Oriundo do MBL, o deputado estadual Ulysses Moraes (DC) reza a cartilha do liberalismo e usa o mandato parlamentar para defender diminuição da máquina pública e menos intervenção na economia. Recentemente, em rede social, ele deu uma “escorregada ideológica”, ao criticar os recorrentes aumentos nos preços dos combustíveis, que vêm sendo regulados pelo mercado. “A impressão que fica é que tudo é desculpa para aumento: quando não é imposto, é dólar. Quando não é dólar, é a corrupção da Lava a Jato. Quando não é Lava a Jato é alta no preço do barril. Quando não é alta no preço do barril é inflação”, declarou.

É de se entender que o preço do combustível seja um tema caro para parte significativa do eleitorado e que criticar altas de preço soe como música aos ouvidos dos mais indignados, mas não faz sentido defender o livre mercado e depois reclamar de variação no câmbio ou de alteração no preço do barril de petróleo e o impacto disso no combustível. É o tipo de declaração ambígua que não aponta uma solução: será que o deputado sugere subsídios, como feito no governo Dilma? “A nossa luta é para a diminuição da carga tributária praticada em Mato Grosso, que é uma das responsáveis por esses aumentos”, completa ele na postagem. Mas redução para quanto? Qual é a proposta? Qual seria o impacto dessa redução no orçamento público? Em tempos em que likes e compartilhamentos parecem mais importantes que coerência, vale a pena tentar manter o debate claro e longe do populismo e da demagogia que há tanto prejudicam o país.