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Mauro defende dinâmica governamental de Bolsonaro e cobra “dados reais” sobre desmatamento

Da Redação - Érika Oliveira

Mato Grosso está “no olho do furacão”, na avaliação do governador Mauro Mendes (DEM), da principal polêmica criada pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) nas últimas semanas e que resultou na suspensão do envio de mais de R$ 280 milhões para o Fundo Amazônia. Mas, apesar dos impactos negativos, o chefe do Executivo mato-grossense saiu em defesa do que classificou como “novas formas de se relacionar com os mercados e com os políticos” do Governo Federal, e cobrou que os dados divulgados sobre o avanço do desmatamento no país sejam reais.

Nesta segunda-feira (19), o Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Legal, do qual Mato Grosso faz parte, divulgou nota lamentando a suspensão dos recursos. A nota, subscrita por Mauro Mendes, não critica abertamente o Governo, mas destaca a posição para os governadores, a partir de agora, dialogarem diretamente com os países financiadores do Fundo Amazônia, sem a intervenção de Bolsonaro.

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“Nós temos que trabalhar com dados e com a verdade. A verdade nunca é ruim para ninguém. Se nós queremos uma democracia e um país sério, nós temos que trabalhar com dados reais. Temos que separar, em primeiro lugar, o que é desmatamento autorizado e legal, daquilo que é ilegal. O estado de Mato Grosso, eu deixo isso muito claro, todo e qualquer desmatamento previsto e autorizado pela legislação brasileira será autorizado. Iremos combater duramente os ilegais. O Governo Federal tem sua dinâmica e não cabe a mim fazer questionamentos. Eu vejo que ele [Bolsonaro] ta num momento de buscar construir novas formas de se relacionar com os mercados, com os políticos. É um Governo diferente, foi escolhido pela sociedade e tem uma lógica um pouco diferente. Nós temos que respeitar isso”, declarou Mauro Mendes.

A crise entre o Brasil e os governos da Alemanha e da Noruega se agravou na semana passada, após o anúncio, dos dois países, da suspensão do envio de recursos do Fundo Amazônia, que financia projetos de proteção da biodiversidade e da floresta brasileira.

Tudo começou quando Bolsonaro condenou dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), com alertas de desmatamento que revelaram um aumento de 88% em junho e 212% em julho. O presidente afirmou que os números haviam sido manipulados e demitiu o diretor do Instituto, Ricardo Galvão.

Em seguida, o Ministério do Meio Ambiente da Alemanha decidiu suspender o repasse de R$ 155 milhões para o Brasil, em razão do forte aumento do desmatamento na Amazônia. O valor bloqueado pela Noruega foi de R$ 132,6 milhões.

O presidente brasileiro, então, reagiu e sugeriu que os dois países utilizem os recursos para preservar suas próprias florestas.

Consórcio de Governadores

O Fundo Amazônia, gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), é responsável por captar doações para investimentos não reembolsáveis em ações de prevenção, monitoramento e combate ao desmatamento, e de promoção da conservação e do uso sustentável das florestas no Bioma Amazônia.

O fundo foi criado em 2008 e já captou R$ 3 bilhões em doações que financiaram projetos de estados, municípios e da iniciativa privada para o desenvolvimento sustentável da Amazônia Legal. A Noruega e a Alemanha contribuem juntas com mais de 90% do total dos recursos.

Na semana passada, por exemplo, o Governo de Mato Grosso lançou uma nova ferramenta capaz de monitorar em tempo real e com imagens em alta resolução qualquer tipo de desmatamento que venha acontecer no Estado. Avaliado em cerca de R$ 5 milhões, o sistema é uma iniciativa do Programa REED+ For Early Movers (REM), que premia países que apresentam resultados positivos na conservação de suas florestas, e foi viabilizado pelos governos da Alemanha e do Reino Unido.

Nesta segunda-feira, os governadores dos estados amazônicos, que integram o Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Legal, divulgaram nota afirmando que pretendem dialogar diretamente com os países, sem a intervenção do Governo Federal.
 
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