O advogado Rodrigo Figueiredo quebrou o silêncio e concedeu sua primeira entrevista ao Olhar Direto/Agro Olhar sete meses após ter assumido a Secretaria de Defesa Animal do Ministério da Agricultura (Mapa), período em que se manteve afastado dos holofotes e distante dos críticos de sua indicação.

A conversa transcorreu durante a transmissão de cargo do ex-ministro Antônio Andrade para Neri Geller na última terça-feira (18.3), em Brasília, em solenidade esta repleta de empresários, amigos e representantes da classe política mato-grossense.

As circunstâncias que envolveram a investidura no cargo são questionadas até hoje por alguns segmentos do setor agropecuário contrários ao que classificam de politização da gestão de áreas técnicas no Mapa.

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Figueiredo foi acusado pela Associação Nacional dos Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical) e por membros da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) de ter sido indicado pelo PMDB a pedido do gigante JBS para facilitar a inspeção e fiscalização de produtos dos grandes frigoríficos.

Ele nega qualquer evidência envolvendo sua indicação por parte de empresas interessadas em facilidades sanitárias e afirma ter experiência suficiente de governo federal para desempenhar seu papel.

“Tenho 22 anos de Esplanada dos Ministérios. Não tenho nada a comprovar aos críticos. Isso (denúncias e pressão pela saída dele) é coisa do passado. Está todo pacificado. Não tenho preocupação com isso”, afirmou.

Segundo Figueiredo, que é servidor de carreira do Banco do Brasil e já atuou no Mapa antes de ter assumido a Secretaria Executiva do Ministério das Cidades, durante o primeiro governo Lula, seu trabalho na SDA foi pautado pela melhoria na gestão e pela intensificação da inspeção e fiscalização de produtos com vistas à retomada de exportações para mercados como Rússia.

“Minha primeira medida foi fazer um diagnóstico dos gargalos da DAS, da qualidade da gestão. Recebemos missões da Rússia para carne suína, bovina e aves. Recebemos missões técnicas. A crise envolvendo a Ucrânia e a anexação da Criméia pela Rússia vai forçar o Ministério a abrir outros mercados. A crise nos dá a oportunidade de abrir outros mercados”, pontua.

Auditorias permanentes e por amostragem também passaram a fazer parte da rotina da Secretaria de Defesa Animal. O secretário cita também como exemplo a revisão do Regulamento de Inspeção de Origem Animal (Rispoa). A norma, de 925 páginas, foi condensada para 325 e aguarda aprovação por parte da Casa Civil.

“Os departamentos eram assoberbados. Descentralizamos as análises. Resolvemos questões envolvendo a ferrugem asiática, aceleramos a liberação e defensivos contra a helicoverpa, enfim, desenvolvemos um trabalho muito amplo neste período”, acrescenta.

Sobre a posse de Neri no comando da pasta, Rodrigo diz que se trata de um nome preparado para assumir o desafio.
“Ele conhece a área como poucos, vai fazer um bom trabalho e quero ajudá-lo neste sentido. Será muito bom para Mato Grosso”, finalizou.

Rodrigo Figueiredo era secretário de gestão estratégica da prefeitura de Cuiabá, em Brasília, quando foi confirmado como novo secretário da SDA. Ele substituiu o veterinário Ênio Marques, de notórios serviços prestados ao setor. Na ocasião, o presidente da Anffa, Wilson Roberto de Sá declarou que a nomeação de Figueiredo tinha o objetivo de beneficiar grandes empresas do setor e fazer caixa dois a partidos.

“Eu lamento muito esse assunto. Porque colocou um advogado, nada contra a classe, pelo contrário, também sou da carreira jurídica. Mas esta é a secretaria mais sensível da nação. E a secretaria que cuida da saúde dos brasileiros. É a secretaria que evita entrada dos animais que trazem a febre aftosa”, declarou na época o deputado federal Abelardo Lupion (DEM-PR), ao denunciar o suposto jogo de interesses envolvendo o nome do novo secretário.