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Edna diz que anúncio de vacina é “encenação” e exige detalhes sobre plano de imunização

Da Redação - Isabela Mercuri

Após o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) anunciar que a vacinação contra o novo coronavírus (Covid-19) deve acontecer na próxima quarta-feira (20), caso a Anvisa autorize o uso emergencial do imunizante, a vereadora Edna Sampaio (PT) se manifestou, afirmando que a fala foi uma “encenação”, e exigiu que o município divulgue um plano de imunização detalhado. Segundo a petista, não há doses suficientes para todos.

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O anúncio de Emanuel veio após reunião do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, com os prefeitos. A vacinação, segundo ele, deve ser feita com imunizantes Coronavac e Oxford/Aztrazeneca. Inicialmente, há oito milhões de doses anunciadas para todo o Brasil, que devem ser distribuídas proporcionalmente.

A secretária de saúde de Cuiabá, Ozenira Félix, afirmou via assessoria de imprensa que o Plano Municipal de Imunização já está pronto, e será entregue ao prefeito para avaliação. “Vou me reunir com o prefeito para apresentar as propostas que foram desenvolvidas para a imunização. Assim que ele decidir e validar, faremos a divulgação para todos”, comentou.

Edna, no entanto, se mostra apreensiva com as informações. Ela apontou preocupação com a falta de um planejamento, tendo em vista que se trata de um tipo de imunização inédita, e questionou a existência de doses suficientes. A vereadora informou que está analisando o orçamento da prefeitura para este ano para levantar o montante destinado ao combate à Covid-19 na capital, e que vai cobrar do executivo a apresentação do plano de vacinação para a apreciação da Câmara, já que ele demandará recursos específicos.

Na noite de quinta-feira (14), o Grupo de Trabalho Saúde e Vacinação, que compõe o Mandato Coletivo Edna Sampaio pela Vida e por Direitos, se reuniu com os médicos Cor Jesus e Francisco José Dutra Souto, coordenadores do ensaio clínico da vacina Coronavac junto ao Hospital Universitário Júlio Muller (HUJM) para discutir as possibilidades de uso do imunizante (desenvolvido pelo Instituto Butantã e pelo laboratório Sinovac) e de outras vacinas em teste.

O grupo de trabalho decidiu que vai convocar o Comitê De Enfrentamento à Covid-19 da Prefeitura Municipal de Saúde, o Conselho Municipal de Saúde e mobilizar outros parlamentares, além de encampar a campanha #Vacinajacuiaba, voltada à mobilização da população.

“Não é só uma questão de ter seringa, de ter pessoal para vacinar. O SUS tem uma estrutura para vacinar, mas precisa ter um plano e nele os critérios de vacinação. Quanto vai dar para cada capital? Quem vai se vacinar primeiro? Tem que ter uma estratégia para identificar esse público, fazer a gestão da quantidade de doses e a organização do sistema de vacinação”, disse a vereadora.

Edna critica a politização do assunto das vacinas, tanto pelo prefeito de Cuiabá quanto pelo governador Mauro Mendes (DEM) e pelo Ministério da Saúde. “Eles estão fazendo uma encenação mesmo, porque não tem nada de consistente que possa nos indicar que a vacina vai realmente acontecer. Nós precisamos começar a ficar espertos. Eles querem mostrar que estão cuidando da vacinação, mas nosso papel é mostrar que, na verdade, não tem vacina para todo mundo”.

Na opinião da vereadora, a discussão está “muito nebulosa”. “Todo mundo falando que está tudo ok, o governo do Estado diz que está preparado para a vacina, que tem já três milhões de seringas, mas não apresentou também um plano de vacinação nem disse que dia que começa”, disse. “Nós temos a eficácia garantida, mas a eficiência, que depende do poder público, ainda não temos”.

A preocupação de Edna também é em relação ao número de doses. Pelas contas dos pesquisadores, se dividido percentualmente pela população brasileira (cerca de 200 milhões de habitantes), este montante resultaria em cerca de 37 mil doses para o município de Cuiabá, atingindo somente cerca de 18 mil pessoas, já que são necessárias duas doses.

O grupo questiona a autonomia do Estado e da Prefeitura para a compra direta, que foi autorizada pelo STF, defende a gratuidade e oferta pelo SUS para combater privilégios. “Não podemos nem ventilar a possibilidade de uma vacinação privada, pois aí nós vamos ter quem pode pagar comprando os estoques de vacina e quem não pode pagar dependendo de um sistema que fica ‘capegando’ porque nenhuma autoridade assume a responsabilidade sobre esta vacinação”, disse. 
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