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Em Cuiabá, Manuela D’Ávila defende cassação de filho do Bolsonaro por apologia à ditadura

da Redação - Isabela Mercuri

A ex-deputada federal, e candidata a vice-presidente nas últimas eleições, Manuela D’Ávila (PCdoB) afirmou na tarde desta quinta-feira (31), em Cuiabá, que os partidos de oposição vão ao Conselho de Ética pedir a cassação do deputado Eduardo Bolsonaro por apologia à tortura, após ele ter afirmado que, se a esquerda radicalizar, uma das repostas do governo ‘pode se via um novo AI5’.

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A fala do filho do presidente se deu após uma pergunta sobre os protestos de rua que vem acontecendo na América Latina. Para Manuela, ele cometeu um crime. “Não somos nós que dizemos, quem diz é a Constituição Federal, que fazer apologia à ditadura militar é crime no nosso país. Portanto, a Câmara dos Deputados, na minha interpretação, e os nossos partidos conjuntamente, vão ao Conselho de Ética pedir a cassação do deputado Eduardo Bolsonaro por não estar cumprindo aquilo que prometeu, ou seja, honrar a Constituição brasileira”.

Manuela se pronunciou durante uma coletiva de imprensa que aconteceu no Cine Teatro de Cuiabá, antes do painel ‘Protagonismo Feminino na Política’, que faz parte da programação do festival de cinema Tudo Sobre Mulheres. Junto a ela, estava também a deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ) e a deputada Rosa Neide (PT-MT).

“Eu acho que o Brasil precisa, mais do que nunca, a Câmara precisa reagir de maneira exemplar a este tipo de bravata que os filhos do presidente e o presidente são pró”, continuou. “Nós precisamos mostrar para a nossa juventude, para o nosso povo, que este país não tolera a ditadura, não tolera o autoritarismo. Eduardo Bolsonaro primeiro defendeu o AI-5, e quando confrontado foi para suas redes [sociais] fazer apologia à tortura, ou seja, ele fez em dois momentos: defendeu o AI-5, e quando nós questionamos publicamente a defesa que ele fez ao fechamento do regime democrático ele dobrou a aposta - como se diz no popular - publicando um vídeo fazendo apologia ao coronel Brilhante Ustra, que todos nós lúcidos sabemos que foi o maior torturador que viveu neste país”.

Benedita da Silva completou afirmando que as ameaças da família Bolsonaro são constantes e, ao seu ver, para sair do foco de cobranças da oposição. “São produzidas para sair do foco daquilo que a nação brasileira toda quer saber, que é exatamente a questão do Queiroz, quem matou a Marielle, e ele deve uma explicação do derramamento de sangue, de óleo...”, afirmou.

Foto: Olhar Direto

“Diante disso, a oposição tem tomado decisões e vamos continuar mobilizando a sociedade brasileira para se contrapor a tudo isso, porque todos nós estamos correndo riscos com um governo que fique ameaçando as instituições democráticas criadas para que nós tenhamos uma sociedade que possa ser plural, fraterna, e respeitar as diferenças”, completou Benedita.

O Ato Institucional número 5 foi o quinto de dezessete grandes decretos emitidos pela ditadura militar no Brasil. Emitido pelo presidente Artur da Costa e Silva em 13 de dezembro de 1968, ele foi o mais duro de todos os AI’s, resulto na perda de mandatos de parlamentares contrários aos militares, intervenções ordenadas pelo presidente nos municípios e estados e também na suspensão de quaisquer garantias constitucionais que eventualmente resultaram na institucionalização da tortura, comumente usada como instrumento pelo Estado.

"Vai chegar um momento em que a situação vai ser igual ao final dos anos 1960 no Brasil, quando sequestravam aeronaves, quando se sequestravam, executavam-se grandes autoridades, cônsules, embaixadores, execução de policiais, de militares”, disse Eduardo Bolsonaro. Ele continuou: "Se a esquerda radicalizar a esse ponto, a gente vai precisar ter uma resposta. E uma resposta pode ser via um novo AI-5, pode ser via uma legislação aprovada através de um plebiscito como ocorreu na Itália, alguma resposta vai ter que ser dada, porque é uma guerra assimétrica, não é uma guerra onde você tá vendo seu oponente do outro lado e você tem que aniquilá-lo, como acontece nas guerras militares. É um inimigo interno, de difícil identificação aqui dentro do país. Espero que não chegue a esse ponto né? Temos que ficar atentos".
 
No vídeo publicado após as críticas, o deputado mostra imagens dos protestos no Chile, e diz: "O que a esquerda está chamando de protestos [no Chile] e querendo trazer para o Brasil, que na verdade a gente sabe que são vandalismos, depredações, e chega sim a ser terrorismo, porque eles querem fazer uma instabilidade política para tirar do poder um presidente que não é de esquerda. Isso tudo está perigando vir para o Brasil (...) vale lembrar o que ocorreu no Brasil no final dos anos 60, início dos anos 70". Em seguida, ele passa a falar ações de grupos de luta armadas, como sequestros e execuções, e cita um livro escrito pelo coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra.  
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