Imprimir

Notícias / Política MT

Damares pedirá que exército evite deslocamento de Xavantes para prevenir ‘genocídio’ por coronavírus

Da Redação - Isabela Mercuri

A ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, irá levar ao presidente Jair Bolsonaro as sugestões para impedir a disseminação do novo coronavírus (Covid-19) dentre os indígenas Xavante, em Barra do Garças. Dentre as medidas, estão a implantação de barreiras sanitárias, criação de um hospital de campanha com 20 leitos e a presença do Exército para evitar o deslocamento dos indígenas.

Leia também:
Nove indígenas Xavante morrem com sintomas de Covid-19 em 24h

As sugestões foram dadas à ministra pelo senador Wellington Fagundes (PL-MT) e o prefeito de Barra do Garças, Roberto Farias, em reunião na última terça-feira (30). Damares afirmou que teme um “genocídio” entre os Xavantes.

"Se existir o genocídio que tanto falam lá fora, ele não se dará na Amazônia, mas na região do Araguaia. Isso porque os Xavantes se deslocam em grupo e acabam se contaminando nas cidades e levando o vírus para as aldeias", disse a ministra.

Damares assumiu o compromisso de atuar junto ao presidente Jair Bolsonaro e ao Comitê Nacional de Articulação das Ações de Enfrentamento ao Coronavírus para definir as ações de combate à proliferação dos casos de covid-19 nas aldeias.

"Pedi essa interferência pessoal da ministra porque se trata de uma questão humanitária", disse o senador Wellignton Fagundes. Segundo ele, o assunto também foi levado ao Ministério da Saúde, Funai e Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai). "Vou falar pessoalmente com o ministro-chefe da Casa Civil, Braga Neto, e o Ministério da Defesa também", disse.

Segundo o prefeito de Barra do Garças, Roberto Farias, a situação é dramática, pois a cidade, que é referência para casos de média e alta complexidade, atende a uma população de 400 mil pessoas, incluindo os moradores de alguns municípios de Goiás que fazem divisa com Mato Grosso.

Com 98% de ocupação dos leitos de UTI, o sistema de saúde de Barra do Garças está em colapso, agravado pelo alto índice de casos de indígenas contaminados pelo covid-19. "Somente hoje, foram três óbitos de indígenas e temos pelo menos 20 leitos de enfermarias ocupados por casos menos graves", conta. Existem pelo menos 22 mil indígenas vivendo na região do Araguaia em aldeias muito próximas às cidades.
Medidas governamentais
 
Na última segunda-feira (29), o governo do Estado instituiu um Grupo de Trabalho Central (GTC) para desenvolver ações de monitoramento e articulação de estratégias com o fim de reduzir os impactos da transmissão da COVID-19 em territórios indígenas. O Grupo é coordenado pelo Secretário-Chefe da Casa Civil.
 
Nove indígenas da etnia Xavante morreram com sintomas de Covid-19 em Mato Grosso somente entre a última sexta-feira (26) e sábado (27), num período de 24 horas. Entre as vítimas estava um bebê. Reportagem do jornal El País mostra como a pandemia tem se espalhado entre os índios brasileiros. Dos nove óbitos registrados no final de semana, três já tiveram diagnóstico confirmado para a doença e as outras seis aguardam o resultado dos exames.
 
Genocídio indígena
 
A situação dos indígenas em relação ao novo coronavírus (Covid-19) não é preocupante somente em Mato Grosso. Também no El País, a jornalista Eliane Brum contou a situação dos Yanomami, de Roraima, que além de serem infectados e morrerem com o vírus, passam ainda por outro problema: o ‘desaparecimento’ dos corpos de bebês. Mortos com Covid-19 (ou não), eles foram enterrados, contrariando as tradições da etnia, e sem nenhuma explicação para as mães (veja AQUI).
Imprimir