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Maestro diz que ‘perda’ de obras é ‘mancha na história’ que não aconteceria se ele fosse vice-prefeito

da Redação - Isabela Mercuri

O maestro Fabrício Carvalho, que foi por muitos anos pró-reitor de cultura da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e é, hoje, candidato a vice-prefeito na chapa de Gisela Simona (PROS), classificou a retirada da Árvore de Todos os Povos, de Wlademir Dias-Pino, e o apagamento de um mural de Adir Sodré após reforma na Praça Oito de Abril como uma “mancha na história da cidade”, que não tem volta. Segundo ele, a causa pode ter sido falta de conhecimento e, caso ele estivesse na vice-prefeitura, isso não aconteceria.

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“Eu lamento profundamente. E aí como artista, não como candidato, como artista eu lamento profundamente. Foi um desserviço. Eu acho que eles não entenderam, não sabiam o que era aquilo, acharam que era sei lá, alguma coisa... não entenderam aquilo como uma obra de um dos maiores artistas do intensivismo brasileiro”, afirmou. Wlademir Dias-Pino ganhou o título de doutor honoris causa pela UFMT, em processo feito pelo próprio Fabrício.

“Passar aquela tinta verde na obra do Adir é de uma agressão monstruosa com a história de Cuiabá. O Adir talvez represente como ninguém a cultura das artes plásticas brasileiras, referendado em Cuiabá. Um artista que nasceu do Ateliê Livre da UFMT, nessa grande efervescência da década de 80, provocada por Aline e por Humberto, e principalmente por Dalva. Dali nasce Gervane, dali nasce Adir, Benedito Nunes... a gente perdeu Benedito Nunes, a gente perdeu o Adir, como é que a gente repõe isso historicamente? Não repõe. Isso é uma mancha na história da cidade, por falta de sensibilidade. Por falta de conhecimento”, lamentou.

A ‘Árvore de Todos os Povos’, escultura de Wlademir Dias-Pino, foi retirada da Praça Oito de Abril em dezembro de 2019. Em setembro deste ano, o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) disse ao Olhar Direto que a obra foi perdida, e será feita uma réplica para colocar no lugar. Já em relação ao mural de Adir Sodré, a Secretaria de Cultura está em contato com a família para decidir o que fazer, já que não será possível a ‘raspagem’ da tinta verde que está por cima da obra.

Árvore de Todos os Povos, de Wlademir Dias-Pino (Foto: Reprodução)

Chafariz foi colocado no lugar da obra (Foto: Rogério Florentino / Olhar Direto)

Mural de Adir (Foto: Rogério Florentino / Olhar Direto)


Pintura verde em cima da obra em dia de protesto dos artistas (Foto: Rogério Florentino / Olhar Direto)

Para Fabrício, uma conversa de trinta minutos teria evitado o problema. “É falta de gente certa no lugar certo, da sensibilidade. ‘Vamos reformar a Oito de Abril, o que que tem lá?’, chama o secretário, chama o Patrimônio Histórico, faz uma conversa de meia hora na mesa: ‘gente, é isso que tem, o que que a gente pode fazer?’. Não precisa gastar dinheiro com grandes estudos, basta ter sensibilidade e compromisso com as coisas. Então eu acho que foi um desserviço à cidade, não volta mais”, lamentou. “Como é que a gente repõe? Não repõe. Isso é uma mácula que vai ficar”.
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