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Operário queria Bruno por um ano e com salário até R$ 5 mil; perda de patrocínio foi decisiva em recuo

Da Redação - Fabiana Mendes e Vinicius Mendes

Sob pressão da torcida, imprensa nacional e patrocinadores, o Clube Esportivo Operário Várzea-Grandense (CEOV) desistiu de seguir adiante com a intenção de contratar o goleiro Bruno Fernandes, cuja negociação vinha acontecendo há semanas. Olhar Direto apurou detalhes desta transação e as condições oferecidas pelo clube várzea-grandense para atrair o ex-atleta do Flamengo, condenado pelo feminicídio de Eliza Samúdio.
 
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A ideia dos dirigentes do Operário era pagar ao jogador entre R$ 3 mil e R$ 5 mil, a mesma faixa salarial oferecida aos demais atletas, em um contrato que deveria ser de um ano. Se viesse para Várzea Grande, Bruno não teria participação nos recursos que provenientes de publicidade.
 
O comunicado sobre a desistência das negociações foi emitido à imprensa no começo da tarde desta quarta-feira (22). O clube cedeu à pressão da opinião pública e ao medo de perder recursos importantes para o ano em que disputará a Copa do Brasil e tem feito um planejamento visando o Campeonato Mato-grossense. Diante da onda de manifestações contrárias, as empresas Pork Premium e Locar Gestão de Resíduos haviam desistido de patrocinar o time, para não terem a imagem associada à do atleta condenado pela Justiça.
  
"A gente acabou perdendo alguns patrocinadores que eram do clube, isso foi fazendo a gente repensar muito, porque sem dinheiro você não consegue fazer futebol", informou André Xéla, supervisor de futebol do Operário.
 
Anteriormente, a Martinello e a cooperativa Sicredi, que patrocinam o Campeonato Mato-grossense, desautorizaram o uso das respectivas marcas nos uniformes do time e em painéis utilizados em entrevistas. Na noite de terça-feira (21), manifestantes se reuniram no entorno do estádio Dito Souza, instalado no bairro Cristo Rei, em Várzea Grande, onde seria realizada uma partida de futebol do tricolor e protestaram contra a contratação. As mulheres estavam vestidas de preto e, além de cartazes, seguravam um cartão vermelho nas mãos, que indica a expulsão de um jogador em uma partida de futebol.


 
"Metade apoiava, mas a outra metade que não, consegue fazer um barulho muito grande. Estavam pressionando bastante os patrocinadores, quando saiu a camisa 2020, eles sabiam quem eram", acrescentou Xéla.
 
No fim da manhã desta quarta-feira (22), o Operário encaminhou nota à imprensa informando que a contratação seria reavaliada. A decisão saiu poucas horas depois, após reunião dos dirigentes do clube. “A gente vai dar todo respaldo jurídico para finalizar esse processo, porque agora tem a volta de domicilio, já existia um trâmite na Justiça, a gente vai continuar com isso até finalizar", afirma.
 
Além disso, os diretores do clube estariam sofrendo ameaças. "Outra questão é a vida pessoal dos dirigentes, eles estavam recebendo ameaças, inclusive eu. Tem coisas que é melhor você parar. Apesar de que como goleiro, a gente acreditava muito no potencial, mas a briga era muito grande e a gente acabou desistindo disso", conta André Xéla.
 
Em entrevista anterior à desistência da negociação, Xéla havia afirmado que a intenção do clube ao fazer a proposta para contratar o goleiro Bruno não foi atrair mídia. De acordo com ele, o Operário busca ser campeão e apostava no potencial do atleta que vinha sendo negociado.
 
 “O Bruno é notícia 24h por dia, por conta de tudo o que aconteceu, mas de verdade, o clube não pensa na contratação do Bruno para trazer mídia, positiva ou negativa. Apesar de sabermos que o Operário é o clube mais falado de Mato Grosso hoje, nós acreditamos mesmo que se o Bruno chegar aqui e defender um pênalti numa final, por exemplo, e dar o título para o Operário, é isso que nós buscamos, não tem nada a ver com esta questão de mídia, o Operário já está há um tempo querendo ser campeão e só estamos tentando formar um time forte”, disse André, na ocasião.
 
Até então, a Justiça de Minas Gerais havia autorizado Bruno a cumprir pena em Mato Grosso, mas a Justiça de MT ainda precisava aceitar a vinda do jogador. Somente o vazamento da informação de que Bruno poderia vir jogar em Várzea Grande foi o suficiente para uma enxurrada de críticas.
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