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Sexta-feira, 26 de abril de 2024

Notícias | Meio Ambiente

Projeto Energia incentiva plantio de eucalipto

Oferecendo uma renda líquida média de R$ 4,4 mil por alqueire ao ano (o corte feito no sétimo ano proporciona um lucro de R$ 31 mil por alqueire), a produção de eucalipto tem mostrado ser uma opção interessante para a diversificação dos negócios na propriedade.

“A região é uma das melhores para a produção de madeira. Com tecnologia, o lucro é certo”, afirma o engenheiro agrônomo Renato Watanabe, da área de Produção Agrícola da Cocamar.

Rentabilidade- A rentabilidade é superior ao valor obtido pelo arrendamento das terras para usinas, cerca de R$ 2,6 mil por alq/ano (R$ 50,82 ton/alq/ano) e se situa muito acima em comparação aos ganhos trazidos pela pecuária de corte extensiva conduzida de forma tradicional, R$ 322 alq/ano (lotação de 2,3 cabeça/ha - custos de R$ 391,32/cabeça/ano - valor da arroba R$ 120,00).

Comparação - Quando comparado a um ciclo com soja no verão e milho no inverno, representa 80% da receita alcançada, R$ 5,6 mil alq/ano. Isso considerando uma produtividade média de 121 sc/alq de soja (50 sc/ha) e 200 sc/alq de milho segunda safra (83 sc/ha), com custos respectivos de 51,73 sc/alq (21,38 sc/ha) e 136,34 sc/alq (56,34 sc/ha) e comercialização a R$ 60,00 a saca de soja e R$ 20,00 a de milho.

Viabilidade econômica- Os dados de viabilidade econômica da cultura faz parte do Projeto Energia da Cocamar, que tem sido apresentado aos cooperados por Watanabe. Em junho, no dia 1, realizou uma reunião técnica para divulgação deste em Paranavaí, e no dia 16, em Cianorte, com a participação de produtores e técnicos das regiões.

Projeto Energia- Diante da crescente demanda por madeira de eucalipto para a geração de energia, a Cocamar tem incentivado o plantio por meio do Projeto Energia principalmente para atender o seu consumo interno. A cooperativa utiliza em média 265 mil toneladas de cavaco por ano, sendo a maior parte, 220 mil toneladas na usina de cogeração de energia, que tem capacidade para gerar de 10 a 13 megawatts/hora. As outras 45 mil toneladas são usadas na secagem de grãos, volume que varia em função do tamanho das safras de soja e milho.

Produto estratégico- “O eucalipto é um produto estratégico com grande demanda”, afirma Watanabe. A Cocamar possui 300 alqueires plantados para atender à secagem de grãos, mas não produz ainda o volume necessário. Por isso irá plantar mais 200 a 400 alqueires nos próximos sete anos. Para o consumo da usina de cogeração, se abastece no mercado, e tem incentivado o plantio, por produtores, de mais 250 alqueires por ano, de forma contínua, para atender sua demanda, num raio de ação de 100 km de Maringá.

Bom negócio para o produtor- “Queremos que também seja um bom negócio para o produtor, considerando os custos de frete, por isso a limitação da distância”, ressalta o agrônomo, lembrando que a área mínima para plantio deve ser de 12,5 alqueires, para ter escala de produção e viabilizar a colheita mecanizada.

Vantagens

• Garantia de compra da produção pela Cocamar

• Elevada produtividade e boa rentabilidade

• Cooperativa organiza as equipes de colheita mecanizada, dá assistência técnica na implantação e condução

• Mercado amplo e não volátil

• Possibilidade de uso de áreas degradadas para geração de renda

• Financiamento com crédito, prazos e juros acessíveis

• Produtor pode manejar 15% da área plantada para outros fins

Mercado amplo e crescente - Mostrando a dimensão do mercado existente na região, afora a demanda da Cocamar, a doutora Sueli Sato Martins, ex-professora da UEM e engenheira florestal do Viveiro Mina d’água, falou sobre os vários setores que consomem, de forma crescente, energia de biomassa. Grande produtor de floresta plantada, o Brasil possui 5,1 milhões de hectares ocupados com eucalipto e o Paraná, 197,8 mil hectares. O setor de produtos florestais (papel e celulose, carvão vegetal e madeira sólida) é o quarto maior do agronegócio, com receita de US$ 5,5 bilhões ao ano, dados de 2012.

Demanda - Só para atender a demanda de lenha para secagem dos dois principais grãos produzidos no Paraná, são necessários 1,07 milhão de toneladas de lenha para o milho e 883,4 mil toneladas na secagem da soja, considerando o consumo médio de matéria prima na operação e os volumes atuais de produção no Estado, afirmou a engenheira florestal.

Polos de produção- Além disso, há importantes polos de produção de móveis e confecções (lavanderias) e criação e abate de frangos, dentre outras atividades econômicas que demandam grande consumo de energia. O Paraná é atualmente o maior produtor de frangos, ultrapassando Santa Catarina, e das 33 associadas da Sindiavipar, 20 estão na região Norte e Noroeste.

Frigoríficos e fábricas de ração- Em 2013 foram abatidas 1,463 bilhão de aves no Paraná. Como são consumidos 2,82 toneladas de lenha a cada mil aves, isso significa o consumo de 4,126 milhões de toneladas em média. Isso afora a demanda dos frigoríficos e da fábrica de ração. Uma empresa que abate 5,5 milhões aves por mês, o consumo médio de lenha é de mil toneladas por mês, citou Sueli.

Cuidados na implantação

• Como qualquer cultura, a implantação de uma floresta de eucalipto demanda cuidados básicos no plantio, na condução e na colheita.

• A muda de eucalipto tem que ser enterrada até o nível do substrato, acima disso, pode causar problemas futuros.

• Há mais de 600 espécies e o produtor deve escolher qual a melhor de acordo com a destinação da madeira.

• A planta precisa de umidade na fase inicial, problema que pode ser resolvido usando um tipo de gel próprio no plantio.

• Formiga é sempre problema, especialmente no primeiro e segundo anos.

• Controle as plantas daninhas.

• O espaçamento pode variar de 3x2m a 3x3m.

• Mudas clonadas têm alto potencial produtivo, mas é preciso ser adubada e bem cuidada.

• Topografia, textura do solo ou mesmo fertilidade, desde que corrigida, não é problema. Só não dá em solo raso.

• Para o plantio há desde plantadeira manual até máquinas que fazem praticamente tudo. A colheita é feita mecanicamente também.

• Na colheita, o produtor pode optar por fazer o corte raso, seis a sete anos após o plantio, retirando todas as árvores para a produção de energia.

• O novo plantio é feito na entrelinha ou pode-se conduzir a rebrota, com os cuidados recomendados.

• Se o objetivo for destinar parte para serraria, o manejo é diferente, com poda de galhos regularmente e os desbastes, conforme orientação técnica.

Notas:

• Hoje no Brasil um hectare de floresta plantada é igual a 10 hectares de mata nativa preservados.

• Florestas plantadas de eucalipto e pinus somam mais de 6,7 milhões de hectares no País.

• Em 2012, setor gerou mais de 4,4 milhões de empregos diretos e indiretos, exportou US$ 7 bilhões, arrecadou mais de R$ 7,6 bilhões em tributos e gerou R$ 56 bilhões em produção.

• Dos 5.564 municípios brasileiros, 1.100 plantam florestas renováveis.
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