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Variante colombiana identificada em MT pode ter maior potencial de transmissão; veja detalhes

Da Redação - Wesley Santiago

A variante VOI B.1.621, cepa colombiana, identificada em dois membros das delegações de Colômbia e Equador, que fizeram testes em Cuiabá para a Copa América de 2021, pode ter um maior potencial de transmissão, segundo os indícios encontrados até agora. Reportagem da Folha de S. Paulo aponta que ainda são necessárias investigações mais profundas.

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Pela falta de estudos realizados até agora, essa variante é classificada pela Organização Mundial da Saúde como em alerta para mais monitoramento.
 
Os indícios apresentam modificações nas posições 484 e 501 da proteína chamada Spike. Tais particularidades podem estar associadas a um maior potencial de transmissão, mas para se ter certeza, mais investigações são necessárias.
 
"Ainda é cedo para tal afirmação. As mutações na proteína Spike são características que podem estar associadas a maior transmissibilidade, dependendo da posição", explica Jesem Orellana, pesquisador da Fiocruz-Amazônia.
 
Ele reclama da demora para se identificar a nova variante, o que impede a realização de um estudo mais profundo sobre sua disseminação no Brasil.
 
"O atraso na divulgação desses resultados faz a vigilância genômica perder um pouco o sentido. O problema é que quando o caso em questão foi inicialmente identificado, não se sabia que se tratava da variante B.1.621 e, com isso, a fonte de infecção e a rede de contatos podem não ter sido exaustivamente rastreados para evitar eventual dispersão, não apenas entre brasileiros, mas também entre pessoas de outros países, fomentando o 'troca troca' de variantes com pessoas de outras regiões da América do Sul", afirmou Orellana.
 
A Secretaria de Estado de Saúde (SES/MT) confirmou a identificação da cepa colombiana nos dois membros das delegações de Colômbia e Equador, que estiveram em Cuiabá e testaram positivo para a Covid-19 em exames realizados na cidade.
 
“Os casos positivos para Covid-19 seguiram as recomendações de isolamento e foram monitorados pela equipe da Vigilância Epidemiológica do município de Cuiabá. Todas as informações do monitoramento foram repassadas diariamente ao Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde nacional, estadual e municipal”, diz trecho da nota.
 
"Não se sabe onde esse caso se infectou, quem pode ter sido sua fonte de infecção e quantas pessoas foram infectadas. Agora só nos resta torcer para que o pior não aconteça, diante de tamanha irresponsabilidade sanitária. Muito provavelmente o Brasil aumentou o seu vasto repertório de variantes de preocupação que circulam no país", completa o pesquisador Jesem Orellana.
 
Variante
 
A análise foi feita pelo Instituto Adolfo Lutz, de São Paulo. Os testes positivos foram de um colombiano e um equatoriano. As duas seleções se enfrentaram no dia 13 de junho, em Cuiabá, data dos dois primeiros jogos do torneio.
 
A variante encontrada nos testes é originária da Colômbia, mas já chegou no Caribe, nos Estados Unidos e em algumas localidades da Europa. Variantes de interesse, como a B 1.216, são aquelas mutações que precisam ser acompanhadas mas que, até o momento, não trouxeram indicação de desenvolverem formas mais letais ou contagiosas da doença. Há ainda as variantes de preocupação, como a Delta, que têm essas características.
 
No último balanço divulgado pela Conmebol, em 24 de junho, 166 pessoas relacionadas à Copa América estavam com o vírus. Os Estados mandaram para o instituto fazer a sequência de amostras vindas dos jogadores, comissão e delegações dos países.
 
A possibilidade que jogadores estrangeiros que viessem ao Brasil pudessem trazer novas variantes do coronavírus foi um dos motivos para especialistas e autoridades criticarem a realização do torneio no País.
 
Alguns Estados, como São Paulo, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Minas Gerais e Rio Grande do Sul chegaram a vetar a realização de partidas em seus Estados.
 
Após confirmar a identificação da nova variável, o Adolfo Lutz enviou alertas para o Estado do Mato Grosso, território onde o material foi coletado.
 
Críticas de Emanuel
 
O comitê de enfrentamento ao Coronavírus será convocado nesta segunda-feira (12) pelo prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), após a informação de que uma nova variante da Covid-19 pode estar circulando em Mato Grosso, após dois integrantes das seleções da Colômbia e Equador testarem positivo, em exames feitos na cidade, durante a Copa América. O emedebista se mostrou bastante preocupado com a situação.
 
Em entrevista exclusiva ao Olhar Direto, o prefeito disse que esta sempre foi a sua angústia e preocupação com a realização da Copa América em Cuiabá. “Por isso me posicionei contrário desde o início. Foi feito tudo em cima da hora, sem nenhum planejamento ou medida de segurança que pudesse dar proteção para a população”.
 
“Olha o drama que vamos viver com esta nova variante, caso ela seja mesmo confirmada aqui. E claro, o Estadão é um veículo sério, não divulgaria uma informação incorreta. Foi feita a análise no próprio laboratório que a Conmebol escolheu. Agora temos a possibilidade de que uma nova variante tenha entrada na baixada cuiabana, trazida por estrangeiros em virtude da Copa América. Isso é gravíssimo”, acrescentou o prefeito.
 
Emanuel ainda defende que é preciso que o governo seja responsabilizado, já que foi Mauro Mendes (DEM) quem autorizou a realização dos jogos na Arena Pantanal. “Eu alertei, tentei avisar. Tem entrevistas minhas durante todo este tempo falando sobre isto. Mesmo que não houvesse público, as delegações estariam transitando, jornalistas, pessoas se aglomerando em hotéis. Eu alertei”.
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