O período eleitoral de 2022 começou e a disputa presidencial tende a ser uma das mais agressivas que o Brasil já teve, conforme aponta a opinião de especialistas e da própria sociedade de modo geral. 

É notório o comportamento arrogante e prepotente de muitos de nossos representantes políticos e dos que exercem altos cargos públicos. Uma vez alçados ao poder, normalmente, perdem-se da identidade e do reconhecimento interno como seres simples e cidadãos comuns que deveriam estar a serviço do bem-estar coletivo. Há exceções, embora sejam em minoria. 

Desde as eleições de 2018, mais do que políticos com atitudes pautadas pela arrogância e prepotência, o que se viu foram atos de violência, em clara oposição aos princípios democráticos, da paz e da ordem social.

Uma influência extremamente desastrosa que contaminou a mente de crianças e jovens brasileiros. Inúmeros pais bolsonaristas postaram em redes sociais fotos de seus filhos fazendo o horrível gesto de "arminha" nas mãos, ensinado e propagado pelo candidato da extrema-direita à presidência da república nas eleições de 2018. Crianças são inocentes e jamais deveriam ser estimuladas por seus genitores à violência seja como for! 

Há muito caos no mundo. Exemplos claros disso são a destruição ambiental que afeta todo o planeta e também, neste momento, a guerra entre Rússia e Ucrânia, a qual ameaça a "suposta" paz mundial. 

Ao testemunhar inúmeras aberrações no comportamento de uma parte significativa da nossa sociedade dita "civilizada", constata-se quão deteriorada está a condição do estado de saúde mental e espiritual da humanidade. 

Então, intensifica-se em mim o desejo de que o amor cresça entre nós e vença o desamor e o ódio. Como disse J. Krishnamurti: "É preciso ser luz neste mundo de caos". Mas, sem interesse pelo autoconhecimento, como ser luz? 

Antes da pandemia, participei de alguns retiros espirituais Zen. Sesshin, como é chamado, significa "unificação da mente" e sua duração é de um dia a vários dias.

Sesshin transforma-se numa vivência riquíssima sob vários aspectos, em especial, em relação à interiorização e auto-observação. Respira-se atenção plena, silêncio, zelo, disciplina, totalidade, respeito e gentileza em cada passo dado dentro do templo.

Fico a imaginar como o mundo ficaria suavizado e colorido se fosse habitado por mais pessoas disponíveis a adentrarem em seu universo interior e se contagiarem pelo modo zen de viver. E se fôssemos todos educados não apenas em nível intelectual, mas também lembrados de sermos  pessoas plenamente conscientes, pacíficos e compassivos? 

Já pensou em políticos com uma visão zen, ou seja, que cumprissem seu papel na Administração Pública com atenção plena, orientados pela paz, pelo cuidado e respeito com a vida de toda uma nação? 

Estamos em um período de eleições, cada indivíduo exercerá seu direito de escolha e poderá votar em candidatos que estejam efetivamente comprometidos com o cuidado da vida. Que desejem trabalhar pela erradicação da fome, por exemplo. Como admitir em Mato Grosso, estado do rico agronegócio, a degradante fila dos ossinhos? E São Paulo, o estado mais rico da União, com milhares de moradores em situação de rua abandonados pelo poder público? E a destruição ambiental, que afeta a sustentabilidade da vida de modo geral? Como é vital neste momento elegermos candidatos que estejam comprometidos com essas agendas e com essas mudanças. 

Cada eleitor poderá ser efetivo com o seu voto e escolher candidatos que tenham um olhar compassivo para o sofrimento da população. Ações que transformam árduas realidades, sejam em qual âmbito for, nascem de seres sensíveis, conscientes e amorosos. 

O que não dá para aceitar são candidatos a cargos eletivos para o Poder Executivo ou Legislativo que estimulam a destruição ambiental, que insuflam ódio e violência na população, insensíveis ao sofrimento e às reais necessidades do povo brasileiro. 

Que nosso voto seja luz na política! Que cada eleitor descubra um candidato que manifeste em seu ser e em suas propostas eleitorais o olhar zen na política. 

Namastê! 

 
Enildes Corrêa é administradora, terapeuta corporal, professora de Yoga e orientadora de meditação e respiração consciente.