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Grafiteiro que sofreu ameaças por pintar 'Bolsonaro Genocida' tem arte estampada em camisetas de protesto

Da Redação - Pedro Coutinho Bertolini

No início de junho, Jean Siqueira pintou um grafite no centro de Cuiabá com a frase “Bolsonaro Genocida” e a partir de então começou a sofrer diversos tipos de ameaças. No dia do fato, inclusive, um policial militar o ameaçou com uma arma em mãos. Agora, o “Movimento Fora Bolsonaro e Vacina Já’, que protesta contra o presidente por todo o país, se solidarizou com o artista e estampou a arte em camisas que serão usadas nas manifestações.

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“Bolsonaro Genocida”

Jean Siqueira contou ao Olhar Direto que, no início deste mês, teria sofrido ameaças de um policial após ter finalizado a pintura de um grafite no muro de um imóvel abandonado, próximo à sua residência, na rua Pedro Celestino, Centro de Cuiabá, com a frase “Bolsonaro Genocida”.

O artista tinha acabado a pintura e seguia para sua casa, próximo ao imóvel em questão quando um policial, dirigindo um Honda Civic, parou o carro e começou a filmar Jean e seu amigo, proferindo ameaças alegando que o que ambos tinham feito ali era crime.

Surpreso com a abordagem e imaginando que o homem poderia ser dono do imóvel, Siqueira retrucou e questionou qual crime ele teria cometido. “Não sou dono do imóvel, mas o que aquilo que você fez é crime. Xingar o presidente de genocida é crime”, disse o agente.

Sem acreditar na situação, Jean conta que riu do suposto crime que teria cometido. “Você está brincando com minha cara né? Se for crime, chama a polícia”, disse o artista.

O agente então disse que se quisesse, chamaria a guarnição. Jean retruca dizendo que poderia chamar, porque na ocasião, quem estaria cometendo crime era o policial que parou o carro sem motivos e começou a fazer ameaças.

Neste momento, Siqueira conta que o homem tirou uma arma do porta-luvas do carro e colocou no entre suas pernas. “Eu perguntei se ele estava me ameaçando. Ele disse que estava com a pistola no colo porque eu xinguei o presidente. Eu falei, cara, já fui convidado para fazer grafite na Rotam, já tatuei um monte de PM, Coronel e você vai ficar me ameaçando?”, indagou Jean.

O PM então questionou como o artista que tem tantos conhecidos do Batalhão poderia estar pintando frases xingando o presidente. “Porque seus amigos tem uma opinião eu tenho que ter a mesma?”, retrucou Jean. Nesse momento o PM comecou a filmar a situação e fez outra ameaça ao artista “Você tem que ficar esperto”.

Jean explicou que também pegou seu celular e filmou a placa do carro do policial. Neste momento, o ameaçador foi embora dizendo “vamos ver se não vão apagar esse grafite”.

Horas depois, seu amigo que o acompanhava estaria indo para casa quando o PM e outra pessoa, próximos ao grafite, começaram a xingá-lo. “Seu noiado, pixador bunda mole, vem aqui, você não é homem?”.

Diante da situação, Jean fez todos os procedimentos necessários como Boletim de Ocorrência e notificação do caso na delegacia. Horas depois, o agente teria feito uma conta falsa de Instagram para xingar o artista: “Seu filho da puta, o que é seu tá guardado”.

Após as ameças e violências, Jean conta que agora, pessoas passam em frente a sua casa gritando “Brasil”, viaturas da polícia militar param em frente a residência e disparam a sirene. Ele acredita que a foto da pintura e da sua casa esteja rodando por grupos vinculados ao PM.

A corregedoria da Polícia Militar já está a par do caso e instaurou processo para investigar o ocorrido.


Arte no movimento

As camisas podem ser encomendadas pelo Wpp  65 981192558. O dinheiro das vendas será convertido em apoio financeiro aos protestos, marcados para este sábado (19) em oposição ao presidente da República, Jair Bolsonaro. As manifestações ocorrem em todo país.

Na capital, o ato começou as 6h da manhã na Avenida Prainha, no Centro. As 8h, ocorreu uma carreata que se iniciou em frente ao Sesc Arsenal. As 10h aconteceu a concentração para a caminhada dos manifestantes.


 
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