A família de Newton Jeronymo do Carmo Filho ainda aguarda um laudo sobre o acidente que causou a morte do servidor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), no mês de dezembro de 2021. Newton tinha 69 anos e dedicou 50 ao serviço público na Instituição. Foi lá, inclusive, que ele sofreu um acidente de trabalho e faleceu oito dias depois da internação.
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No dia do acidente, o servidor aguardava para dar carona ao chefe. Ao descer uma rampa sem corrimão, ele escorregou e caiu, conforme relato da filha, Roberta Querobim. “Ele não tinha onde se apoiar e meu pai era de idade, obeso. Ele acabou tropeçando e caiu”, lembra.
Logo depois do acidente, Newton ligou para a filha reclamando de dor no músculo. No telefonema, pediu para ser levado a uma farmácia e tomar alguma medicação. Quando Roberta chegou ao campus, havia muitas pessoas no local e ninguém havia acionado o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
Newton deu entrada no Hospital Municipal de Cuiabá (HMC) no dia 2 de dezembro. Exames identificaram fratura no fêmur direito e seu quadro de saúde piorou. Contudo, ele precisou ficar intubado. Na manhã do dia 9 ele teve uma parada cardíaca, sendo reanimado por cerca de 30 minutos. No entanto, Newton não resistiu aos ferimentos e faleceu.
“Minha indignação até hoje é que ninguém se deu ao trabalho de chamar o Samu. Meu pai tinha quase 70 anos, obvio que não queria ir para o hospital. Mas justamente por ele ser de idade, eles tinham que ter se comovido e chamado o Samu”, afirma.
“Eu chamei o Samu, nenhum funcionário chamou. O pessoal da UFMT até hoje não me deu apoio em nada. Nunca ligaram para saber se estávamos bem, quando meu pai estava internado ninguém ligou perguntando se ele precisava de algo. Pelo contrário, todas as vezes que falei com eles, foram extremamente grossos”, pontua.
A morte do trabalhador já completou sete meses e até hoje a família aguarda pelo laudo necessário para estabelecer nexo causal entre a queda e o trabalho. Como o servidor ficou internado, a Instituição não realizou a perícia e logo depois ele acabou falecendo. O resultado é necessário para aposentadoria decorrente do acidente, eventual custo de tratamento não previsto pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e reparação de danos.
“Não que isso vá trazer meu pai de volta, mas é direito nosso. Meu pai ia fazer 50 anos que estava trabalho na UFMT. Uma vida inteira trabalhando lá. Ele se dedicava muito. A UFMT para ele era algo que ele gostava muito, era a vida dele. Essa falta de respaldo é muito difícil”, lamenta Roberta.
Os meses se passaram e a UFMT disse para a filha que a responsabilidade do caso seria do Ministério de Economia. Já a pasta afirma que a UFMT deve resolver a situação. Enquanto isso, os familiares sofrem em busca de respostas. “Eu tenho crise de ansiedade. Reviver isso é muito difícil, não traz boas lembranças”.
Newton ingressou na UFMT ainda nos primeiros anos de funcionamento, em meados de 1970. Ele deixou cinco filhas e a esposa. “Meu pai morreu fazendo o que ele mais gostava, que era trabalhar, estar envolvido com política dentro da UFMT. É revoltante para a gente não ter esse respaldo dele, não ter compaixão e respeito”.
Outro lado
Procurada, a UFMT afirmou que adotou todas as providências, desde a ocorrência do sinistro, inclusive com o atendimento dos familiares para orientar sobre a documentação necessária, a fim de garantir o acolhimento e o amparo a todos os familiares.
Sobre o motivo da demora na perícia, prazo para resolução do caso e qual tipo de amparo os familiares da vítima receberam, a reportagem não obteve respostas.
