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Damares lembra estupro que sofreu e diz que MT será primeiro estado a erradicar violência contra crianças

Da Redação - Isabela Mercuri / Da reportagem local - Max Aguiar

A ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos Damares Alves participou, na manhã deste sábado (18), do lançamento do programa Famílias Fortes, na Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM). Na ocasião, ela relembrou o estupro que sofreu aos seis anos de idade, e comemorou o fato de Mato Grosso ter aceitado o “desafio” de se tornar o primeiro estado a erradicar a violência contra crianças no Brasil.

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O objetivo do programa é promover o bem-estar das famílias e a redução dos riscos relacionados a comportamentos problemáticos. O Ministério vai disponibilizar aos municípios, o material para que as equipes das prefeituras possam colocar as atividades em prática, os meios de fortalecer vínculos familiares e garantir proteção social dos adolescentes. A ministra também lançou a Escola de Formação Municipalista da Associação Para o Desenvolvimento Social dos Municípios de Mato Grosso (APDM) em Cuiabá e assinou um protocolo de intenção com a Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM) e APDM, que tem como objeto esforços conjuntos para capacitar os agentes públicos e fornecer apoio para implementar o programa do governo federal nos municípios.
 
“A gente precisava de um estado que falasse que queria sair na frente, e para minha alegria o Mato Grosso disse, sim, a gente quer sair na frente, a gente quer ser o primeiro estado do Brasil a erradicar a violência contra as crianças. Estamos escrevendo uma nova história. Eu acho que daqui a dois anos, quando a gente fizer os indicadores no Brasil da violência contra a criança eu tenho certeza que o mundo vai se surpreender”, afirmou a ministra durante seu discurso.
 
Damares argumentou que a causa é urgente porque o estado tem muitas crianças sendo ‘enterradas vivas’ e outras chorando dentro de casa por serem estupradas. Para isso, afirmou que o primeiro passo é capacitar os servidores para entenderem os sinais que a criança dá quando passa por situações como esta. Foi neste momento que ela relembrou os abusos que sofreu e a sua própria tentativa de suicídio.
 
“Se meus pais tivessem lido os sinais que eu emiti a minha vida teria sido mais fácil. Se quando eu tinha seis anos de idade tivesse um governo com o programa Famílias Fortes minha vida tinha sido diferente. (...) Porque aos seis anos de idade eu fui barbaramente estuprada, eu sei o que é a violência contra a criança. E não faço disso um discurso político. Faço aqui um discurso de apelo de um governo que está preocupado com a infância. Sou filha de pastor e sou pastora também, e estava hospedada  na casa do meu pai e esse homem ficou por dois anos porque ele era um estagiário, meu pai era o bispo e ele estava aprendendo a ser pastor. Por dois anos esse homem me estuprou, abusou de mim, e meus pais não leram os sinais que eu mandei”, relembrou.
 
Segundo a ministra, nem sua família, nem a escola e nem a igreja, suas redes de proteção, perceberam o que se passava com ela, que ficou desamparada e acabou tentando se suicidar aos dez anos de idade. “A minha vida foi um caos e aos dez anos eu tentei suicídio. Suicídio de criança não é novidade no Brasil, suicídio de adolescente não é, o que é a novidade é a nossa coragem de falar e a gente vai enfrentar”, afirmou.
 
“Até quando a gente vai ter criança subindo em pé de goiaba? Porque sim, eu subi em um pé de goiaba para morrer, para chorar. Eu não me matei, eu desci do pé de goiaba diferente porque eu tive uma experiência espiritual, acreditem vocês ou não, eu vi Jesus no pé de goiaba. Alguns veem duendes, eu vi Jesus. Alguns veem coelhinho da Páscoa, eu vi Jesus. A partir daí eu fiz da minha dor a minha luta. Eu fiz da minha dor a minha bandeira, e olha onde eu cheguei”, finalizou Damares.
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