No cerne das turbulências sociais que vivemos no Brasil, existe um mecanismo oculto, frequentemente manipulado por certos grupos, que pavimenta o caminho para a polarização exacerbada que hoje testemunhamos. Não se trata de um simples jogo do acaso, mas sim de uma orquestração deliberada que se alastra através das redes sociais, o moderno palco de influência e embate ideológico.

Essa estratégia de manipulação reflete os estudos de Solomon Asch sobre a conformidade social, um conceito psicológico que explica como as pessoas tendem a conformar-se com as opiniões do grupo para serem aceitas, mesmo que internamente discordem delas. O efeito Asch é uma comprovação de como a pressão para se encaixar pode distorcer a realidade aos olhos de um indivíduo.

Nesse jogo de influências, observamos comportamentos similares ao "efeito manada", onde indivíduos em grupo seguem uns aos outros de forma quase cega. No Brasil, algumas figuras notáveis utilizam-se de táticas similares para disseminar notícias falsas, contando com o efeito Asch para amplificar suas falsidades e recrutar seguidores, que assumem essas inverdades como verdadeiras.

Um exemplo alarmante é o de "Derren Brown: The Push", disponível na Netflix. A produção mostra como pessoas comuns podem ser induzidas a realizar atos extremos sob suficiente pressão social. Embora seja um experimento controlado, ilumina um princípio assustador da natureza humana: sob as condições adequadas, as barreiras que protegem a moral e a ética podem ser rompidas.

A gravidade desse cenário se aprofunda quando consideramos que os atores por trás dessa polarização alimentam não apenas a divisão, mas também cultivam um clima de desconfiança e antagonismo, prejudicando o debate público e o tecido social.

Como podemos, então, construir um escudo contra essas manipulações? A solução está em fomentar uma educação midiática robusta, que empodere o cidadão a navegar nas águas da informação com discernimento crítico, capacitando-o a identificar fontes confiáveis e combater tentativas de distorção.

A resistência à manipulação e a promoção de uma cultura de debate saudável são essenciais para a manutenção da democracia. Por meio do conhecimento e da conscientização, os brasileiros podem se proteger contra as armadilhas de falsos patriotas e manter-se firmes em um ambiente de pluralidade e respeito.

Enfim, perceber a teoria de Asch em ação nos alerta para os perigos da conformidade inconsciente. Cabe a cada um de nós adotar uma postura crítica diante das ondas de opinião que nos bombardeiam e investir na educação como a pedra angular para uma democracia saudável e resiliente. É tempo de despertar do transe coletivo, desafiar a maré e se manter fiel aos próprios princípios.

Para mais informações sobre os experimentos referentes à teoria de Asch, consulte:

- Solomon Asch Teoria da conformidade ao grupo, disponível em: <https://youtu.be/jBzRNkgEsKk?si=40OQKW_YFpr3sILQ>.

- Conformidade Social - O Experimento em uma sala de espera, disponível em: <https://youtu.be/luVeT1NjqbE?si=knInEH-H4sOpQqr9>.

- Derren Brown - The Push Trailer Legendado em Português NETFLIX, disponível em: <https://youtu.be/tUqnPxaf-EQ?si=pTiij_bL3SUZYtPs>.


Angelo Silva de Oliveira é controlador interno da Prefeitura de Rondonópolis/MT (Licenciado), presidente de honra da Associação dos Auditores e Controladores Internos dos Municípios de Mato Grosso (AUDICOM-MT), mestre em Administração Pública (UFMS), especialista em Gestão Pública Municipal (UNEMAT) e em Organização Socioeconômica (UFMT), graduado em Administração (UFMT) e auditor interno NBR ISO 9001:2015 - Sistemas de Gestão da Qualidade (GITE).