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Quarta-feira, 01 de maio de 2024

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parir em casa

Enfermeiras unem equipe para realizar partos em casa e devolver o 'protagonismo a mulher'

Foto: Elis Freitas

Um dos partos do Liora

Um dos partos do Liora

Quando a enfermeira obstetra Laura Padilha, 25, começou a estagiar em hospitais durante sua pós-graduação, teve a certeza que não queria assistir a partos naquele ambiente. Seu amor pelo nascimento já era antigo, mas ela sabia que queria tratá-lo de outra forma: sem intervenções desnecessárias, e com a mulher como protagonista. Assim nasceu o ‘Liora – parto em casa’, da parceria de Laura com a enfermeira neonatal Mayrene Dias, e da vontade de fazer diferente.

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“Durante a faculdade eu tive apenas um estágio sobre saúde da mulher, mas foi muito rápido. Depois, quando eu assisti ao trailer do documentário ‘O renascimento do parto’ eu fiquei muito interessada, me apaixonei pelo assunto”, conta Laura. “Percebi que o que nos passavam na faculdade era muito pouco”.

Depois deste primeiro contato, a cuiabana foi para São Paulo para fazer um curso de doula, e conta que, em quatro dias, “aprendeu muito mais do que nos quatro anos da universidade”. De volta a Cuiabá, ele decidiu fazer uma pós-graduação em obstetrícia para, legalmente, poder assistir a partos.

O primeiro parto domiciliar que ela acompanhou foi a pedido da gestante, e com ajuda de sua professora da pós. Depois disso, outras pessoas foram lhe procurar, e ela decidiu investir. “Eu lembrei da May, que foi minha colega de faculdade e fazia mestrado comigo, e que ela trabalhava na UTI neonatal. Eu até brinco que na época eu disse: cuidar de bebê saudável eu sei, preciso de alguém que saiba cuidar de bebezinhos doentes”.

Hoje, três anos depois, a equipe da Liora é formada por quatro enfermeiras, e já fez mais de 60 partos domiciliares. Além de Laura e Mayrene, Jaqueline Lima e Maria José Lima se revezam em esquema de plantão, e estão 24 horas disponíveis para as mamães.


Mayrene (esq.) e Laura (dir.) (Foto: Rogério Florentino / Olhar Direto)

Como funciona

O parto domiciliar não é indicado para todas as mulheres. Para que ele ocorra, é preciso ter uma gestação sem riscos, ou seja, que a mãe não tenha pressão alta, ou qualquer outra patologia que possa causar complicações.

Para ter essa certeza, a mãe precisa realizar todo o pré-natal tanto com as enfermeiras quanto com um médico obstetra. Na 37ª semana, a equipe da Liora também visita a casa da mulher, para saber onde será realizado o parto.

“Durante o pré-natal nós nos revezamos, e a mãe é atendida por todas, para que não haja surpresas no dia do nascimento. No parto mesmo só vão duas, e fazemos o máximo para que vão aquelas que foram escolhidas pela gestante”, explica Laura.

“As pessoas ainda tem certo preconceito, acreditam que a gente vai para o parto só com um paninho na cabeça e uma tesoura enferrujada. Não é assim. Nós temos todas as técnicas e todo o material necessário para caso aconteça alguma emergência”, explica Mayrene.

Segundo as enfermeiras, no dia do parto o obstetra da mulher também deve ficar de sobreaviso. “Nós não realizamos nenhum procedimento que não seja natural do parto. Se acontecer qualquer coisa, a mulher é rapidamente transferida para o hospital. Nós só fazemos os primeiros socorros durante essa transferência”.

Prós e contras


Reprodução / Liora

Antes de escolher e aceitar um parto domiciliar, a gestante – e sua família – têm uma longa conversa com as enfermeiras do Liora. Elas lêem todo o termo de aceitação juntas, explicando todos os riscos possíveis.

“Algumas pessoas ficam surpresas. Acham que são muitos riscos. Mas nós também apresentamos os riscos de uma cesárea, que são muito maiores. Estudos comprovam que, na cesárea, a mulher tem cinco vezes mais chances de morrer, três vezes mais chances de sofrer uma hemorragia pós-parto, e o bebê tem sete vezes mais chances de ir para a UTI neonatal”, conta Mayrene.

As enfermeiras ainda lembram que a cesariana foi criada para casos excepcionais, e que em países desenvolvidos uma das metas é aumentar o número de partos naturais. “Muitas também tem receio da dor. Mas não pensam que, depois, a dor da recuperação da cesárea é muito maior e durante muito tempo”.

Sobre os benefícios do parto domiciliar, elas são categóricas. “A mulher que pare em casa está em um ambiente onde ela se sente muito mais segura, rodeada das pessoas que ela ama e que ela quer que estejam ali, e respeitando sua fisiologia”, afirmam.

Quando está em casa, por exemplo, as mulheres não são apressadas para ‘liberar o leito’, como acontece em muitos hospitais. “Diversas técnicas que ainda são usadas em hospitais são consideradas obsoletas, como as injeções de ocitocina para acelerar as contrações”, lembra Mayrene.

Segundo as enfermeiras, a diferença na forma de assistir ao parto vem principalmente porque elas se fundamentam na ‘Medicina Baseada em Evidências’, enquanto os médicos e hospitais mais conservadores ainda se pautam em livros tradicionais.

“Nós nos preocupamos também em entregar o parto de volta para a mulher. O parto é dela, e não do médico”, afirma Laura. Por este motivo, elas fazem questão de frisar que as enfermeiras não realizam o parto, apenas o assistem ou acompanham. “A mulher faz tudo sozinha”.

Em relação ao preço, Laura afirma que ele é o mesmo de um parto humanizado feito em hospital particular. Apesar de não atenderem por convênio, elas parcelam o parto durante o pré-natal, para que não fique ‘pesado’ para as gestantes.

No próximo dia 25 de março, sábado, as enfermeiras se reúnem com gestantes – e com quem mais quiser – no Parque Mãe Bonifácia, a partir das 16h30, para uma conversa sobre amamentação.

Quem quiser conhecer mais sobre o ‘Liora – parto em casa’ pode entrar na FAN PAGE ou no SITE. Informações também pelo telefone (65) 9987-5690.
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