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Quinta-feira, 25 de abril de 2024

Notícias | Economia

Estudo da Faep mostra que 70% dos avicultores paranaenses trabalham no prejuízo

Um levantamento realizado pela Fundação de Amparo ao Ensino e Pesquisa (Faep) mostra que a maioria dos produtores de aves do Paraná obtém resultados negativos nos últimos anos. Nas nove principais regiões produtoras de frango do Estado, a fundação encontrou resultados negativos em mais de 70% estabelecimentos (29 locais dos 40 pesquisados).

Desde 2008, a fundação realiza o levantamento dos custos de produção de aves e suínos no Estado. O estudo é coordenado pelo consultor da Faep Ademir Francisco Girotto, que foi o responsável pelo desenvolvimento da metodologia na Embrapa.O levantamento leva em conta custos nas nove regiões mais significativas para produção de aves e nas três regiões de maior produção de suínos. Nessas localidades, foram caracterizados 40 sistemas de produção de aves e 10 sistemas de produção de suínos para representar as respectivas cadeias produtivas.

A avaliação dos custos de produção realizados nos últimos anos têm demonstrado uma grande variabilidade dos preços praticados pelas agroindústrias integradoras nas diferentes regiões do Estado. As agroindústrias envolvem pequenas e médias integradoras, cooperativas agroindustriais e gigantescas multinacionais com unidades industriais espalhadas no mundo.

De acordo com dados de maio deste ano, a receita aferida pelo avicultor para conduzir os frangos de corte até o porte ideal para o abate é estabelecido pela agroindústria integradora. Esse valor pago pela agroindústria pelo serviço especializado do avicultor, acrescido da venda da cama de frango, compõe o total da receita do produtor.

Já os custos do produtor incluem manutenção de mão de obra especializada, energia para o funcionamento dos equipamentos que garantem temperatura, umidade, luz, água e alimento para o correto desenvolvimento dos frangos.A manutenção das instalações e equipamentos, que exigem investimentos, e os cuidados sanitários que a atividade exige também integram a quantia desembolsada pelo avicultor. O resultado dessa diferença (receita menos custo) é o saldo da atividade.

O resultado negativo levantado pela Faep desconsidera do faturamento a venda da cama de aviário, que em algumas regiões sofre restrições de uso em função das características físicas ou químicas do solo. Igualmente, a proibição do uso da cama de aviários para alimentação animal restringiu ainda mais o mercado desse subproduto. Portanto é uma receita que nem sempre o produtor pode contar.

Mesmo considerando a receita total do avicultor, 50% dos sistemas de produção pesquisados estão com saldos negativos sobre o custo total, ou seja, o avicultor não tem nenhum tipo de pagamento sobre os fatores de produção que ele disponibiliza para a atividade: trabalho, capital, crédito e capacidade de gestão.

De todas as regiões, a dos Campos Gerais é a que se encontra com os piores resultados, pois dos três sistemas de produção pesquisados, todos estão negativos sobre o custo operacional, mesmo computando a receita da venda da cama de frango.

Os produtores dessa região, além de não terem nenhum tipo de remuneração pelo serviço, veem suas instalações e equipamentos se depreciarem de forma gradativa. O estudo prevê que se a situação persistir, os produtores perderão a capacidade de permanecer na avicultura, pois não conseguirão acompanhar os avanços tecnológicos que a atividade exige.
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