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Martinello desautoriza uso da marca em uniformes do Operário após possível contratação do goleiro Bruno

Da Redação - José Lucas Salvani

A Eletromóveis Martinello desautorizou o uso da marca em uniformes do Clube Operário Futebol Clube diante da possível contratação do goleiro Bruno, condenado a mais de 20 anos de prisão pelo sequestro, assassinato e ocultação do cadáver de Eliza Samudio, em 2010. A informação foi divulgada por meio de nota pública divulgada nesta terça-feira (21) nas redes sociais da empresa. Na nota, a Martinello acrescenta que o time também não pode conceder entrevistas em frente ao painel com a sua marca.

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A empresa afirma que é preciso dar uma nova chance aos reeducandos, mas que “não se pode deixar de considerar a extrema gravidade do crime de feminicídio que ainda hoje choca e comove todo o país”. Desta forma, a Martinello alega não concordar “que condenado por crime tão grave e torpe seja elevado ao patamar de ídolo esportivo, pois o esporte é para cidadãos exemplares que cultivam a vida, o respeito ao próximo e o espírito de equipe”.

A desautorização quando ao uso da marca será mantida enquanto o goleiro estiver atuando. “Seguiremos acreditando e investindo nos valores essenciais do esporte, cumprindo o nosso papel social de incentivar o desenvolvimento humano através das práticas esportivas. Acima disso, seguiremos combatendo as injustiças e lutando pelo respeito e os direitos das mulheres”.

A Martinello não foi a primeira a desvincular sua marca ao time de futebol. Na segunda-feira (20), a cooperativa Sicredi anunciou que irá retirar sua marca dos uniformes, mas alega que ausência do logo nas camisetas do Operário ocorre em função da estratégia da empresa.

Ao Olhar Direto, a assessoria informou que o Sicredi patrocina a Federação Mato-Grossense para o Campeonato Estadual de Futebol 2020 e não o Operário. Acrescentou ainda, por meio de nota, que não comenta as contratações de jogadores feitas pelos clubes.

A vinda do goleiro para Várzea Grande causou uma divisão entre os torcedores. Há quem defenda e outros que repudiam. Um grupo de mulheres organiza um protesto contra a vinda dele na terça-feira (21), às 19h, na Arena Pantanal, em Cuiabá. No ato organizado pelo Bloco das Mulheres também haverá manifestação contra feminicídio, crime de ódio baseado no gênero, amplamente definido como o assassinato de mulheres, e outras violências sofridas.

Já o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB-MT), Leonardo Campos, defendeu a reinserção de condenados pela Justiça à sociedade, citando o caso do goleiro Bruno. A Comissão de Direito da Mulher da OAB-MT, por meio de nota, disse que repudia atos de violência contra as mulheres, mas que também defende a ressocialização e a reinserção no mercado de trabalho de condenados que cumpriram pena.

A presidente da Fundação Nova Chance (Funac), Dinalva Oriedi da Silva Souza, também defende a contratação do goleiro e acredita que a sociedade ainda quer puni-lo. “A sociedade quer puni-lo novamente. Eu acho que tem que ter essa oportunidade. Se a sociedade fecha as portas para ele, como vai provar que realmente mudou e que hoje é uma nova pessoa?”, questiona a presidente

Bruno Fernandes ficou nove anos preso pela morte de Eliza Samudio e deixou a prisão em julho de 2019, após conseguir na Justiça a progressão de regime para o semiaberto. Em agosto de 2019 ele assinou contrato com o Poços de Caldas F.C., porém deixou o clube dois meses depois.

Confira a nota da Martinello na íntegra:

A Eletromóveis Martinello, copatrocinadora do Campeonato Mato-grossense de Futebol de 2020, em função das notícias recentemente veiculadas sobre a possível participação no campeonato do “Goleiro Bruno”, condenado em 2013 por homicídio triplamente qualificado, vem a público esclarecer o seguinte:

É louvável que a comunidade proporcione nova chance a reeducandos. Nesse caso, porém, não se pode deixar de considerar a extrema gravidade do crime de feminicídio que ainda hoje choca e comove todo o país.

Embora seja lícito que o ex-atleta tenha pretensões de voltar ao trabalho e se reintegrar à sociedade, não concordamos que condenado por crime tão grave e torpe seja elevado ao patamar de ídolo esportivo, pois o esporte é para cidadãos exemplares que cultivam a vida, o respeito ao próximo e o espírito de equipe.

Não é nosso papel ou direito intervir nas decisões administrativas das equipes participantes do campeonato, mas não permitiremos, ainda que por força de medidas judiciais, que a equipe OPERÁRIO FUTEBOL CLUBE seja vinculada à nossa empresa utilizando uniformes que contenham a nossa marca ou que conceda entrevistas em frente ao painel com a nossa marca, enquanto mantiver a decisão de integrar ao seu quadro o ex-atleta em questão.

Em nossos 30 anos de história atuamos com convicção e vigor no incentivo ao esporte profissional e amador, patrocinando, apoiando e investindo em milhares de eventos em todos os 54 municípios mato-grossenses onde atuamos.

Em nossa empresa promovemos a igualdade de direitos e de oportunidades entre homens e mulheres.

Seguiremos acreditando e investindo nos valores essenciais do esporte, cumprindo o nosso papel social de incentivar o desenvolvimento humano através das práticas esportivas. Acima disso, seguiremos combatendo as injustiças e lutando pelo respeito e os direitos das mulheres.
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