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Pai de adolescente acredita ter sido negligente e diz ter percebido tiro só após chegada do Samu

Da Redação - Wesley Santiago

O empresário Marcelo Martins Cestari, pai da menor acusada de ter efetuado o disparo classificado como acidental que matou Isabele Guimarães Ramos, 14 anos, durante a noite de domingo (12), no Condomínio Alphaville 1, em Cuiabá, afirmou em seu depoimento que acredita ter sido negligente ao não prestar atenção em como a arma de onde saiu o tiro foi guardada. Além disto, ele pontuou que só percebeu que a vítima havia sido atingida após a chegada do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), acreditando que ela havia sofrido uma queda no banheiro.

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Em seu depoimento na Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), o empresário contou que possui sete armas de fogo e pratica tiro esportivo desde novembro de 2018. Como gostou do esporte, levou toda a família para praticá-lo.
 
Marcelo pontua que as duas menores eram bastante amigas e que a vítima passou a frequentar mais sua casa depois da morte do pai, ocorrido em 2018, em acidente automobilístico.
 
No dia do fato, o empresário pontou que a família estava vendo fotos antigas e que aproveitou o momento para fazer a limpeza de duas armas, que seriam utilizadas em treinamento pelas filhas e sua esposa, já que ele iria viajar a negócios na terça-feira.
 
Posteriormente, o namorado da acusada chegou na residência com duas armas, que também seria utilizadas para prática do tiro esportivo e as mostrou para todos. Marcelo pontuou que teria interesse em compra-las, mas não o havia feito.
 
Uma das armas era customizada e possuía um alívio de gatilho, instalação de ‘bumpers’ e apoio de dedos. O menor então teria pedido para que o empresário aliviasse o gatilho da outra arma, o que ele fez.  
 
A arma ficou na casa da família porque o namorado da menor disse que, como estavam no nome do pai, teria ficado com receio de ser parado pela polícia. Questionado sobre o porque não prestou atenção em como o armamento foi guardado, o empresário disse se sentir negligente neste sentido, acreditando que poderia ter dado mais atenção e tomado mais cuidado na vigilância de um adolescente armado dentro da sua casa.
 
Depois, Marcelo pediu para que a filha levasse a arma para o closet, onde seria guardada. Depois de um tempo, disse ter ouvido um barulho, parecendo o fechamento de uma porta de vidro. Porém, como estava distante e com as portas fechadas, não identificou que seria o som de um disparo.
 
Em seguida, disse ter ouvido sua esposa gritando e também sua filha, que se mostrava em pânico. Quando chegou ao banheiro, Marcelo explica que viu Isabele caída e gritou para que acionassem o Samu.
 
Ainda naquele momento, Marcelo afirmou não ter percebido que a menina havia sido atingida por um tiro, já que não havia sangue nem marca. Ele então iniciou procedimentos repassados pelo atendendo do Samu.
 
Ainda conforme o depoimento, Marcelo disse que sentiu uma “bola” na nuca da menina, mas continua a proceder com a massagem cardíaca e medir a pulsação. Depois, um médico conhecido chegou e constatou o óbito.
 
Marcelo disse só ter percebido que ela havia sido atingida por um disparo, quando foi questionado pela equipe do Samu. Ele ainda disse ter ouvido, mas não se lembra de quem, que a menina havia sido atingida por um disparo de arma de fogo.
 
Somente depois, segundo o empresário, é que ele ficou sabendo que o tiro partiu da arma que havia pedido para sua filha guardar.
 
O empresário pontuou ainda que não fez uso de bebida alcoólica ou entorpecentes no dia do fato. Acrescentou também que não houve desentendimento ou qualquer tipo de briga naquele dia.
 
Por fim, Marcelo disse que é comum em sua casa que seus filhos transportem armas de fogo que seriam utilizadas no tiro esportivo, mas somente quando iriam fazer treinamento ou quando determinado por ele, acreditando que nenhum dos menores o desobedeça.

O caso

Segundo informações da Polícia Judiciária Civil, por volta das 22h30 Isabele já foi encontrada sem vida no banheiro da casa. A amiga informou à Polícia que efetuou o disparo acidentalmente contra a colega.
 
Isabele morreu com um tiro na cabeça, efetuado pela amiga ao manusear uma pistola PT 380, dentro do condomínio Alphaville I, no bairro Jardim Itália, em Cuiabá.
 
Das sete armas encontradas na residência, duas delas não estavam com o registro no local e por este fato, o proprietário foi preso em flagrante por posse ilegal de arma de fogo de uso permitido. Ele foi conduzido à DHPP e autuado pelo crime, que é afiançável. Depois de pagar a fiança, foi liberado.
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