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Poconeano é um dos primeiros vacinados contra Covid-19 nos EUA e reforça gravidade da doença

Da Redação - Vinicius Mendes

O médico poconeano Wagner Guimarães é um dos primeiros brasileiros a serem vacinados contra a Covid-19 no mundo. Há quatro anos morando no sul do Estado do Texas, nos Estados Unidos, ele atuou na linha de frente do combate à doença. Ele comemorou os resultados dos testes da CoronaVac no Brasil e espera que a população acredite na importância da vacinação e na gravidade da doença.
 
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Wagner mora em uma cidade na fronteira com o México. Ele contou que tomou a primeira dose da vacina ainda no mês de dezembro de 2020, antes do Natal, e a segunda tomou hoje (8). Ele disse que em sua região estão sendo aplicadas as vacinas da Pfizer e da Moderna.
 
Os profissionais da saúde são o grupo prioritário para a vacinação e por isso Wagner teve a oportunidade de ser vacinado, sem custos. Nos Estados Unidos o acesso à saúde não é gratuito a todos. Wagner afirmou que não teve qualquer reação adversa à vacina, apenas uma leve dor na região da aplicação. Ele contou que após a primeira dose teve que manter os protocolos de prevenção.
 
“É muito importante continuar com medidas de prevenção, isolamento, etc, mesmo que tome a vacina, porque tem estes 14 dias que pode se infectar igual como se não tivesse tomado a vacina. Foi isso que os estudos mostraram”.
 
O médico disse que se sentiu aliviado em finalmente tomar a vacina. Trabalhando na linha de frente ele viu diversos casos se complicarem e agora sente mais segurança de que não levará o vírus para sua família.
 
“Antes de tudo é isso, pensando na família, tomando a vacina para não levar esse vírus para casa, então acho que é um alívio para nós que trabalhamos na linha de frente. Espero que isso possa ser passado à população toda logo, que todos possam tomar a vacina e podermos voltar à vida normal”.
 
O mato-grossense comemorou os resultados da CoronaVac no Brasil e disse esperar que a população tome a vacina, também pelo fato de ter familiares no Brasil. Ele afirmou que entende as pessoas que duvidam da vacina, mas que isso ocorre porque não são pessoas informadas e acabam acreditando nos mitos.
 
“É uma coisa difícil, é algo novo, é uma vacina que utiliza novas tecnologias. Temos vacinas de anos atrás que utilizavam o vírus morto, atenuados, ou dormentes, hoje em dia vem essa vacina que usa material genético, então se espera que a população que não tem tanta informação fique com medo. Se tem gente da área de saúde que tem medo, imagina quem não tem conhecimento, de acreditar que vão mudar o DNA ou algo assim, mas não é nada disso".
 
Ele disse que, assim como no Brasil, com o presidente Jair Bolsonaro colocando dúvidas sobre a vacina, nos Estados Unidos o presidente Donald Trump fez a mesma coisa meses atrás. No entanto, a seriedade da pandemia mudou isso. Nesta quinta-feira (7) os Estados Unidos bateram um novo recorde de mortes pela doença.
 
Wagner disse que se lembra muito bem de quando os casos começaram a aumentar exponencialmente. Ele contou que o perfil da população de lá, com muitos casos de obesidade, resultou em vários casos com complicações.
 
“Quando começou a pandemia na minha região, que é do tamanho de Cuiabá e Várzea Grande mais ou menos, apareciam poucos casos, poucas mortes, mas de julho a outubro aumentou muito. Os hospitais, mesmo com as medidas de isolamento que foram instituídas obrigatoriamente, lotaram. O hospital onde trabalho tem 200 camas, tínhamos 180 pacientes com Covid-19, e destes uns 40 eram de UTI. Antes a UTI tinha 20 camas, mas aumentou a capacidade. Vimos que a maioria das pessoas que necessitam intubação são pessoas obesas, com problemas crônicos, na verdade a população aqui é bastante obesa, e a obesidade vem junto com pressão alta, diabetes, e outros problemas, esses são os que ficam mais tempo no hospital”.
 
Ele trabalha no atendimento dos pacientes que chegam ao hospital, na regulação, antes da internação. Wagner disse que os protocolos de prevenção são rigorosos e eficazes, já que poucos profissionais se infectaram no local.
 
O médico ainda disse que é importante que as pessoas tenham noção da gravidade da doença. Ele afirma que os efeitos podem variar de pessoa para pessoa, então nunca se sabe quando um caso pode gerar complicações e necessitar de internação, ou mesmo chegar a óbito.
 
“A resposta do vírus pode ser de uma gripe normal, tem muitos pacientes que chegam com sintomas leves. Mas às vezes a pessoa chega bem ao hospital, e depois de alguns dias piora, de repente esta pessoa tem que ser entubada, então cada pessoa é diferente. Para os mais jovens realmente muitas vezes é só uma gripe leve mesmo, mas a maioria dos pacientes que tratamos já tem outros problemas e acaba necessitando vários dias de tratamento”.
 
“Muita gente acha que a Covid-19 não existe, que não é séria, mas a doença varia de pessoa para pessoa, você não sabe como vai ser com você, quais problemas pode ter, já vimos pessoas de 30 a 40 anos que o quadro teve complicações, a pessoa sem histórico de problemas médicos, nenhuma comorbidade, sendo entubadas. Então é relativo, pessoas sem problemas médicos também podem ter complicações”.
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