Imprimir

Notícias / Cidades

Ex-chefe da Defaz, delegada cita pressões e afirma que é preciso coragem para enfrentar ‘figurões’

Da Redação - Wesley Santiago

Ex-titular da Delegacia Fazendária (Defaz), a delegada Maria Alice Barros Martins Amorim, que hoje está à frente do Sindicato dos Delegados de Polícia de Mato Grosso (Sindepo), relatou em entrevista ao Olhar Direto as dificuldades e pressões que enfrentou enquanto esteve à frente da unidade, que chegou a prender até o ex-governador Silval Barbosa e diversos membros de alto escalão de distintos governos. Segundo ela, é preciso ter coragem para enfrentar os ‘figurões’.

Leia mais:
Juíza compartilha provas com a Receita sobre rombo de R$ 7 milhões na gestão Silval Barbosa
 
“Tive a honra de estar à frente da Defaz nos dois últimos anos. Mas a minha formação de todo período em que trabalhei, foram 15 anos na Fazendária e na Delegacia de Meio Ambiente (Dema). Aquela referencia de investigação mais forte na minha formação é combatendo crime contra a administração pública e de ordem tributária”, disse a delegada.
 
Maria Alice ainda pontua que a unidade é bastante sensível para a polícia. Isso porque é um local onde há a oportunidade de contribuir para que as coisas sejam feitas de forma correta. “Houve muito desgaste, sofremos muito com as investigações. Tem o desgaste pessoal, a pressão do próprio trabalho. Não são pessoas, é o próprio rito, o ritmo. São oportunidades únicas da vida”.
 
Em 17 de setembro de 2015, dois dias depois de deflagrada a “Operação Sodoma”, a Delegacia Fazendária (Defaz) prendia pela primeira vez na história de Mato Grosso um ex-governador do Estado. Ainda hoje não se sabe onde estava Silval da Cunha Barbosa no momento de sua prisão.
 
Isso porque o ex-governador era aguardado na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), onde participaria da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos incentivos fiscais. Porém, por algum motivo não revelado até hoje, não apareceu e evitou uma prisão quase que cinematográfica dentro da Casa de Leis.
 
No currículo da delegada, também estão as prisões de diversos membros do alto escalão da prefeitura e do Estado. Por conta disto, Maria Alice afirma que é preciso ter coragem para estar na Defaz. “Se tiver medo, diminuir-se ao ver o tamanho do problema, vira um gatinho. São pessoas poderosas, mexe-se com milhões em dinheiro”.
 
“Foram grandes investigações, fizemos grandes trabalhos. Hoje, temos uma equipe muito competente por lá. Quero crer que novos trabalhos estarão despontando. Eu saí, mas as equipes continuam. Daqui a pouco teremos novas coisas e quadrilhas sendo desbaratadas”, finaliza a delegada.
Imprimir