo, pelo histórico dele dentro do MP e o meu respeito com todos os promotores que atuam lá”.
 
Depoimentos
 
Na terça-feira (16) foram reinterrogados o ex-comandante da Polícia Militar de Mato Grosso, Zaqueu Barbosa, e o coronel Evandro Lesco. Os dois confessaram crimes na chamada ‘Grampolândia Pantaneira’, com o envolvimento de membros do Ministério Público e políticos, entre eles Pedro Taques e Paulo Taques.
 
Os depoimentos seguiram nesta quarta-feira (17), quando o juiz da Décima Primeira Vara Criminal Especializada em Justiça Militar de Cuiabá, Marcos Faleiros, e os juízes militares ouviram o cabo da Polícia Militar Gerson Corrêa Júnior, que citou nomes de mais promotores que atuavam no Gaeco e teriam ordenado a inserção de números de telefone por meio de barriga de aluguel no sistema de interceptação telefônica.
 
Veja os depoimentos na íntegra de Zaqueu e Lesco e de Gerson.
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