Olhar Direto

Sexta-feira, 17 de maio de 2024

Opinião

O que fazer?

A estória se repete. A indignação é generalizada. Mas a nossa capacidade de adaptação é fenomenal. Passou o momento inicial, tudo é esquecido. O caso de Brasília é o clímax inédito na história de nosso país. Muito embora o líder maior tenha dito que as imagens mostradas do governador Arruda recebendo a propina não querem dizer muita coisa e que é necessário esperar mais tempo para examinar melhor, mesmo assim, a coisa atingiu um patamar nunca antes visto. “Todo mundo” está revoltado, está estarrecido, e na capital federal os protestos perduram. Mas, por quanto tempo? Quem ainda fala no mensalão? Nos dólares na cueca, no montão de dinheiro encontrado com os aloprados do PT que pretendiam montar um dossiê contra o candidato José Serra, quem ainda se lembra disso?Assim, a tática do governador Arruda de resistir ao máximo está corretíssima. Se ele agüentar por mais algum tempo, um novo escândalo surge, o seu é esquecido e tudo volta ao normal. Ademais, ele conta, aliás, todos contam, com, além da desmemoria do povo, também com a morosidade do Judiciário. Vejam que só agora, onze anos depois, o STF aceitou a denúncia contra o senador Azeredo, do PSDB de Minas. Se até o Judiciário é lento, imagine então a lembrança do povão. E há mais: a quase totalidade dos envolvidos no escândalo do mensalão foi re-eleita; o José Arruda que, enrolado na violação (também inédita) do painel de votação do Senado, renunciou ao mandato, retornou menos de um ano depois como o deputado federal mais votado e, pouco tempo depois, como governador. Então, o que esperar?

O enredo da corrupção é sempre o mesmo. A reação é que muitas vezes difere. Na época do mensalão praticamente não houve protestos populares, agora a Câmara Distrital de Brasília está ocupada pelos estudantes. Você que lê esta coluna, se sente atordoado diante da evidência inquestionável dos fatos e se indaga o que pode fazer. Mas me arrisco a dizer que dois fatores estão eliminando qualquer possibilidade de reação. Um, a banalização do mal; o outro, a impunidade, a certeza de que o crime não será punido. O incrível é que a própria população, a maior prejudicada com a criminalidade política, com a desfaçatez absoluta, com a cretinice generalizada, já não reage mais. E o exemplo vem de cima. Nenhum dos responsáveis pelos grandes escândalos recentes – o monte de dinheiro encontrado com Roseana Sarney em sua pré-campanha presidencial de 2002, o caso Valdomiro Diniz, a propina dos Correios, que deflagrou o processo do mensalão em 2005, aqueles que foram chamados por Lula de “companheiros aloprados”, o episódio do dinheiro encontrado na cueca do assessor petista do irmão do presidente nacional do PT, enfim a lista é grande, pois bem, ninguém foi preso, ninguém sabe de nada, é como se nada tivesse existido.

Então o que fazer? Esta a grande indagação. Você que trabalha quatro meses por ano só para pagar impostos, deve refletir: o que fazer? Você que assiste bestificado a essas torcidas de futebol ensandecidas praticarem atos de vandalismo, tanto faz se o time perde, como se ganha, mas que é incapaz de levantar a voz contra um governo – nos três níveis, diga-se – que lhe tira o couro nos impostos sem lhe dar em troca saúde, educação de qualidade e segurança pública, você leitor deve (será?) estar se indagando, que futuro nos espera?

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