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Ex-ministro diz que Moro deveria deixar o cargo após Bolsonaro interferir na PF

Da Redação - Vinicius Mendes

O ex-ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse que o ministro Sérgio Moro deveria deixar seu cargo se quiser mostrar que não é conivente com as interferências do presidente Jair Bolsonaro (PSL) na Polícia Federal. Ele disse que nunca teve este problema quando Dilma Roussef era presidente e que recebeu muitos ataques por não impedir investigações.
 
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José Eduardo Cardozo esteve em Cuiabá nesta sexta-feira (23) para palestrar no III Encontro de Execução Penal da Defensoria Pública de Mato Grosso. Ele comentou as recentes intervenções do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal. Na semana passada o presidente anunciou a troca no comando da superintendência da PF no Rio de Janeiro, citando problemas de produtividade. Uma nota oficial da própria instituição negou problemas de desempenho da chefia.
 
"Todos os ministérios são passíveis de mudança. Vou mudar, por exemplo, o superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro. Motivos? Gestão e produtividade", disse o presidente. A PF, no entanto, negou que houve qualquer interferência.
 
Dias depois o presidente voltou a falar sobre esta questão. "Agora há uma onda terrível sobre superintendência. Onze foram trocados e ninguém falou nada. Sugiro o cara de um estado para ir para lá: 'está interferindo'. Espera aí, se eu não posso trocar o superintendente, eu vou trocar o diretor-geral", disse. José Eduardo Cardozo disse que situações como esta não aconteciam quando era ministro.
 
“Eu vejo com muita tristeza esta interferência na Polícia Federal. Eu apanhei muito, de todos os lados, da direita, da esquerda, do centro, porque eu não impedia investigações, o que eu fazia era atacar abusos quando havia, de delegados, que era o meu papel. Sobre o abuso de policiais não houve um caso em que houve um indício que eu não abri um inquérito, uma sindicância”, disse o ex-ministro.
 
Ele ainda avaliou como execrável este tipo de interferência e afirmou que nunca teve este tipo de problema com Dilma Roussef. Além disso, ele disse que o ministro Sérgio Moro deveria deixar seu cargo caso queira demonstrar que não é conivente com as atitudes do presidente.
 
“Dizer que um delegado tem que ser substituído porque uma pessoa próxima a mim está sendo investigado, isto é um verdadeiro absurdo [...] Eu nunca tive este problema com Dilma Roussef, nunca me pressionou a absolutamente nada, ao contrário, me garantia sempre. Mas se o ministro da Justiça é pressionado a fazer algo que efetivamente não garanta autonomia das investigações, ele tem que se colocar à frente, inclusive deixando o cargo para que publicamente fique evidenciado a sua não conivência, ser ministro da Justiça exige coragem em certos momentos, inclusive a coragem de deixar o cargo”.
 
 
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