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Sexta-feira, 26 de abril de 2024

Notícias | Meio Ambiente

Poeira fina agrava nível de poluição em São Paulo

A Cetesb descobriu que a poluição da Grande São Paulo é pior do que se imaginava. Pela primeira vez, a agência ambiental reuniu dados da presença de poeira fina, quase invisível, e comparou as medições realizadas durante sete anos com os padrões que os EUA e a OMS consideram mais seguros para a saúde humana.


O ar metropolitano foi reprovado em todos os anos tanto no padrão máximo de poeira fina tolerado nos EUA, de 15 microgramas por metro cúbico, ou do valor que a OMS (Organização Mundial da Saúde) considera ideal, de dez microgramas.

Comparado com os EUA, a Grande SP chega a registrar até 48% mais de poeira fina no ar. O valor dobra quando a referência é a própria OMS.

Esse resultado significa, na prática, que, se o Estado começar a usar esses valores, o ar será considerado impróprio praticamente todos os dias na Grande SP, aponta o estudo.

A Cetesb chegou a essas conclusões ao reunir em um só relatório as medições que realizou de 2002 a 2006 em quatro pontos --Pinheiros, Cerqueira César, parque Ibirapuera e São Caetano do Sul.

O agência ambiental não inclui a poeira fina quando divulga a qualidade do ar diária porque nem o Estado nem o país estabeleceram até quanto pode ser tolerado desse poluente.

Até agora, a Cetesb avalia somente a poeira grossa, chamada MP 10, mas a fina deve ser incluída a partir de 2010, conforme estudos que vêm sendo feitos desde junho por uma comissão ligada à Secretaria de Estado do Meio Ambiente.

"Vi o estudo e concordo com tudo. Agora é oficial: aqueles reloginhos de qualidade do ar não servem para nada", diz o médico Paulo Saldiva, coordenador do Laboratório de Poluição Atmosférica da USP.

Isso porque a poeira fina é considerada hoje pela OMS como principal indicador dos danos que a poluição provoca na saúde. Com até 1% do tamanho das maiores, esse poluente é altamente agressivo por chegar diretamente aos pulmões e, dali, até a corrente sanguínea.

Estudos conduzidos pela EPA (agência ambiental dos EUA) aponta forte correlação entre mortes por doenças cardiovasculares e a concentração da poeira fina.

É que, quando chegam à corrente sanguínea, desencadeiam aterosclerose, gerando arritmias, aumento da pressão arterial, trombose venosa e infarto agudo do miocárdio.

"Considero esse estudo absolutamente importante e que pode ser extrapolado para o Brasil, mas precisamos fazer pesquisas complementares", afirma Antonio Carlos Chagas, presidente da SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia).

A gerente de avaliação de qualidade do ar da Cetesb, Maria Helena Martins, afirma que desde 2003 os índices se estabilizaram, mas continuam altos. "Temos números elevados, a poeira fina é um problema mundial, mas é uma preocupação nova", afirma.
Para combater o poluente é necessário maior controle sobre fontes industriais, reduzir o fluxo de veículos e melhorar a qualidade dos combustíveis.

A Cetesb estima que veículos sejam os principais responsáveis pelo problema, já que elementos ligados aos combustíveis representam mais de 40% da massa do poeira fina.

Enquanto as partículas maiores são normalmente produzidas pelo atrito do pneu com o asfalto, por exemplo, as mais finas são também oriundas de gases poluentes, como óxido de nitrogênio, dióxido de enxofre e amônia, após as reações químicas na atmosfera.

Para piorar, as micropartículas também duram mais tempo no ar. Por isso, quando chove pouco e a dispersão é prejudicada, sua concentração na atmosfera é maior que a de outros poluentes.
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