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Foragido há 18 anos, ultimo pistoleiro de chacina na fazenda de Arcanjo é preso pela DHPP; relembre o caso

Da Redação - Wesley Santiago

A Polícia Civil conseguiu prender nesta quarta-feira (09), após 18 anos, Joilson James Lisboa, apontado como um dos pistoleiros responsáveis pelo episódio conhecido como a 'Chacina da Fazenda São João', perto da cidade de Jangada, ocasião em que quatro pescadores foram executados na propriedade do ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro, em 2004. As investigações foram conduzidas pelo Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

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Joilson foi localizado após levantamentos realizados pela equipe do Núcleo de Inteligência da DHPP, que conseguiu encontrá-lo morando no estado do Acre. A Polícia Civil daquele estado passou a monitorar o foragido, até que conseguiu prendê-lo.
 
No momento da abordagem Joilson estava com documentos falsificados. Joilson era o último dos pistoleiros que ainda não havia sido preso.
 
No ano passado, a especializada localizou e prendeu, em Sergipe, Édio Gomes Júnior, o “Edinho”, um dos condenados pelos quatro homicídios e que estava foragido até então.
 
O caso
 
O crime bárbaro foi relatado no processo judicial que culminou nas condenações de vários seguranças da fazenda de Arcanjo. Foram denunciados como executores dos pescadores o gerente do setor de pescas da fazenda, Joilson James Queiroz, e os seguranças Noreci Ferreira Gomes, Valdinei, Evandro Negrão, Édio Gomes Júnior, o “Edinho”, Alderi Souza Ferreira, o "Tocandira", Adeverval José Santos, o “Paraíba”, e Carlos César André, o “Pezão”.
 
Conforme a denúncia, os seguranças vistoriavam os arredores das represas, devidamente armados, ação que era rotineira e ocorria até às 21 horas. No dia do fato, por volta das 20 horas, o grupo teria se dividido em dois, sendo que cada um foi para um lado da represa.
 
O segundo grupo localizou as quatro vítimas pescando, surpreendendo-as com disparos de arma de fogo. Itamir foi o primeiro a morrer, já que o disparo de arma de fogo foi fatal. Outro deles acabou atingido no abdômen, mas não foi a óbito na hora.
 
Após os disparos, os seguranças teriam se reunido para verificarem o que havia ocorrido. As vítimas sobreviventes foram dominadas, tendo mãos e pés amarrados, uma às outras e sob a mira de armas de fogo, momento em que o acusado Edinho telefonou para Joílson, que era um dos administradores da fazenda e narrou o ocorrido da seguinte forma:
 
"Matamos uma capivara e tem três amarradas, se quiser, trás uma faca para tirar o couro"
 
Ao tomar conhecimento do fato, Joílson foi até o local com Noreci, e ordenou que os pistoleiros afogassem as vítimas que haviam sobrevivido aos tiros, afirmando que  fariam isso para que não deixassem pistas do homicídio que vitimou Itamar.
 
As vítimas foram amarradas juntas e jogadas na represa, sem darem ouvido aos gritos de clemência dos pescadores. Acrescenta ainda que, no momento em que as vítimas submergiram, buscando meios de saírem da água, eram impedidas pelos acusados Alderi e Evandro.
 
Após a morte de todos serem constatadas, os seguranças colocaram seus cadáveres no veículo Saveiro e fizeram a desova dos corpos, um a um, na margem da estrada.
 
Ainda conforme a denúncia, os acusados teriam cometido o crime por haver uma associação entre todos eles para que impedissem a pescaria nas represas da referida fazenda e que aqueles que eram pegos, fossem eles empregados ou não do local, eram submetidos às lesões corporais e até mesmo à morte.
 
Os laudos mostram que todas as vítimas foram torturadas, sendo que algumas delas tiveram inclusive traumatismo craniano. Porém, três das mortes foram causadas pelo afogamento na represa. Somente Itamar foi a óbito por conta do tiro.
 
À época da prisão Edinho, o advogado de João Arcanjo, Paulo Fabrini, se posicionou por meio de nota:
 
Acerca da matéria intitulada “Ex-pistoleiro de Arcanjo é preso por envolvimento em chacina com quatro mortos” publicada neste respeitável sítio de notícias, objetivando restabelecer a verdade, a defesa de João Arcanjo Ribeiro vem a público para dizer que:

(i)        O sr. Édio Gomes da Silva, preso na data de hoje, trabalhou como motorista da casa de João Arcanjo Ribeiro até o ano de 2002, oportunidade em que foi desligado das suas funções;
(ii)       Ao que consta, o único crime a que este cidadão responde foi cometido no ano de 2004, oportunidade em que João Arcanjo Ribeiro estava preso e incomunicável no Uruguai e que já não mais trabalhava como motorista;
(iii)      Acerca da mencionada “Chacina da Fazenda São João”, o Sr. João Arcanjo Ribeiro nunca foi indiciado e/ou denunciado pelos fatos ocorridos, pois, como dito, encontrava-se preso e incomunicável no Uruguai;
(iv)      A Fazenda São João, na época dos fatos, era gerenciada pelo Sr. Joilson James Queiroz, que vem a ser irmão do ex-genro do Sr. João Arcanjo Ribeiro, não tendo este último qualquer espécie de ingerência na administração do imóvel naquela época
 
Por fim, trata-se de uma vilania sem precedentes tentar vincular o nome do Sr. João Arcanjo Ribeiro a esta prisão e ao episódio a ela atrelado, uma vez que, repita-se, nunca houve indiciamento e/ou denúncia contra aquele.
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