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Sábado, 04 de maio de 2024

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POLÊMICA

Setor de rações não concorda com uso do milho para fabricação de etanol

Um dos motivos é que o preço do cereal passaria a ficar mais valorizado, já que não serviria apenas para alimentação, mas também para combustão energética, aumentando a demanda pelo grão e gerando concorrência entre os dois setores pelo cereal. Além disso, ele pontua a questão ambiental.

Foto: Ilustração

Duas usinas em MT já extraem etanol de milho

Duas usinas em MT já extraem etanol de milho

Os fabricantes de ração animal não estão enxergando com ‘bons olhos’ a fabricação de etanol a partir do milho, no Brasil, segundo o presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações), Ariovaldo Zani.

Um dos motivos é que o preço do cereal passaria a ficar mais valorizado, já que não serviria apenas para alimentação, mas também para combustão energética, aumentando a demanda pelo grão e gerando concorrência entre os dois setores pelo cereal. Além disso, ele pontua a questão ambiental.

“A produção de etanol de milho nos traz muita preocupação. O exemplo dos Estados Unidos não foi muito feliz, pois a valorização do cereal foi muito grande nos últimos anos. Sem contar que o etanol de cana-de-açúcar é menos nocivo ao meio ambiente”, disse Ariovaldo, em entrevista esta semana ao Canal Rural.

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Na avaliação do Sindirações, se o preço do milho subir muito por causa de uma provável concorrência entre os setores de alimentação animal e sucroenergético, toda a cadeia de alimentação animal sofrerá com reajuste de preços. Ou seja, o consumidor final pagará a conta, já que, com ração mais cara, os pecuaristas, suinocultores e avicultores vão repassar os aumentos ao mercado.

“Esse mesmo conceito eu aplico á soja para a geração de biodiesel, pois entendo que os ingredientes [milho e soja] devem ser reservados para a segurança alimentar e produção de alimentos, incluindo aí a alimentação animal como suprimento”, falou o presidente do Sindirações.

Atualmente, o Brasil é o quarto maior fabricante de ração animal do mundo, ficando atrás apenas da China, Estados Unidos e da União Europeia (computando os 27 países daquele bloco econômico). E a principal matéria prima da ração brasileira é o milho, seguido da soja.

Mas a preocupação do Sindirações é minimizada pelo setor sucroalcooleiro. Para os usineiros, existe tecnologia no Brasil para extrair etanol do milho, com plantas já em fase de adaptação. Além disso, o Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras de Mato Grosso (Sindalcool) atesta que há excedente de 14 milhões de toneladas de milho somente no Estado.

Atualmente são duas “usinas flex” (que podem operar com cana ou milho) instaladas em Mato Grosso, uma que vai operar com milho na entressafra da cana-de-açúcar e outra que trabalhará de forma simultânea à planta de cana. Segundo o Sindalcool, a produtividade média nessas duas plantas gira em 380 litros por tonelada de milho esmagada e aproximadamente 25% de sobra pode ser utilizada como ração proteica.
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