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Sexta-feira, 26 de abril de 2024

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Psicólogo cuiabano cria fotos para explicar a depressão e ganha repercussão nos EUA, Alemanha e Espanha

Foto: Leomax Lester

Representa transtorno de ansiedade. O Ansioso

Representa transtorno de ansiedade. O Ansioso

Quando o psicólogo Douglas Amorim, 29, publicou em suas redes sociais um projeto de fotografia que tinha desenvolvido, recebeu a ligação de uma tia. Apesar de estar orgulhosa do sobrinho, ela estava muito chateada por saber que ele estava naquelas fotos. Alguns anos antes, Douglas havia passado por um processo de depressão e, por medo e com dúvidas, não havia contado a ninguém.

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O projeto “Intimidade Depressiva - Traduzindo em imagens doenças mentais” foi criado em dezembro de 2016 e publicado em janeiro de 2017. Mais do que falar de si mesmo, Douglas queria mostrar às pessoas o que se passa na mente de uma pessoa com depressão. “Eu sabia que ia acontecer a campanha Janeiro Branco, e queria fazer algum tipo de manifestação. Vi um material que uma moça fez sobre ansiedade e gostei, mas queria algo mais artístico. Por isso, convidei o fotógrafo Leomax Lester, e juntos fizemos o projeto”, contou Douglas ao Olhar Conceito.


Douglas Amorim (Foto: Rogério Florentino / Olhar Direto)

As fotos lhe renderam muita repercussão. Compartilhadas pelo Buzzfeed Brasil, Estados Unidos, Alemanha e Espanha, além da mídia regional, seu trabalho reforçou o reconhecimento que ele já vinha ganhando nas redes sociais com o perfil ‘Um Psicólogo em Cuiabá’.

Douglas é cuiabano, sempre estudou em escola pública, e em 2006 conseguiu uma bolsa do ProUni para cursar psicologia na Univag. Sua paixão sempre foi a clínica, mas por questões de mercado ele teve que trabalhar em Recursos Humanos por seis anos.

Em fevereiro de 2016 ele decidiu que iria mudar. Deixou para trás o medo de se ‘expor’ enquanto profissional, criou a conta no Instagram para publicar seus textos, e passou a atuar somente em clínicas e dando palestras.

“Eu sempre gostei de escrever, e sempre tive essa percepção do comportamento humano. No final das contas, o Instagram me ajudou muito com a manutenção da minha clínica”, conta. Segundo Douglas, muitos de seus pacientes o encontram nas redes sociais antes de serem propriamente atendidos. “Na verdade eu fui muito criticado por isso, por colegas que me diziam que o psicólogo não podia se expor. Mas foi depois que deixei essa ideia de lado que eu consegui fazer o que eu queria, porque não existe nada no código de ética que impeça o profissional de ter uma vida online”.

O ensaio e o e-book

O projeto fotográfico idealizado por Douglas para a campanha Janeiro Branco é formado por dez fotos que representam, cada uma delas, um estado mental, como a síndrome do pânico, a ansiedade, a depressão e o embotamento afetivo (quando a pessoa já não sente mais nada).

“Meu objetivo primeiramente era a psicoeducação, ou seja, ensinar as pessoas a procurar ajuda profissional tanto para tratamento quanto para prevenção de patologias. Além disso, eu queria acolher quem se sentia daquela maneira e, principalmente, mostrar para as outras pessoas, que nunca tiveram depressão, por exemplo, como os que têm se sentem. Criar um sentimento empático”, conta Douglas.

Segundo o psicólogo, muitas vezes por medo de um comentário negativo, quem está doente se fecha. “Quem tem depressão está cansado de ouvir que é só uma coisa de sua cabeça. Está cansado de ouvir que precisa ter força de vontade. Por isso, não contam para ninguém o que sentem”.

Uma das pessoas atingida por suas fotos foi o ilustrador Guto Bastos. Carioca, ele teve acesso ao trabalho de Douglas por meio da publicação do Buzzfeed. “Ele veio me agradecer, disse que percebeu que estava em depressão e precisava de ajuda depois de ver as fotos. Eu disse para ele procurar um profissional, e depois, entrando em suas redes sociais, percebi que ele era ilustrador e propus uma parceria”, lembra Douglas.

Na metade do mês de fevereiro, então, Guto aceitou o convite e no último dia 7 de março os dois lançaram o e-book “Sem Talvez – Suas flores podem ser colhidas de vossas dores”, em homenagem às mulheres. “A ideia não foi fazer um livro para falar por elas, porque elas não precisam de ninguém que faça isso. A ideia somente homenageá-las”, explica. O e-book é composto por frases de Douglas ilustradas por Guto, mas, mais que isso, alguns textos que falam sobre ‘ela’, uma personagem que decide viver com mais certezas na vida.


Foto: Leomax Lester

O e-book está disponível AQUI, e as fotos estão na galeria do texto. Douglas atende em Cuiabá e segue a linha da psicologia cognitiva-comportamental. Ele também participa do projeto ‘Amigos do Bem’, em que atende pacientes de baixa renda por preços mais baixos. Para conhecer suas frases, basta acessar: @umpsicologoemcuiaba.
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