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Notícias / Meio Ambiente

Terras indígenas de MT estão entre as mais ameaçadas pelo desmatamento na Amazônia, aponta relatório

Da Redação - Michael Esquer

Das 10 terras indígenas (TIs) mais ameaçadas pelo desmatamento no primeiro semestre deste ano na Amazônia Legal, duas delas estão localizadas em Mato Grosso. Trata-se da TI Batelão e TI Enawenê-Nawê, respectivamente, do povo Kawaiwete, também conhecido como Kaiabi, e Enawenê-Nawê.

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O dado consta em levantamento que integra o Estudo “Ameaça e Pressão de Desmatamento em Áreas Protegidas”, publicado trimestralmente pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). O relatório é feito com base em dados de alertas de desmatamento do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) e um relatório anual com dados detalhados. 

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Conforme os dados, ocupando a sétima colocação no ranking, a TI Batelão, registrou seis células de ameaça. Em nono lugar, está a TI Enawenê Nawê, também com seis células. Em primeiro lugar, segundo e terceiro aparecem, respectivamente, a TI Trincheira/Bacajá (PA), a TI Waimiri Atroari (AM/RR) e TI Baú (MT). 

De acordo com o Imazon, a ameaça é a medida do risco iminente de ocorrer desmatamento no interior de uma AP. Utilizamos uma distância de 10 km para indicar a zona de vizinhança de uma AP na qual a ocorrência de desmatamento indica ameaça. 

TI Batelão 

A TI Batelão está localizada entre os municípios de Juara, Nova Canaã do Norte e Tabaporã. Conforme reportagem da Operação Amazônia Nativa (Opan), em 2020, a TI possuía 40% de seu território sobreposto por imóveis rurais cadastrados no SIMCAR/MT. Com base nos dados do Sigef existem 21 imóveis cadastrados em sobreposição à TI Batelão. Desses, 20 submeteram sua certificação justamente partir de abril de 2020, quando começou a tramitação de medidas legislativas anti-indígenas  colocadas em pauta no primeiro semestre. 

Ainda conforme a Opan, a TI Batelão está ameaçada pelo desmatamento ilegal e por focos de focos de calor. Naquele ano, três alertas de desmatamento foram emitidos pela Coordenação Geral de Monitoramento Territorial da Funai (CGMT/Funai). O objetivo do desmate foi a abertura de estradas e a expansão de áreas alvo da prática de degradação (corte seletivo) localizadas dentro da TI Batelão.

TI Enawenê Nawê

A TI Enawenê Nawê, por sua vez, situa-se entre os municípios de Comodoro, Juína e Sapezal. Esta área encontra-se no vale do rio Juruena, formador do rio Tapajós, na porção noroeste do Estado de Mato Grosso. A TI Enawenê Nawê tem como vizinhos mais próximos os povos Menky, Nambikwara, Rikbaktsa, Iranxe e Cinta Larga, conforme o site Povos Indígenas no Brasil.

Ainda conforme o portal, a TI foi demarcada deixando de fora áreas de suma importância sociocultural, como a do Rio Preto e suas cabeceiras. A demarcação se deu com base em estudos incipientes, calcados principalmente sobre as primeiras coletas de dados empreendidas pela MIA (posteriormente OPAN) após o ‘contato’.
 
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