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Secretário de Ordem Pública diz que velório de pastor com mais de cinco mil pessoas foi "excepcionalidade"

Da Redação - Max Aguiar

O secretário Leovaldo Salles, titular da pasta de Ordem Pública de Cuiabá, tratou o sepultamento do pastor Sebastião Rodrigues de Souza, líder da Assembleia de Deus, como um ato excepcional. Por isso, segundo ele, houve uma compreensão maior das autoridades para a liberação das pessoas em participar. Estima-se que cerca de 5 mil pessoas compareceram à despedida do líder religioso.

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A discussão sobre o assunto aconteceu nesta sexta-feira (10), na Rádio Nativa FM. Os jornalistas Paulo Sá e Kleber Lima indagaram o secretário sobre a reunião de milhares de pessoas no Cemitério do Parque Bom Jesus de Cuiabá, infringindo as regras que constam do decreto que a própria Ordem Pública segue e busca manter o seu cumprimento em Cuiabá. 

Por telefone, o coronel Salles disse que o caso foi tratado de forma diferente porque o pastor Sebastião era uma pessoa de respeito e de conhecimento nacional, tanto que o próprio presidente da República emitiu uma nota de falecimento. 

"Estive na despedida do pastor Sebastião Rodrigues de Souza, participei do que era possível fazer numa situação excepcional. Estamos em um momento de recordar princípios. Toda regra tem sua excepcionalidade, sua exceção”, disse o secretário.
“A regra hoje é cumprir os protocolos definidos nas medidas de restrição. Existe ordem judicial, montanha de decreto, e isso é de conhecimento geral. Mas estamos falando de excepcionalidade. E isso é algo que quebra a regra momentaneamente. Isso é garantido até em uma ação judicial. No Código Penal está escrito que não há crime quando existe a excepcionalidade. Não é todo dia em Cuiabá que morre uma personalidade que todos nós deveríamos conhecer. E considerar que em sua despedida seria inevitável a presença de pessoas", disse o coronel.

No momento da entrevista, não chefou a ser questionada a liderança do pastor entre fiéis da Igreja Assembleia de Deus, mas o secretário foi perguntado sobre as regras as quais todas as pessoas estão sujeitas neste momento de pandemia. No decreto está claro que não se pode velar nenhuma vítima da Covid-19. E o pastor justamente faleceu em decorrência da doença causada pelo novo coronavírus. 

"A excepcionalidade quebra regras. O ajuntamento de pessoas é devido uma perda de uma autoridade. Quem evitaria essa aglomeração? Mais de cinco mil pessoas estiveram lá. O excepcional quebra regra. O excepcional corre risco. E isso justifica a presença das pessoas. O pastor Sebastião não era uma pessoa comum. Tanto é que o presidente da República, entre 68 mil mortes, mereceu uma nota do presidente. Se não houvesse nossa participação, com a direção do cemitério, seria muito pior. O que fizemos lá, foi minimizar os efeitos. E assim entendeu o Ministério Público. O prefeito Emanuel Pinheiro me autorizou a participar de todos os atos de sepultamento. Primeiro que sou pastor e segundo que a minha presença lá seria para minimizar os efeitos da aglomeração", comentou.

No continuar da entrevista, Salles disse que não viu questionamento de nenhuma parte da sociedade sobre a manifestação. Mas, que ninguém está privado de ir no enterro do pai ou da mãe. O cemitério é público, segundo o secretário. 

"Estou surpreso com a interrogação. Pois procurei em sites e jornal esse questionamento e não achei. No local, definimos o limite de grupo participante e solicitamos o distanciamento. Garantimos que a urna ficasse em local isolado. Devido essa pandemia, 250% de aumento de enterros. O coordenador disse que se enterrava de 15 a 17 vítimas por dia. Hoje temos em média de 50 a 60 enterros por dia. As pessoas que perdem a mãe e perdem o pai, não são privadas de participar do enterro. No dia do enterro eu cheguei lá 13h e saí depois de 19. Eu presenciei no mínimo de 10 enterros e todos com pessoas acompanhando. Mas pra levar 5 mil pessoas precisa ser um homem de caráter destacado. Nós não vamos ter em Cuiabá a morte de uma personalidade como pastor Sebastião todos os dias", ponderou.

Por último, o jornalista Kleber Lima pediu que Salles, que além de ser secretário também é pastor da Assembleia de Deus, orasse um "Pai Nosso" para cada uma das cinco mil pessoas que estiveram no enterro, para que eles não fossem novas vítimas da Covid. 

Em resposta, Salles disse que não faria isso. "Eu não posso atender isso. Creio que um Deus não precisa ouvir cinco mil Pai Nosso para atender. Eu creio em um Deus que ordenou um homem como o pastor Sebastião para ser aqui de Cuiabá e todos devem ter reconhecimento disso", concluiu. 
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