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"Cesárea teria salvado meu filho": pai aponta negligência após bebê nascer morto em Cuiabá

Da Redação - Bruna Barbosa

Na madrugada dessa quinta-feira (19), Rosiane Roberta Bento de Souza, de 21 anos, grávida de nove meses, foi em busca de atendimento médico no Hospital Santa Helena, em Cuiabá, após a bolsa estourar. Mesmo afirmando que o pré-natal indicava que o bebê estava saudável, Aarão Henrique nasceu morto. Por meio de nota, a unidade hospitalar garantiu que em nenhum momento a paciente foi desasistida pela equipe de profissionais (leia a íntegra abaixo).

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Para o marido dela, Miguel Arcanjo de Souza, de 52 anos, a mulher foi vítima de violência obstétrica e negligência médica. O jardineiro lamenta que momentos antes do parto, a criança estava chutando e médicos conseguiram constatar que o coração estava batendo. 

“Um dos médicos apertou muito a barriga dela, com muita força. Antes disso, o bebê estava chutando, talvez tenha morrido nessa hora. Era para ter feito uma cesárea, teria salvado meu filho. Mas não fizeram”, desabafa. 

Rosiane ainda está internada em observação no Hospital Santa Helena. De acordo com Miguel, os dois não sabem a causa da morte de Aarão e que o obstetra afirmou que o bebê havia nascido “cansado”. 

“Tentaram reanimar, mas ele já estava morto. Vemos que foi negligência mesmo, porque estava tudo bem. Esperamos muito por esse guri, planejamos muito, fizemos tudo direito. Foi um choque, um choque mesmo”, lamenta. 

Horas de contrações e dores 

Rosiane deu entrada no Hospital Santa Helena às 3h, onde foi orientada a aguardar. O parto normal aconteceu às 18h, mas a mãe não ouviu o tão sonhado choro do bebê, que avisa sobre sua chegada. 

“Ela chegou primeiro, mas muitas pessoas passaram na frente. Ela ficou lá sofrendo, sentindo dor e chorando”, conta o marido. 

Miguel trabalha em um sítio no distrito de Água Fria, em Chapada dos Guimarães (a 64 km de Cuiabá). Após receber uma ligação da esposa, seguiu viagem para a Capital. 

“Enquanto vim de lá para cá, nesse intervalo, ele [o médico] tirou o neném e ele estava morto. Antes do parto, o médico examinou os batimentos, estava tudo normal”, conta. 

Rosiane estava morando no bairro Osmar Cabral, em Cuiabá. Miguel lamenta que deixou a esposa na Capital para que ela tivesse acesso à atendimento médico com facilidade e, mesmo assim, o filho tenha morrido. 

“Ela ficou em prantos, era o primeiro filho dela. Falou que estava com medo de entrar em depressão, porque quando a conheci, ela tinha depressão. Lutamos muito”. 

Rosiane afirma ter sentido que os médicos agiram com violência e agressividade pela forma com que apertaram sua barriga antes do parto. O casal agora pretende buscar por Justiça. “Seria bom acionar a Justiça, porque alguém tem que pagar por isso. Meu neném não vai voltar mais, ele já se foi. Mas pedimos por outras mães. Isso não pode ficar impune assim”.

Leia a nota do Hospital Santa Helena na íntegra:

"O Hospital Beneficente Santa Helena(HBSH) vem a público prestar esclarecimentos quanto ao atendimento da paciente Roseane Roberto Soares, ocorrido na última quinta-feira (19.05).

Em nenhum momento a paciente foi desasistida por nossa equipe de profissionais, sendo realizada toda assistência à mesma, conforme consta no boletim de entrada da paciente.

Esclarecemos ainda que todos os protocolos médicos recomendados para o caso foram plenamente seguidos de forma correta e em tempo hábil. O corpo do bebê foi encaminhado ao Serviço de Verificação de Óbito (SVO) para apurar a causa da morte.

O Hospital Beneficente Santa Helena se solidariza com os familiares pela perda e se coloca à disposição prestando suporte e acolhimento neste momento de profundo sofrimento."
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