Olhar Agro & Negócios

Terça-feira, 21 de maio de 2024

Notícias | Agronegócio

Entrevista

Fávaro comenta os desafios previstos para 2013 e destaca armazenamento e custos

10 Jan 2013 - 12:37

Especial para o Agro Olhar - Thalita Araújo

Foto: Aprosoja

Carlos Fávaro

Carlos Fávaro

O presidente Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso(Aprosoja/MT), Carlos Fávaro – no posto desde janeiro de 2012 – concedeu entrevista ao Agro Olhar e analisa as expectativas para as culturas de soja e milho durante o ano de 2013.


Para ele, alguns dos desafios que devem incomodar o setor são o armazenamento da safra recorde prevista e a elevação dos custos de frete.

Carlos Henrique Baqueta Fávaro tem 43 anos, é natural da cidade de Bela Vista do Paraíso, noParaná, é casado e tem duas filhas. Reside no município de Lucas do Rio Verde, região Médio Nortedo Estado, desde o ano de 1986, onde é produtor rural.

Além de presidente da Aprosoja/MT, Fávaro é vice-presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) e presidente do Movimento Pró-Logística em Mato Grosso.

AO - Quais são as expectativas para a cultura de soja e milho em 2013? As lavouras de MT vão alcançar novos recordes? E os preços?

Carlos Fávaro -
Com a quebra da safra 2012/13 dos Estados Unidos, o cenário para soja e milho para o próximo ano continuam animadores. Neste contexto, a área de soja deve obter mais um acréscimo de 11,6% e atingir os 7,89 milhões ha.

Na mesma tendência vem o milho que deve sair dos 2,50 milhões ha e ir para os 2,79 milhões ha. Sendo assim, com o bom desenvolvimento, devemos ter mais um recorde de produção na soja, com 24,13 milhões t. Pelo lado da demanda tanto o consumo interno das esmagadoras e frigoríficos de aves e suínos quanto às exportações devem continuar crescendo.

Por fim, no que diz respeito ao preço da soja e do milho as tendências são um pouco divergentes, pois apesar de ambos terem perspectivas de volatilidade maior, o destaque fica para o milho, que com a consolidação de uma boa safra sul-americana pode sofrer inversão no rumo dos preços.

AO - Quais são os maiores desafios que as culturas de soja e milho devem enfrentar em 2013?

Carlos Fávaro
- Em relação à conjuntura dos mercados, a volatilidade dos preços em 2013 pode gerar alguns gargalos na comercialização do milho. Além disso, sempre vale lembrar o risco eminente de uma nova turbulência na economia mundial por parte da Europa, Japão e Estados Unidos, fato que tem impacto direto nos mercados das commodities produzidas em Mato Grosso.

O manejo de pragas também deverá ser outro grande desafio para esta safra, haja vista o risco eminente de ferrugem nas lavouras de soja. Neste sentido também se encaixa a janela apertada para o plantio do milho segunda safra, fator decisivo para o manutenção do bom desempenho produtivo. Toda essa preocupação, gera um outro desafio que é a evolução do custo de produção, fato que aumenta a necessidade da gestão financeira da propriedade.

Não bastasse isso, em Mato Grosso se tem gargalos estruturais crônicos, como armazenagem, escoamento e disponibilidade de mão de obra. Portanto, estes gargalos vem se tornando a cada safra os maiores desafios para a produção mato-grossense gerando perdas financeiras por toda a cadeia e, por consequência, diminuindo a competitividade dos produtos no mercado internacional.

Sobre isto, para 2012/13 um dos pontos de maiores atenção são: aonde vai se armazenar mais uma safra recorde?; e a que preço vai ser transportado a soja e milho?, tendo em vista os novos patamares de frete praticados no Estado. Em Sorriso, por exemplo, já esta se falando em frete acima dos R$ 300,00/t, valor nominal jamais visto para região.

AO - Além dos trabalhos que já vêm sendo desenvolvidos, a Aprosoja tem novas frentes e projetos pelos quais pretende trabalhar em 2013? Quais?

Carlos Fávaro -
Iremos continuar com o foco na demanda dos produtores, em projetos e ações que respondam aos anseios dos nossos associados. Neste sentido, mudamos inclusive a nossa Visão, e queremos com isso sermos reconhecidos por liderança, resultados e relacionamento com o associado.

Todos os projetos já existentes continuam e reforçamos algumas áreas estratégicas, especialmente aquelas que possam colaborar para trazer rentabilidade aos produtores. Logística também continuará como sendo um dos nossos focos e agora passaremos a ter uma gerência só para acompanhar e desenvolver iniciativas e projetos de relacionamento institucional, especialmente com os poderes e órgãos diretamente ligados à nossa atividade.

AO - O agronegócio é a grande riqueza do nosso Estado. Como essa riqueza poderia ser mais bem vivida e distribuída entre a maior parte dos cidadãos mato-grossenses?

Carlos Fávaro
- Em MT, o agronegócio emprega 27% de toda a mão de obra do estado. São 750 mil pessoas com carteira assinada no estado, destas, 202 mil são empregadas no agronegócio. O número de empregos gerados nos outros setores aumentou 44%, e no agronegócio, 49%. Os salários pagos no agronegócio são os mais bem pagos do país.

Os municípios cuja principal fonte econômica vem do agronegócio são também os que apresentam melhor índice de desenvolvimento humano. Veja o caso de Lucas do Rio Verde, que ocupa a 8 posição no índice Firjan de desenvolvimento.

Além do mais, o setor é o responsável pela chegada de inúmeras indústrias no estado, trazendo a verticalização da cadeia. O desafio está na qualificação da mão de obra e no aumento da escolaridade dos mato-grossenses, pois muitos trabalhadores não conseguem acompanhar e conquistar estas vagas de trabalho em razão da baixa qualificação ou do pouco nível de escolaridade. Isto já foi identificado como um dos gargalos que o setor terá que enfrentar.
Entre em nossa comunidade do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui

Comentários no Facebook

Sitevip Internet