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Segunda-feira, 29 de abril de 2024

Notícias | Meio Ambiente

Raio X dos nematoides da cultura algodeira

Os nematoides são constantemente apontados como um dos principais problemas das lavouras e contribuem para tirar o sono dos produtores ao colocarem em risco a viabilidade da produção em alguns talhões. Mas como está a distribuição atual dos parasitas nas áreas de cultivo de algodão? Quais são as principais espécies presentes e quais suas relações com a produtividade da cultura considerando-se os aspectos físicos, químicos e biológicos de solo? Como melhorar o manejo desses parasitas em Mato Grosso para minimizar seus danos?

As respostas a essas e outras questões deverão ser dadas por meio dos resultados de um trabalho que está sendo realizado em Mato Grosso por iniciativa do Instituto Mato-grossense do Algodão (IMAmt), em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Associação dos Produtores de Sementes de Mato Grosso (Aprosmat). Ao final do trabalho, que está sendo financiado com recursos do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA) e do próprio IMAmt – o braço tecnológico da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (AMPA) – a equipe de pesquisadores deverá ter aproximadamente 2,5 mil amostras de solos e raízes dos sete núcleos regionais de Mato Grosso.

“A ideia é fazermos um raio X do que está acontecendo no Estado no que diz respeito aos nematoides. Entendemos a gravidade do problema, que afeta diversos tipos de lavoura, mas não temos dados sobre a distribuição desses parasitas e os prejuízos causados ao cultivo algodoeiro”, explica Rafael Galbieri, fitopatologista e coordenador da Unidade de Pesquisa do IMAmt em Primavera do Leste (cerca de 200 km a leste de Cuiabá), que está à frente do projeto “Levantamento da ocorrência de fitonematoides e dos danos associados à cultura do algodoeiro em Mato Grosso”.

O levantamento da situação está sendo feito em todas as regiões produtoras de algodão de Mato Grosso ao longo de três safras agrícolas. A partir da coleta das amostras e análises dos dados, os pesquisadores farão uma cartilha com recomendações de modo a tornar mais efetivo o manejo nas áreas de plantio, contribuindo dessa forma para minimizar os prejuízos causados por esses parasitas (Meloidogyne incognita, Rotylenchulus reniformis e Pratylenchus brachyurus). Segundo Galbieri, o trabalho é inovador não só por seus objetivos – traçar um panorama geral da distribuição e frequência de espécies de nematoides associado com a cultura do algodoeiro em Mato Grosso e avaliar as perdas provocadas pelos parasitas e suas interações -, como também pela forma como está sendo realizado.

“Estamos fazendo o levantamento em algumas propriedades rurais das melhores e piores áreas em termos de infestação de nematoides para podermos ter uma visão mais ampla do problema e também um histórico da infestação nos diferentes talhões, assim como um quadro comparativo”, explica. Toda amostragem será acompanhada por uma ficha de coleta, cuidadosamente elaborada, na qual serão relatadas informações históricas e atuais do talhão. Serão feitas análises nematológica, fitopatológica, de fertilidade de solo e física de solo (compactação), além da estimativa de produtividade nos pontos amostrados. Os pesquisadores vão correlacionar a ocorrência dos nematoides da cultura bem como a determinadas características físicas, químicas e biológicas do solo, possibilitando analisar essas relações para indicar medidas de manejo mais efetivas.

Os resultados finais do projeto deverão ser apresentados em 2014, porém ainda este ano alguns resultados preliminares deverão ser divulgados durante o 9º Congresso Brasileiro de Algodão (9º CBA), a ser realizado em Brasília, entre os dias 4 e 6 de setembro próximo, sob a coordenação científica do IMAmt.

“Trata-se de um projeto inovador e fundamental para a sustentabilidade da cultura do algodoeiro em Mato Grosso, que se consolidou como o principal produtor de pluma do Brasil. O projeto se caracteriza como um trabalho multinstitucional e multidisciplinar, o que gera a possibilidade de interpretações mais amplas do problema de nematoides no estado. Estão sendo envolvidos diferentes pesquisadores, instituições, laboratórios. Assim todas as informações geradas no projeto serão agrupadas e organizadas, criando um banco de dados que será constantemente atualizado e disponibilizado, e uma série de recomendações para melhorar o manejo no campo”, conclui Alvaro Salles, diretor executivo do IMAmt.

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