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Lula critica enfraquecimento do papel do Estado nos anos 80 e 90

Folha Online

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta quarta-feira o enfraquecimento do papel do Estado em países da América Latina nos anos 80 e 90. Para ele, a transferência de obrigações do poder público para a iniciativa privada neste período contribuiu para o fraco desenvolvimento das principais cidades do continente.

"O sufoco que o nosso continente sofreu com a decisão de se adotar o Estado mínimo, em que a iniciativa privada iria resolver todos os problemas pertinentes à sociedade, levou a que cidades inteiras fossem colocadas a saltos sem que se colocasse uma manilha de esgoto", disse ele durante convenção sobre mobilidade sustentável na renovação urbana, no Rio.

Lula destacou que, antigamente, os governantes priorizavam construir pontes e viadutos em detrimento a demais obras de infraestrutura, como saneamento básico. Segundo ele, a lacuna de investimentos neste segmento fará com que os futuros administradores tenham que gastar muito mais recursos do que é dispensado hoje em dia.

"O que era importante nesse país era fazer pontes e viadutos, mesmo que necessários, porque ali se poderia imprimir uma placa azul com o nome do pai, da mãe, de um parente ou de uma autoridade que você queria puxar o saco."

O presidente disse ainda que trabalha para acabar com a ideia de que os investimentos em lugares mais ricos significa desenvolvimento e que os recursos aplicados em comunidade carentes não passam de gastos.

Lula lembrou que, durante a crise, a população mais pobre, principalmente no Norte e Nordeste, foi decisiva para evitar que a economia despencasse de maneira mais forte.

"Não há dinheiro mais bem investido do que cuidar das cidades. Antigamente, as cidades estavam truncadas, sem capacidade de investimento. O objetivo era só fazer superavit primário. Não queremos abrir da mão responsabilidade fiscal, mas não se deve abandonar investimentos básicos para a população."
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