Imprimir

Notícias / Cidades

Defaz vê contradição em depoimento de deputada; compra de materiais teria servido para desvio

Da Redação - Patrícia Neves

As investigações da Delegacia Especializada em Crimes Fazendários e Administração Pública (Defaz) apontam contradições no depoimento da ex-secretária de Estado de Educação, Rosa Neide Sandes de Almeida (PT), quanto à aquisição de materiais escolares destinados à educação indígena. A Polícia Civil apura o destino de mais de R$1,1 milhão e materiais supostamente entregues durante a gestão da hoje deputada federal.

Leia mais:
Defaz apura fraude de R$1 milhão na Seduc, cumpre mandado na casa de deputada e prende ex-secretário

A casa da atual parlamentar, no condomínio Alphavile, foi alvo de cumprimento de mandado de busca a apreensão na manhã desta segunda (19), durante a operação batizada de ‘Fake Delivery’. Para a Polícia, existem indicativos de que os materiais foram adquiridos já com o propósito criminoso de desviar o patrimônio público em benefício particular.

Conforme a Polícia Civil, elementos iniciais da análise dos processos apontam que parte dos materiais escolares foram entregues no setor de patrimônio da Seduc, correspondente ao valor de R$ 884.956,48 (direcionados à comunidades indígenas, campo e quilombola) e que o montante de R$ 1.134.836,76 em material foi “supostamente” entregue diretamente na sede da SEDUC, ao Secretário Adjunto de Administração Sistêmica, à época, Francisvaldo Pereira de Assunção, sem que restasse evidenciado o destino desse volume expressivo de mercadoria. Pereira, que atualmente trabalha como assessor parlamentar do deputado Valdir Barranco (PT) foi preso nesta manhã.

Ainda conforme a Polícia, o recebimento das mercadorias diretamente por Francisvaldo Pereira de Assunção, sem a identificação de entrega no setor de patrimônio, foi ratificado por provas testemunhais e documentais.

Na investigação, há ainda outro indicativo de que os materiais foram adquiridos já com o propósito criminoso de desviar o patrimônio público em benefício particular, vez que o próprio coordenador da Coordenadoria de Educação Escolar Indígena (2010/2016) declarou que não lhe foi solicitado qualquer tipo de informação.

“Destaca-se a gravidade dos eventos criminosos, vez que cada recebimento irregular teria consumado um crime de peculato, ocorrendo, assim, 28 atos que indicam o delito em continuidade delitiva”, diz a polícia que irá dar seguimento a apuração por meio de autos complementares.

As testemunhas ouvidas indicaram que a aquisição seria uma determinação da então secretária, a deputada federal Rosa Neide Sandes de Almeida.

Procurada na manhã de hoje, a parlamentar negou que sua residência fosse alvo de mandado de busca. 

A assessoria da parlamentar se manifestou por meio de nota e declarou que não é investigada e que sempre estará à disposição para prestar esclarecimentos sobre o período em que ficou à frente da pasta.

Veja a íntegra: 

"A deputada federal Professora Rosa Neide (PT) acompanha pela imprensa os desdobramentos da Operação Fake Delivery. Embora não seja investigada, a parlamentar informa que segue, como sempre, à disposição dos Órgãos de Investigação para quaisquer esclarecimentos, referentes ao período que atuou como secretária de Estado de Educação".
Imprimir