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Delegado afirma que empresa e dono de área foram tolerantes com invasão de garimpo

Da Redação - Wesley Santiago

O delegado de Polícia Federal, Carlos Henrique Cota D'Ângelo, afirmou que a mineradora Nexa e o proprietário da área onde se instalou um garimpo ilegal, situado no município de Aripuanã (704 quilômetros de Cuiabá) e alvo da segunda fase da 'Operação Trype', com o objetivo de cessar as suas atividades, foram tolerantes com o fato e, portanto, obrigados a cooperar na ação realizada desde a última segunda-feira (07).

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A sentença da Justiça Federal contra a atividade ilegal se baseou na investigação da Polícia Federal (PF), iniciada há três anos. Para cumprir a determinação, foi necessário o apoio da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp).
 
Alguns garimpeiros protestam na cidade contra a mineradora, por acreditarem que a empresa ingressou com o pedido de desocupação da área. Contudo, nem a empresa que tem a outorga do Governo Federal para exploração da área ou o proprietário da superfície da área ingressaram com pedido de reintegração de posse.
 
“A empresa não tem nada a ver com a decisão judicial, está sendo obrigada a fazer isso. O entendimento da Justiça é de que quem deve cuidar da área é o dono da fazenda, que mora em Santa Catarina, e aquele que tem o direito de exploração mineral. Nenhum dos dois fez nada e deixaram invadir, então, o entendimento da Justiça foi de que eles são condescendentes com o crime”, salientou o delegado.
 
O delegado disse que foi anteriormente ao local com policiais militares, policiais civis e um major do Exército Brasileiro para ver as condições da cidade e a logística para o cumprimento da decisão judicial. Foi reportado ao juiz que a cidade não comportaria a tropa, pois não tem hotéis suficientes.
 
Portanto, por decisão judicial, ela foi obrigada a dar condições de hospedagem e alimentação para as centenas de policiais federais, militares, civis, peritos da PF, Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec), fiscais da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sema), Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama) e o Corpo de Bombeiros Militar (CBM-MT).
 
“A ordem que cumprimos não é de desocupação, pois isto dependeria de que essa empresa ou proprietário tivesse ingressado com ação. Quem pode pedir reintegração de posse é o superficiário ou a empresa que tem o direito de minerar o subsolo da área. Nenhum deles pediu para a justiça tirar ninguém, tiramos para processo de destruição, porque não tem como manejar explosivos com as pessoas lá dentro. Não foi um pedido da empresa, foi uma ordem ocorrida dentro de uma investigação criminal”, explicou o delegado da PF Carlos Henrique Dangelo.

O garimpo ilegal esta em funcionamento desde outubro de 2018. No local, há pessoas armadas e isso tem contribuído para homicídios. Além disso, há outros crimes cometidos na área, como: ambientais, contra o patrimônio e tráfico ilícito de drogas.
 
Morte
 
Um garimpeiro, ainda não identificado, morreu em confronto com o Bope, na segunda-feira (07). Os policiais orientaram que todos deixassem o local. Porém, em um dos barracos, o homem disparou tiros contra a equipe, que revidou e o atingiu com dois tiros na região do tórax. Ele chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos.
 
Fazem parte da ação, além das policiais Militar e Federal, Sistema Penitenciário, Polícia Judiciária Civil (PJC), Corpo de Bombeiros, Grupo de Operações Especiais (GOE) da PJC, Politec, Polícia Militar, Força Tática, Rotam e os fiscais do Ibama e da Sema.

Fase 1
 
No dia 26 de setembro, a Polícia Federal deflagrou a primeira fase da ‘Operação Trypes’, com o objetivo de investigar irregularidades na extração de ouro em garimpos de Mato Grosso.  Foram cumpridos mandados de prisão em Juína, Aripuanã, Alta Floresta e Paranaíta.
 
A ação tem ligação com o avião localizado em junho deste ano, na cidade de Aripuanã, com uma quantidade em ouro.
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