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Domingo, 28 de abril de 2024

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R$ 900 por carga

Pecuária de corte em Mato Grosso dá prejuízo de R$ 3 por arroba, diz estudo da Acrimat

Foto: Agro Olhar - Alexandre Alves

Estudo da Acrimat aponta prejuízo de  R$ 3 por arroba para os pecuaristas

Estudo da Acrimat aponta prejuízo de R$ 3 por arroba para os pecuaristas

A pecuária de corte em mato Grosso fechou 2012 no vermelho, isto é, com os custos mais altos do que a receita. A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) encomendou um estudo que aponta que em dezembro do último ano o preço médio pago pela arroba era de R$ 84,87 e o custo operacional total – que inclui a depreciação dos ativos da propriedade – era de R$ 87,75. A diferença de aproximadamente R$ 3 por arroba pode chegar a um prejuízo de cerca de R$ 900 por carga (18 animais).

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A desvalorização da arroba em oposição à valorização de insumos, como adubo para o pasto e ração, está deixando a atividade cada vez menos rentável. Entre dezembro de 2011 e dezembro de 2012 o preço da arroba despencou 9%, passando de R$ 93,93 para R$ 84,87. Neste mesmo intervalo, o suplemento mineral utilizado registrou alta de 38,68%.

O superintendente da Acrimat, Luciano Vacari, destaca que a atividade precisa ser valorizada e rentável e que isso só será possível se houver política pública que possibilite o pecuarista contratar crédito para investir em reforma de pastagem, aquisição de bezerros e tecnologia. “A falta de renda na pecuária poderá tornar a atividade inviável. Enquanto o governo federal não desenvolver linhas de crédito compatíveis que contemple o pecuarista a realidade será a cada ano mais preocupante e desestimulante”.

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Para o economista e consultor técnico da Acrimat, Amado de Oliveira, também é necessário que em nível estadual e municipal os governos vejam a pecuária como uma atividade que produz e precisa de uma logística mínima para escoar sua produção. E se trata de um produto vivo, que se não for bem tratado no seu trajeto implicará em mais prejuízos ao produtor.

O pecuarista Maurício Campiolo revela que a agricultura possui um aporte que mantém a atividade promissora, como preço mínimo, aquisição e armazenamento por parte do governo, mas não dá a mesma atenção para a pecuária. “É preciso entender que a produção de proteína vermelha também carece de políticas públicas, senão os pecuaristas não conseguirão se manter no setor”.

De acordo com o estudo realizado, no primeiro semestre o custo operacional total era de R$ 84,13 e no segundo semestre passou para R$ 87,75, uma evolução de 4,3%. Com relação ao custo operacional efetivo – que descarta a depreciação - a alta foi de 5,1%, passando de R$ 70,18 para R$ 73,74.

A situação se agrava quando são analisadas as micro regiões do Estado. A pecuária de corte só obteve lucro nos municípios onde não é preciso terminar a engorda fora do pasto, ou seja, quando não confinou. Exemplo disso é Pontes e Lacerda, que possui um pasto em boas condições. O superintendente da Acrimat, Luciano Vacari, explica que cidades como Pontes e Lacerda e Juara, por exemplo, fecharam 2012 com o pasto em boas condições, dispensando a suplementação e que diferentemente ocorreu na Baixada Cuiabana, cujo pasto está degradado e foi preciso reforçar com suplementos.

Outra particularidade que diferencia o grau de renda entre os pecuaristas é com relação ao sistema adotado. Em regiões onde a Cria é predominante, a renda tende a ser menor. Segundo Vacari, isso ocorre devido à desvalorização do bezerro. A evolução da relação de troca entre o boi gordo e o bezerro mostra que janeiro que com a venda de um boi gordo era possível adquirir 2,11 bezerro, o que caiu em dezembro para 2,08. Maurício Campiolo revela que não apenar o boi gordo, mas o bezerro também está desvalorizado.

Rentabilidade

O estudo encomendado pela Associação também aponta que entre novembro de 2013 e novembro de 2012, um total de nove anos, a pecuária de corte teve lucro praticamente em apenas dois momentos, sendo o primeiro entre novembro de 2003 e novembro de 2004 e depois entre agosto de 2010 e novembro de 2011. Ou seja, em nove anos analisados, somente em 27 meses a atividade compensou para o pecuarista.
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