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“Todos temos de responder por nossos atos”, lamenta mãe três anos após morte de aluno bombeiro

Da Redação - Vinicius Mendes

Jane Claro, mãe de Rodrigo Claro, que morreu após treinamento dos Bombeiros,  coordenado  pela tenente Izadora Ledur Souza Dechamps, na Lagoa Trevisan, em novembro de 2016, ainda sofre com a morosidade da Justiça. A tenente Ledur até o momento não foi ouvida e após constantes adiamentos, a audiência só deve acontecer no dia 12 de março de 2020. Rodrigo morreu na madrugada do dia 16 de novembro, e mesmo após três anos sem muitos avanços no caso, ela afirma ter fé que a militar ainda será punida.
 
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Rodrigo Patrício Lima Claro, de 21 anos, ficou internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e faleceu por volta de 1h40 do dia 16 de novembro de 2016. Ele teria sido dispensado no final do treinamento do curso dos bombeiros, após reclamar de dores na cabeça e exaustão. O jovem teria passado por sessões de afogamento e agressões por parte da tenente Izadora Ledur.
 
O Corpo de Bombeiros informou que já no Batalhão ele teria se queixado das dores e foi levado para a policlínica em frente à instituição. Ali, sofreu duas convulsões e foi encaminhado em estado crítico ao Jardim Cuiabá, onde permaneceu internado em coma, mas acabou falecendo.
 
A família, desde então, vem sofrendo com a angústia de ver os acusados de causar a morte de Rodrigo andando livremente, sem perspectiva de quando serão punidos. Jane afirma que as comemorações de final de ano na família já não são as mesmas.
 
“Parece que tudo meio que perde o sentido, a gente já não tem mais aquela vontade de programar alguma coisa, uma festa em família, já não é mais completa, fica um vazio imenso, tudo vai perdendo o sentido”.
 
A mãe de Rodrigo disse também que tudo piora quando vêem que o caso não avança na Justiça. Segundo ela, o sentimento que a família tem é de que a morte de Rodrigo é tratada como algo sem importância.
 
“Isso aí é um teste psicológico, porque é massacrante tudo isso, a gente vai, participa de audiência, e vão adiando, adiando, e até o momento já se foram três anos, mas até agora o único punido foi o Rodrigo, que perdeu sua vida, e a família com o sofrimento diário. Porque todos os envolvidos até o momento continuam suas vidas normalmente, nada acontece contra eles, então para nós isso é muito dolorido, porque o que dá a entender é como se tivessem matado uma formiguinha e não tem importância nenhuma, mas não é bem assim”, disse.
 
No entanto, Jane afirmou que ainda tem fé que Ledur será punida pelo que fez, não só a Rodrigo, mas a outros jovens que passaram por situações semelhantes. Apesar de já não confiar tanto na Justiça dos homens, ela afirma que tem fé na Justiça de Deus.
 
“Eu acho que a fé é o que nos mantém de pé, porque já se foram três anos, a gente sabe que a Justiça do homem é muito falha, muito morosa, mas a fé que temos é na Justiça de Deus, essa eu creio que no momento certo ela virá, porque todos nós temos que responder pelos nossos atos, e com a Ledur eu acredito que não seja diferente, um dia ela vai ter que prestar conta de tudo o que ela fez, todo o sofrimento que ela causou para o Rodrigo, todo sofrimento causado à nossa família, e de tantos outros jovens e outras famílias, que sofreram pelos abusos dela, mas não tiveram a força suficiente para encarar esta situação e não denunciaram”, desabafou a mãe.
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