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Inpe aponta que 60% dos focos de calor estão em áreas privadas; Colniza, Feliz Natal e Aripuanã lideram

Da Redação - Fabiana Mendes

Levantamento feito entre janeiro e agosto de 2019 mostra que 60% dos focos de calor em Mato Grosso se concentram em áreas privadas registradas no Cadastro Ambiental Rural (CAR). O estado já acumula mais de 13 mil focos nesse período, o que representa número 87% a mais do que no mesmo período do ano anterior e 205% a mais se considerarmos apenas o período de proibição de queimadas, iniciado em 15 de julho. Os dados são do último levantamento feito pelo Instituto Centro de Vida (ICV), divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

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No bioma Amazônia, os municípios com maior número de focos estão no Noroeste do estado, seguindo a mesma tendência de dados do desmatamento ilegal. Colniza (1.116 km de Cuiabá) é o campeão disparado, com 1.076 focos acumulados, sendo 1.049 registrados desde o início do período proibitivo em 15 de julho. Aripuanã (704 km de Cuiabá) vem com quase metade das ocorrências de Colniza. No bioma Cerrado, Paranatinga (388 km de Cuiabá) acumula o maior número de focos de calor.

As queimadas ocorrem principalmente nas propriedades particulares. Desde janeiro, 60% dos focos de calor foram em áreas privadas registradas no Cadastro Ambiental Rural, 16% em Terras Indígenas e 1% em Unidades de Conservação.

Na quarta-feira (21), durante vistoria realizada pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, a Secretaria de Meio Ambiente do Estado divulgou aumento de pelo menos mil  novos focos de calor, o que coloca Mato Grosso no topo do ranking das queimadas em todo o país. “Nós verificamos em todos os focos que vimos que em alguns locais o fogo foi intencional e alguns incidental. Aqui na cidade, claramente, no perímetro urbano o fogo foi proposital, isso foi observado também pelo governador e é muito ruim para a saúde da cidade”, disse o ministro.

Veja o mapa com as imagens de satélite mostrando as manchas de fumaça sobre Mato Grosso.

Mapa com a imagem de satélite de mato grosso e as manchas de fumaça registradas pelos satélites

Veja o ranking de municípios: 

Gráfico de barras com os 10 municípios com maior número de focos de calor desde janeiro: Colniza, Feliz Natal, Aripuanã, Paranatinga, Nova Ubiratã, Tangará da Serra, Nova Maringá, Nova Mutum, Comodoro e União do Sul

A relação foco x queimada não é direta nas imagens de satélite. Um foco indica a existência de fogo em um elemento de resolução da imagem (píxel), que varia de 1 km x 1 km até 5 km x 4 km. Neste píxel pode haver uma ou várias queimadas distintas que a indicação será de um único foco. E se uma queimada for muito extensa, ela será detectada em alguns píxeis vizinhos, ou seja, vários focos estarão associados a uma única grande queimada. 

Renato Farias é biólogo, com mestrado em Química Ambiental, doutorado em Aquicultura e pós-doutorado em Aprendizagem Institucional pela Universidade da Flórida. Morador há 40 anos da cidade de Alta Floresta (791 km de Cuiabá) e a frente da direção do ICV há dez.

O Instituto começou a atuar em Alta Floresta ainda na década de 90, momento que o número de queimadas estava elevado na região. “A gente teve um trabalho intenso aqui, tanto é que em dois anos, foram reduzidas as queimadas em mais de 90% naquele período. É uma das lutas que a gente tem e teve por muito tempo e pelo jeito vai ter que voltar a ter”.
 
“Nosso trabalho está relacionado à agropecuária, ao agronegócio, a agricultura familiar, a municípios. Ações como essas, nessas falas relativamente implícitas, ou totalmente implícitas, acabam desviando totalmente da realidade, essa realidade que a gente encontra dia a dia aqui”, salienta. 

O ICV atua com programa de negócios sociais, incentivos econômicos para conservação, direitos socioambientais, na transparência ambiental, nos núcleos de Geotecnologias, administrativo e financeiro.

Cortina de fumaça 

Com a umidade relativa do ar, termômetros em alta e um grande número de queimadas, uma névoa de fumaça se instalou pelo céu e tem sido notada pelos mato-grossenses. 

Seguem abaixo algumas sugestões da Defesa Civil. 
 
1. Ingerir muita água;
2. Evitar exercícios físicos entre 10h e 16h;
3. Evitar grandes aglomerações;
4. Evitar exposição prolongada a ambientes com ar condicionado;
5. Utilizar em ambientes internos, baldes com água, toalhas molhadas e umidificadores de ar (no caso dos baldes com água, vale observar se eles ficarão fora do alcance das crianças, eliminando os riscos de afogamento;
6. Evitar exposição direta aos raios solares. Caso exposição seja inevitável, utilizar protetor solar, guarda-sol com proteção UV e roupas leves;
7. Não provocar queimadas.

Confira a classificação dos estados de criticidade definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS):

Acima de 30% - Aceitável
Entre 21 e 30% - Estado de Atenção
Entre 12 e 20% - Estado de Alerta
Abaixo de 12% - Estado de Emergência

 
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