A briga para comprovar quem tem mais conhecimento sobre as necessidades logísticas em transportes de Mato Grosso provocou novo embate entre dois dos principais candidatos, deputado José Geraldo Riva (PSD), da coligação ‘Viva Mato Grosso’, e Carlos Fávaro (PP), candidato a vice na coligação ‘Coragem e Atitude para Mudar’. E o pomo da discórdia é a Ferrovia Mato Grosso/Pará, a partir de Nova Xavantina, no Vale do Araguaia, até o Porto de Vila do Conde, em Barcarena (PA).

Fávaro considera perde da tempo priorizar os investimentos numa ferrovia de 1,64 mil quilômetros e defende como alternativa emergencial a chegada da BR-080, partindo de Ribeirão Cascalheira, também no Vale do Araguaia, até o município de Luiz Alves, no Norte de Goiás, onde existe um ramal da Ferrovia Norte-Sul.

José Riva rebateu duramente as críticas sobre o projeto de ferrovia que interliga os estados de Mato Grosso, Pará, Maranhão e Tocantins, denominada MT/PA, feitas por Carlos Fávaro, em entrevista na redação do Olhar Direto.

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O candidato do PSD lembrou que o projeto de ferrovia foi idealizado há dois anos e que o próprio Carlos Fávaro já participou de reuniões e eventos onde o candidato do PSD defendeu a implantação do traçado ferroviário e, em nenhuma oportunidade, se manifestou contrário.

“Para a reportagem do Olhar Direto, o Fávaro disse que como proposta em época de campanha, é uma iniciativa linda. Gostaria de lembrá-lo que falei sobre a proposta de ferrovia no lançamento do 8º Circuito Aprosoja, no dia 11 de abril de 2013, evento, inclusive, organizado por ele, enquanto presidente da entidade”, argumentou Riva. “Em setembro de 2012, na sede da Famato, nossa equipe apresentou a proposta ao embaixador da Rússia no Brasil, Sergey Akopov, evento que também contou com a presença do candidato a vice-governador”, observou o candidato do PSD.

“Já em maio de 2013, nas dependências da Aprosoja, nossa equipe falou novamente sobre o traçado ferroviário, mas, estranhamente, parece que o Fávaro não se lembra”, recordou Geraldo Riva.

Quem revela oportunismo é o próprio candidato a vice-governador do PP, segundo José Riva, por criticar a ferrovia MT/PA justamente no período eleitoral, mesmo tendo participado de eventos e reuniões anteriormente, quando o tema foi abordado sem qualquer interferência negativa do integrante do setor produtivo.

“Política se faz todos os dias, conhecendo a realidade da população, não apenas em período eleitoral. Defendo a implantação da ferrovia MT/PA há dois anos, pois acredito que é a solução para a logística não só de Mato Grosso, mas, também, do Brasil. Já o Fávaro, estranhamente, se esqueceu que conhece o projeto há tempos”, criticou o candidato a governador pelo PSD.

O candidato da coligação ‘Viva Mato Grosso’ também citou que, em abril de 2013, uma comitiva do Estado apresentou proposta da ferrovia para o então governador do Pará, Simão Jatene (PSDB). Quatro meses depois, a comitiva esteve com o então ministro dos Transportes, César Borges, para mostrar o projeto.

“O senador Jayme Campos (DEM) e o deputado federal Nilson Leitão (PSDB), que fazem parte da coligação do Carlos Fávaro, estiveram conosco na audiência e também defenderam a implantação do modal”, lembrou. Já em outubro, a proposta foi apresentada então presidente da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), Bernardo Figueiredo.

Viabilidade

José Riva também rebateu Fávaro sobre a viabilidade da ferrovia MT/PA. “Em reunião da nossa equipe com o Ministério da Agricultura, foi formulada nota técnica do governo federal dizendo que a produção agrícola da área de influência da ferrovia MT, PA, TO, medida em um raio máximo de 200 quilômetros de seus trilhos e considerando apenas as regiões leste e nordeste de Mato Grosso e parte das regiões oeste de Goiás e Tocantins, que registram produção de 5,1 milhões/t (soja) e 3,2 milhões/t (milho), em 1,643 milhões/há de cultivo, tem projeção de ampliação estimada em 5,159 milhões/há na área, o que deve resultar em mais de 26 milhões/t de grãos, sendo 16,2 milhões/t (soja) e 10,4 milhões/t (milho), segundo estimativas da Aprosoja /Movimento Pró-logística”, diz trecho do documento. 

Riva afirma que concorda com Fávaro, todavia, sobre o que chama de “um sonho para o futuro”.

“Pensamos em um futuro bem mais além dos quatro anos de mandato de um político, pensamos em um futuro para toda uma geração, pensamos um futuro para os estados vizinhos, agregados ao nosso, pois Mato Grosso está no centro do Brasil e, se quisermos executar um plano de logística eficiente e viável, temos que estudar e entender as necessidades de nossos vizinhos e, junto com eles, desenvolvermos esse importante setor para o país”, afirma Riva.

Outra luta

O candidato do PSD também lembrou a luta pela implantação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), enquanto muitos políticos defendiam o Bus Rapid Transit (BRT). “Agora, todos se dizem favoráveis ao VLT, mas a nossa luta inicialmente contava com poucos apoios. Quanto à ferrovia, agora alguns criticam, mas depois vão querer apoiar esse projeto”, completou Riva.