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Sexta-feira, 26 de abril de 2024

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Seca prejudica produção agrícola no sul de Minas

Desde 2014, a cidade de Boa Esperança (MG) soma prejuízos com a seca que se agravaram devido à pouca quantidade de chuva em janeiro deste ano. Manoel Joaquim Costa, presidente do sindicato dos produtores rurais local, afirma que foi enviado um pedido ao prefeito para que seja decretado estado de emergência no município. “Entre 26 de dezembro e 22 de janeiro foi um sol escaldante, com temperatura média de 38, 39 graus e perdemos 50% das lavouras de milho”, conta.

De acordo com dados do relatório técnico realizado pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), em 2013 houve uma precipitação de 1260 milímetros na cidade e em 2014 choveu apenas 818 milímetros, enquanto a média anual é 1500. Em janeiro, a esperada reposição hídrica não aconteceu. “Estamos com um déficit de mais de 700 milímetros de água”, afirma Costa.

O relatório também prevê queda na colheita de várias culturas. A estimativa é de quebra na produção agrícola em 20% nas lavouras café, 40% na soja e de metade da produção de milho. Na pecuária leiteira, a perda chega a 8%. Com a redução, a estimativa do sindicato é que haja uma diminuição de 44 milhões na receita do município.

Para Costa, o subsídio rural é imprescindível para recuperação dos agricultores nesse momento. “Eles esperam um auxílio do governo federal porque não conseguem sair desse endividamento sozinhos. No ano passado muitos produtores tiveram o seguro rural, que os beneficiou de alguma forma.”

Costa, que também é produtor de café, conta que no fim de 2014, 35% de sua produção foi afetada pela seca. “Não tivemos chuva e o pé de café ficou enfraquecido, tive que esqueletar, fazer uma poda radical.” Segundo o produtor, o crescimento das lavouras no mês passado também estava insuficiente para safra de 2016. “O que você quer colher em 2016, você tem que fazer no pé de café esse ano. Um mês, dois meses sem chuva, afeta a produção do ano todo pela frente porque não podemos fazer os tratos culturais corretamente, e foi isso que aconteceu com a gente.”

A 68 quilômetros de Boa Esperança, Guapé (MG) decretou estado de calamidade pública com perda de 70% na produção de milho e 40% na produção de café, de acordo com os dados Emater-MG. O secretário de agricultura da cidade, Luciano Dutra, afirma que o município passa pelo segundo consecutivo de seca. “Nossa cidade é banhada pelo lago e represa de Furnas e o nível do reservatório está muito baixo. Nós decretamos calamidade porque as perdas são significativas”, diz.

De acordo com o secretário, o decreto possibilita que os produtores pleiteiem nas instituições financeiras negociações para minimizar o prejuízo. “Temos caso de produtores que perderam 100% da colheita, mas no geral foi entre 60 e 70 essa porcentagem.”

Com 90% da produção inutilizada pela falta de chuva em Guapé, o produtor de milho Wendell José Oenning pretende transformar as espigas que sobraram em alimento para o gado. “Passo pela plantação e conto 10 pés sem espiga, dois com, mas muito pequenas. Vou tirar daqui dez dias e acho que não compensa eu colher, vou ter mais prejuízo”, conta.

Oenning afirma que há dias que chove, mas que a água vem dispersa. “Ela chega em uma comunidade, mas a 500 metros daquele local não choveu mais nada”. Com uma plantação em torno de 11 hectares, o agricultor estima que enfrentará um prejuízo de mais de 20 mil reais. “É um baque grande pra gente, porque somos produtores pequenos. Mesmo quando produz, o lucro é pouco, e isso vai me causar um transtorno enorme.”
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