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Feminicídios deixaram 20 pessoas órfãs em MT neste ano; seis de apenas uma mãe

Da Redação - Wesley Santiago

De janeiro a março deste ano, 20 filhos perderam as mães assassinadas pelo simples fato de serem mulheres, sendo a maioria deles menores de idade. Os dados constam em um estudo detalhado da Superintendência do Observatório de Segurança Pública, vinculada à Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp-MT), sobre os casos de feminicídio em Mato Grosso.  

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Em três casos distintos o assassino foi o próprio pai, totalizando seis filhos com a mãe morta e o pai preso pelo crime ou foragido. Uma das 12 mulheres vítimas do feminicídio deixou seis filhos, alguns adotados, outros de pais diferentes, que estão sem a presença dela. Apenas três das 12 mulheres mortas não tinham filhos.
 
Os assassinatos ocorreram em 11 dos 141 municípios do estado. São eles: Santo Antônio de Leverger, Querência, Ribeirão Cascalheira, Colíder, Juara, Novo Horizonte do Norte, São José do Rio Claro, Campo Verde, Rondonópolis, Sorriso e Sinop. Este último registrou dois casos.
 
A maioria das vítimas morreram no fim de semana. Sete foram assassinadas dentro da própria casa e cinco em via pública. A mais jovem tinha 17 anos, a mais idosa, 75 anos, e a maioria de 30 a 45 anos. Arma branca (facas), outros (qualquer coisa que vier à mão) e força muscular foram os meios utilizados pelos assassinos. Apenas 8% usaram arma de fogo.
 
Medida protetiva
 
Oito das 12 vítimas de feminicídio foram mortas por motivo passional, 3 por rixa e 1 por motivo fútil, conforme as investigações. Em 100% dos casos, os autores do crime foram identificados.
 
Apenas uma das 12 mulheres assassinadas tinha registro de concessão de medida protetiva, enquanto 11 não possuíam, o que representa 83% das vítimas.
 
Em estudo recente sobre as mulheres vítimas de feminicídio em 2020, das 62 mulheres que perderam a vida nesta modalidade de crime, apenas 10 tinham medida protetiva, enquanto 52 não tinham proteção, seja porque não fizeram boletim de ocorrência ou porque não foram amparadas pelo direito da Justiça.
 
Além disso, 79% das vítimas não possuíam registros anteriores de violência doméstica, ou seja, nunca tinham feito boletim de ocorrência contra o agressor e apenas 13% tinham registros de ameaça, porte de arma ou vias de fato.
 
Conforme a superintendente do Observatório de Segurança Pública, Tatiana Eloá Pilger, romper o silêncio pode sim fazer a diferença entre viver ou morrer.
 
“A maioria das vítimas de feminicídio estavam caladas, não denunciaram o agressor e não tinham medidas protetivas. Por mais difícil que seja, é necessário denunciar, buscar ajuda. A gente tem percebido que esse crime tem ocorrido mais no interior do que na capital. Muitas não buscam expor a família ao denunciar a agressão, têm dependência financeira do agressor, não têm apoio familiar, mas denunciar ainda é melhor caminho e pode fazer a diferença para colocar limite na ação do homem”.

Outros dados

Os registros de homicídios dolosos contra vítimas femininas aumentaram 78% em Mato Grosso, sendo 16 casos este ano, contra 9 no ano anterior. Já o número de feminicídios diminuiu 14% entre janeiro a abril de 2021, em comparação com o mesmo período de 2020, sendo registrados 18 e 21 casos, respectivamente.

Os dados são da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp-MT) e foram tabulados pela Superintendência do Observatório de Segurança Pública, vinculada à Adjunta de Inteligência. No total, houve 34 mortes de mulheres no estado, nos quatro primeiros meses de 2021. Já nos mesmos períodos de cada um dos dois anos anteriores, foram registrados 31 casos.

Deste total, em 29% dos crimes os autores utilizaram arma cortante ou perfurante; 24% arma de fogo; 26% usaram outros meios; força muscular e arma contundente foram empregados, cada um, em 9% dos casos; e 3% utilizaram um veículo automotor.
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