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Notícias / Variedades

Tudo é tela: como a tecnologia nos mantém conectados sempre

Da Redação

Nada mais comum hoje do que, assim que acordamos, pegarmos o celular que está na mesa de cabeceira. Em seguida, alguns minutos (ou mais) de redes sociais de todo tipo, desde conteúdo inofensivo de danças no TikTok até posts sérios sobre guerras e crimes no X (ex-Twitter) – e todo um mundo, além disso.
 
Não, este não é um artigo clichê de “todo mundo anda com o nariz enfiado no celular!”. É apenas uma mera observação de que estar desconectado se tornou raro, e isso tem consequências de todos os lados.

No momento histórico que vivemos, há conteúdo de todo tipo esperando para ser explorado, e é inegável que muito dele é negativo – é só ver os conflitos armados em várias partes do mundo, e que nunca foram tão divulgados.
 
Um estudo da ExpressVPN aponta que nunca estivemos tão interessados em crimes quanto antes – até por isso estilos como os True Crimes, ou seja, histórias de crimes reais, têm ganhado tanta notoriedade nas telas. Esse conteúdo pode ser abordado das mais diversas formas, em podcasts, documentários, séries e até dramatizados em filmes. E assistidos na televisão, no computador, celular ou tablet.
 
As telas, diga-se, viraram o todo; é a realidade de trabalho para muitos, e nos momentos de relaxamento, elas continuam lá – seja para checar o feed do Instagram, seja para ver um filme ou passar algumas horas imerso em um game.
 
Claro que não tem cabimento fazer uma comparação sofista direta entre a guerra na Ucrânia e um caso exibido no “Linha Direta”, mas é notável que, com o acesso à informação ganhando cada vez mais poder e sendo democratizado, cada vez mais pessoas se interessam por assuntos dos mais diversos. E as empresas de conteúdo, com seus dados, estão prontas para dar o que as pessoas querem.
 
As teorias da conspiração (quase todas políticas em algum nível, é verdade) pipocando por aí deixam claro que a disseminação da informação, falsa ou não, é uma arma que tem sido usada por todos os lados, sejam eles quais forem.

Interesse pelo lado negativo e violento da sociedade todos temos, em maior ou menor grau, e isso é inegável. Desde a Era Vitoriana, isto é, na Inglaterra de meados do século XIX que os jornais publicavam histórias de crime como se fossem novelas. Foi assim que nasceu um dos primeiros casos de serial killer mais famosos do mundo, o de Jack, o Estripador.
 
Os meios mudaram e evoluíram, atingindo cada vez mais pessoas, mas o interesse, não. A principal diferença é que, dos folhetins, as histórias de assassinato, sequestro, tortura e afins saíram das páginas para ganharem as ondas de rádio, canais de TV e, mais recentemente, páginas de internet, streaming e podcasts.
 
Não por acaso, o gênero True Crime foi crescendo com a tecnologia midiática. Se os londrinos dependiam “apenas” de Jack, o Estripador nos jornais para alguns minutos de “entretenimento sangrento”, hoje nós temos acesso a literalmente centenas e centenas de histórias de crimes vindas de todos os lados.
 
Os streamings, em especial, perceberam o valor desse tipo de conteúdo, e praticamente não há uma plataforma que não tenha um ou vários conteúdos voltados para isso. Há, inclusive, conteúdos que sequer chegam no Brasil, e para quem se interessa por explorar o assunto mais a fundo, a dica é usar uma VPN, que permite acessar conteúdo de outros países.

Obviamente que não teremos a arrogância de tirar conclusões universais sobre a relação acesso à informação x crescimento do interesse por violência. Ainda assim, é nítida para qualquer um que a expressão “espreme que sai sangue”, bem à brasileira, continuava vivíssima e atual – com a diferença de que não se restringe mais às páginas de jornal impresso.
 
As telas (bem como os falantes e páginas) seguem sendo parte essencial da vida de todos, e a tendência é que, com mais pessoas conectadas, mais informação e conteúdo sejam produzidos. Assim, desde as chocantes coberturas de mortes nos combates no Oriente Médio até o novo caso de assassinato numa pequena cidade interiorana brasileira, a tendência é vermos sempre mais violência e crime expostos aos nossos olhos e ouvidos.
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