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Presidente aponta sobrecarga em trabalho de delegados: "Temos jovens afastados por problemas psicológicos"

Da Redação - Wesley Santiago

A presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia de Mato Grosso (Sindepo), Maria Alice Barros Martins Amorim, apontou que a sobrecarga no trabalho dos delegados, que tem de lidar com um Estado de tamanho continental, como é Mato Grosso, tem causado afastamentos por problemas psicológicos. O fato é tratado de perto pela representante da categoria. “Não posso querer que o delegado seja o super-homem”, disse ela.

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Segundo a delegada, a quantidade de delegadas em Mato Grosso é muito inferior a necessária para atender as demandas existentes. Maria Alice explica que os profissionais trabalham em sobrejornada, mesmo sem ter uma dotação orçamentária para o pagamento de horas extras.
 
“Isso traz um desgaste muito grande. O delegado não tem tempo de se desligar da unidade. Na Capital ou interior, a sobrecarga está muito grande. A capacidade física e mental é abalada. Temos delegados jovens que estão afastados em razão de problemas psicológicos, em decorrência do alto grau de estresse que enfrentam e a alta demanda”, disse Maria Alice.
 
Segundo a presidente, existem delegados que acumulam até quatro unidades, o que torna impossível que a autoridade esteja em todos os lugares ao mesmo tempo. “Isso traz uma insegurança muito grande. Não consegue acompanhar a execução de todos os trabalhos e atender a sociedade como gostaria. Acaba se desgastando tanto que fica doente. São jovens profissionais que poderiam estar colaborando, mas estão doentes, afastados por causa da sobrecarga”.
 
Sendo assim, o delegado acaba sendo obrigado a otimizar o trabalho e priorizar as investigações em que há o emprego da violência, grave ameaça, crimes de maior potencial ofensivo.
 
“Temos um Estado continental. Existem municípios muito grandes, outros de difícil acesso. Isso potencializa se você colocar a quantidade de veículos e profissionais. A área para cobrir é muito grande. No interior, os profissionais formam um corpo e buscam atender a sociedade. Dado a dificuldade, unem as forças e por isso se consegue atender todos a contento. Por mais que o índice de elucidação de crimes seja menor que 50%, acaba trazendo um retorno. Existe a sensação de segurança. Por isso houve tantos questionamentos em relação ao fechamento de unidades, porque ela em si diminui o temor”, acrescentou Maria Alice. 
 
Por fim, a presidente diz que não pode querer que o delegado seja um super-homem. “Tem que ser tratado com o cuidado necessário. Buscamos melhores condições, reconhecimento. Por vezes, conversamos com profissionais antigos que falam que na época delas era pior. Porém, as coisas mudaram. Precisa se modernizar. Isso compreende reconhecer direitos. O delegado é o Estado, mas não pode resolver os problemas de logística, meios do Executivo. Fará o seu papel com honra, mas tem que ser respeitado como ser humano”.
 
Morte de delegado
 
O delegado da Polícia Civil Israel Pirangi Santos, de 40 anos, que era titular da Delegacia de Diamantino, unidade da Regional de Nova Mutum, foi encontrado morto em um apartamento na cidade de São Paulo, na madrugada do dia 28 de agosto. O corpo estava em avançado estado de decomposição.
 
Segundo informações da PJC, ele foi para São Paulo no dia 21 de agosto, para retorno de uma consulta médica, referente a tratamento de saúde que passava. Ao lado de seu corpo foi encontrada uma carta pedindo privacidade e respeito à situação.
 
Sem notícias desde o último domingo (26), policiais de Diamantino pediram ajuda à Polícia Civil do 78 Distrito Policial de SP, que esteve em seu apartamento, constando a morte nesta madrugada.
 
Israel Pirangi Santos era natural de Brasília, no Distrito Federal, e delegado da Polícia Civil de Mato Grosso desde 13 de janeiro de 2014, quando tomou posse no cargo. Ele atuou como delegado nas cidades de Alta Floresta, Guarantã do Norte, Nova Monte Verde, Peixoto de Azevedo. Por último, estava na lotado em Diamantino desde junho de 2018. 
 
O delegado era solteiro, deixou pai, mãe e três irmãos, que moram em Brasília (DF).
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