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Sábado, 18 de maio de 2024

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Entrevista

Ganhar novos mercados e combater velhos problemas são desafios da pecuária

03 Jan 2013 - 08:29

Especial para o Agro Olhar - Thalita Araújo

Foto: Thalita Araújo

Luciano Vacari

Luciano Vacari

Luciano Vacari, superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), em entrevista ao Agro Olhar, fala sobre as expectativas da pecuária para o ano que se inicia.


Segundo ele, o setor tem a missão de conquistar novos mercados e de solucionar velhos problemas, que vêm incomodando o setor há alguns anos, sem solução.


AO - Quais são as expectativas para a atividade em 2013? E o mercado?

Luciano Vacari -
Os desafios para a pecuária e indústria da carne bovina são ganhar novos mercados e a consolidação do mercado nacional como importante consumidor da produção brasileira. Mesmo assim, acreditamos que 2013 ainda será um ano pautado pela demanda externa.


AO - A pecuária deve continuar a perder áreas para a agricultura no próximo ano?

Luciano Vacari -
Está é uma pergunta sem resposta pronta porque a decisão depende do mercado, tanto de grãos quanto de carne. Enquanto as commodities agrícolas estiverem valorizadas como se mantiveram em 2012 é comum que os pecuaristas migrem de atividade ou arrendem suas terras. Porém, caso o mercado internacional se estabilize e a produção mundial de grãos seja uniformizada, os pecuaristas tende a retomar suas áreas.
Assim como este ano, devido aos problemas climáticos nos Estados Unidos e Argentina, o preço da soja e do milho disparou, eles podem voltar a cair e a pecuária por ser um mercado mais estável e seguro volta a atrair.

AO - O setor tem lamentado a falta de políticas públicas que promovam a atividade. Esse problema está mais na esfera federal e prejudica a pecuária em nível nacional ou está faltando mais é a atuação específica do governo de Mato Grosso?

Luciano Vacari -
A falta de linhas de financiamento e crédito é especificamente com relação aos programas do governo federal, que geralmente anuncia produtos não compatíveis com a atividade, ou seja, com juros e prazos que não contemplam o tempo da pecuária, cujo ciclo é mais longo e a rentabilidade menor do que da agricultura.

Entretanto, não podemos ignorar os problemas de ordem regional, como logística e com relação às questões ambientais. A cadeia produtiva como um todo é prejudicada com o alto custo do frete para o escoamento da produção, o que não é diferente na pecuária. O produtor mato-grossense recebe menos pela arroba devido ao custo com o transporte, porém os custos de produção são tão ou mais altos do que os de São Paulo, por exemplo.

Outro gargalo está nas questões ambientais. Mesmo com o Novo Código Florestal aprovado, a Sema não possui infraestrutura para atender a demanda dos produtores e quando a legislação entrar em vigor muitos serão penalizados pela burocracia e morosidade da secretaria, isso sem falar dos problemas tributários.


AO - Quais são as demandas mais cobradas à gestão estadual? Como está o diálogo do setor com o governo?

Luciano Vacari -
Estamos constantemente buscando alternativas para suprir os gargalos a ajudar o governo a desenvolver políticas que fomentem a cadeia produtiva. Apresentamos projetos logísticos, financiamos alguns programas, como o Movimento Pró Logístico e o Instituto Ação Verde, mesmo assim o retorno por parte do poder público não é satisfatório. Somos constantemente surpreendidos por novas taxas e impostos e não temos o retorno em infraestrutura e apoio para produção.


AO - Quais são os maiores desafios que a pecuária deve enfrentar em 2013?

Luciano Vacari -
Os desafios, infelizmente, são muito semelhantes aos enfrentados nos últimos anos. Primeiro pela busca da rentabilidade do pecuarista que, devido ao mercado restrito, fica em algumas regiões reféns de seus compradores. Outra luta constante é por linhas de créditos e financiamentos condizentes com a realidade da pecuária, com prazos maiores, visto que o ciclo é de aproximadamente 3 anos, e com menores juros, uma vez que a rentabilidade também é menor. Um novo desafio para o Estado também será a adequação do Código Florestal e investir em infraestrutura para que os produtores que possuam equívocos com relação à legislação possam se regularizar.
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