Olhar Direto

Terça-feira, 21 de maio de 2024

Opinião

Acácia Amarela, Advocacia e a Justiça

Combater a tirania e a ignorância não é tarefa fácil. Ouso dizer que os dias atuais representam um tempo perigoso para quem se aventura a glorificar o direito, a justiça e a verdade.

A injustiça institucionalizada aliada às mentiras digitalizadas e sistemáticas, as "fake news", renegam o direito para o gueto do tecnicismo irrefletido, aprisionando o operador jurídico na masmorra da necessidade de sobrevivência. Afinal, diz-se que quem não entra no jogo, não ganha. Inclusive seu ganha-pão. 

O eco das palavras de Sobral Pinto encontra a dissonância social atual. A advocacia não é profissão para covardes. Sim! No entanto, a insegurança jurídica e politicagem tornou-se tão comum que quase nada consegue mais nos espantar. Vivemos sob a tutela do injusto e do imperfeito. 

Dancemos ou não, quem toca a música está longe para sentir os seus efeitos. A desarmonia provoca ruídos, faz a família não conversar e os Irmãos não se ouvirem. A força é dissipada na discórdia, a sabedoria se esvai pelos interesses egoístas de alguns "poderosos" e a beleza se apequena na dor e no desânimo de quem aceitou que "as coisas são mesmo assim".

Não! Não podemos aceitar. Superar o pessimista conformado e o otimista abobalhado é achar o equilíbrio, colocar a vida no prumo. Gosto do perfil realista esperançoso, defendido por Suassuna. Entender onde estamos, olhar de maneira progressista, pegar nossos instrumentos e trabalhar.

Nós, obreiros da Advocacia temos uma grande construção para fazer. Nossa democracia é frágil e precisa se fortalecer sob os princípios republicanos. Não em oportunismos inconsequentes. Uma injustiça não pode justificar a outra. A virtude deve ser elevada, seja no templo doméstico, social ou estatal. 

A Advocacia em sua essencialidade constitucional é um convite ao exercício da fraternidade humana, seja na defesa incondicional da igualdade ou mesmo na luta pela liberdade, especialmente a de consciência.   

Os instrumentos tecnológicos e a evolução do direito são símbolos relevantes dessa era em que vivemos, mas também nos aprisionam. Precisamos nos questionar: será que evoluímos em humanidade ou somente em tecnologia? Essa pedra bruta tem sido trabalhada em nosso interior ou somos apenas animais conectados à internet?

A régua é um instrumento interessante. Serve para educar o Aprendiz ou para causar dor a ele, especialmente quando nas mãos erradas de um pretenso mestre. 

A grande missão da advocacia no edifício social começa em nós. Primeiro tendo consciência de que luta devemos assumir, de que condições podemos aceitar. Depois praticar a justiça sem medo de ameaças e consequências. Até que em um terceiro momento o bem se torne algo natural, flua sem esforço. Utopia para alguns, estilo de vida para outros. 

Uma música do saudoso Luiz Gonzaga, Acácia Amarela, me lembra que é possível ter uma casa bonita e bela, justa e perfeita onde poderemos nos sentir bem. Esse é o país que eu quero para minhas filhas. 

Sejamos fortes, sábios e caridosos, meus Irmãos Advogados. Talvez assim, poderemos ao final da caminhada sentirmos como aquele feliz operário da música, que encontra o aumento de salário sem luta nem discórdia, pois soube contribuir, ao menos em seu pouco, para que o mal seja submerso. 

André Luiz Barriento é advogado e professor de direito.  
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