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Notícias / Meio Ambiente

Pesquisa aponta macaco-prego como espécie com maior mortalidade durante os incêndios no Pantanal em 2020

Da Redação - Marcos Salesse

Os primeiros resultados da pesquisa sobre os impactos dos incêndios na fauna da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN Sesc Pantanal)  mostram que o macaco-prego está entre os animais com maior mortalidade na área após os incêndios de 2020. Os pesquisadores também constataram a expressiva presença de animais vivos após a passagem do fogo, resultado da atuação da brigada existente há mais de 20 anos.

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O trabalho de pesquisa foi feito pelo Grupo de Estudos em Vida Silvestre (GEVS) e percorreu 400 km nos 108 mil hectares da maior reserva particular do Brasil para contar as carcaças em 423 parcelas de 1 hectare cada. Ao todo, foram encontradas 550 carcaças dentro das parcelas e 651 aos arredores e no trajeto. Dessas, a maior parte é de mamíferos, seguido de répteis e aves. O maior número detectado em uma parcela foi de 39 carcaças.

Os primeiros dados trazem a estimativa de três espécies de animais mortos  - jacaré, macaco-prego e queixada - e considerou como determinante para isso a distância de locais com água, devido à seca, e a severidade do fogo. Segundo a pesquisa, na área da reserva, equivalente à cidade do Rio de Janeiro, a estimativa é que tenha morrido 3.616 jacarés, 6.743 queixadas e 9.577 macacos-prego. 

De acordo com o biólogo, doutorando em Ecologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Ismael Brack, animais de médio e grande porte parecem ter sido mais afetados nos tanques e em áreas mais secas e florestais. "A severidade dos incêndios influenciou as fatalidades e se o combate não tivesse sido feito seria mais severo e as mortes também", avalia ele.

O diretor-geral do Departamento Nacional do Sesc, Carlos Artexes, destacou o esforço dos brigadistas no momento dramático vivido em 2020 e a importância das parcerias na pesquisa. "O Sesc tem o compromisso com a questão socioambiental e o que aconteceu no ano passado é um alerta para o futuro. A regeneração do Pantanal depende da natureza, de políticas públicas e união de todos que defendem a natureza e produzem conhecimento", completa. 

Além do Sesc Pantanal e o GEVS, a pesquisa é realizada por meio do apoio com o Instituto Ipê, Ampara Silvestre, ONG Mata Ciliar, SOS Pantanal, ONG É o Bicho, Instituto Curicaca, Fiocruz, Museu Nacional/UFRJ, UFGRS e Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).

Entre as ações previstas nas etapas futuras está o monitoramento em ampla escala, avaliação do uso do espaço por grandes predadores (onças-pintadas e pardas) e espectro de presas, estimativa do tamanho das populações de grandes mamíferos, com destaque para o cervo-do-pantanal, na condição pós-incêndio e estimativa populacional e do uso do espaço pelo jacaré-do-pantanal, na condição pós-incêndio.
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