O etanol hidratado (para abastecer veículos flex) e a gasolina decolaram em Mato Grosso. Em Cuiabá se encontra o derivado da cana-de-açúcar a R$ 2,69 o litro em alguns postos, enquanto o derivado do petróleo a R$ 3,79. O aumento é creditado à entressafra iniciada em setembro na região Sudeste e a valorização do açúcar no mercado internacional diante a quebra da produção de cana-de-açúcar na Índia.

Considerando um tanque de 48 litros, o cuiabano desembolsará R$ 129,12 para completa-lo diante o litro sendo comercializado a R$ 2,69. O que ao fim de um mês gerará um gasto de R$ 516,48, caso o proprietário do veículo o abasteça quatro vezes no período de 30 dias. No caso da gasolina o desembolso para completar um tanque com o litro a R$ 3,79 será de R$ 181,92, atingindo a soma de R$ 727,68 se forem quatro abastecimentos no mês.

Até o último final de semana era possível encontrar o etanol hidratado a R$ 2,49 na capital mato-grossense e gasolina na casa dos R$ 3,59.

“A cada dia que passa é uma surpresa para o bolso do consumidor. Seja quanto ao combustível, alimentação, saúde, ou o que for. Estamos praticamente pagando para trabalhar, ou seja, sobe tudo menos o salário”, comenta o vendedor Mário Nascimento.

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A entressafra da cana-de-açúcar na região Sudeste e a valorização do açúcar no mercado internacional, que está elevando a produção do produto no Brasil para exportação, são as principais alegações para o aumento de preço no etanol hidratado e anidro (misturado na gasolina), segundo o Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras do Estado de Mato Grosso (Sindalcool-MT) e a Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis).

No dia 14 de outubro a Petrobras anunciou a redução de 3,2% no valor do litro da gasolina nas refinarias. Conforme o presidente da Fecombustíveis, Paulo Miranda Soares, em entrevista ao Agro Olhar, a queda de fato ocorreu nas refinarias, entretanto nas distribuidoras subiu.

“Os postos não podem comprar diretamente das refinarias. Porém, a dificuldade dos postos é que há distribuidoras que compram a gasolina pura e misturam o etanol anidro, como consta na lei. Acontece que em cerca de dois meses o litro do etanol anidro nas usinas subiu em torno de 40% na região Sudeste com a entrada da entressafra por lá. Consequentemente esse aumento de preço do anidro anulou a queda do valor da gasolina. Infelizmente os postos não tiveram como segurar”, explica o presidente da Fecombustíveis.

O diretor executivo do Sindalcool-MT, Jorge dos Santos, pontua que se há uma remuneração maior no açúcar as usinas partirão para a sua produção, como é o que está ocorrendo hoje no Brasil. “Em Mato Grosso o reflexo não é maior como em outros estados, pois das dez usinas que temos em atividade hoje apenas quatro produzem etanol e açúcar. As demais somente etanol. Além disso, três usinas em breve iniciarão a produção de etanol através do milho e do sorgo e outras duas estão previstas para começar a produção do biocombustível com os grãos em 2017”.

Mato Grosso está chegando a 90% da moagem nesta safra de cana-de-açúcar. A previsão é que a produção de etanol hidratado fique entre 640 e 650 milhões de litros, enquanto de anidro 530 milhões de litros. Já a produção de açúcar deverá ficar em 370 mil toneladas.

Conforme indicador semanal do etanol anidro em São Paulo do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP), o litro nas usinas paulista saltou de R$ 2,02 para R$ 2,10 entre os dias 14 e 21 de outubro. No dia 23 de setembro custava R$ 1,88. Já o etanol hidratado saltou de R$ 1,88 para R$ 1,90 nas usinas.

Em Mato Grosso, revela o Cepea/Esalq/USP, o etanol hidratado subiu de R$ 2,02 para R$ 2,04 nas usinas no referido período analisado.

Redução de anidro na gasolina

Hoje, o percentual de etanol anidro misturado na gasolina é de 27%, conforme legislação. De acordo com Paulo Miranda Soares, diante o aumento de preço do etanol anidro a Fecombustíveis encaminhou para a Agência Nacional do Petróleo (ANP), para o Ministério de Minas e energia (MME) e para o Conselho Nacional de Política energética (CNPE) um pedido de redução da mistura no período da entressafra.

“A legislação diz que o percentual de anidro misturado na gasolina tem de ser de 18% a 27%. Solicitamos a redução dessa mistura diante esse aumento de preço do litro do etanol anidro. O ideal seria que na entressafra o percentual de anidro na gasolina caísse para 18%. Aí a diferença compensaria”, pontuou ao Agro Olhar o presidente do Fecombustíveis.